Que bela exortação, que belo consolo, que
injeção de ânimo, o evangelho: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi
do agrado do Pai dar a vós o Reino”.
Como nas nossas origens, vamos nos tornando
cada vez mais um pequenino rebanho; o Senhor nos vai purificando, vai fazendo
Sua Igreja, a gosto ou a contragosto, perceber que ela está no mundo, mas é
diferente do mundo: seu modo de pensar, de viver, de avaliar, de agir não pode
ser aquele do mundo.
Efetivamente, vamos nos sentindo cada vez
menos compreendidos e menos à vontade na bem-pensante sociedade atual. Somos,
enfim, um pequenino rebanho; e a nós o Senhor diz: “Não tenhais medo, pequenino
rebanho!” O Pai nos quis dar o Reino – e o Reino é o próprio Jesus, que nos
envolve de vida e nos ilumina com seu santo Evangelho! Não tenhais medo!
E, então, Jesus nos exorta: “Vendei vossos
bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não
se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque, onde está o vosso
tesouro, aí estará também o vosso coração”.
Que palavras belíssimas: O Senhor nos
convida à coragem de “vender” a vida, “vender” nossos bens – isto é,
relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso único absoluto!
Na verdade, Jesus nos convida a esperar de
verdade a Vida eterna, esperar de verdade que um dia estaremos todos em Deus
por meio de Jesus Cristo! O que Jesus hoje os pede é a coragem de viver no
mundo, mas sem ser do mundo, sem meter o nariz neste mundo de modo a perder
Deus de vista! Afinal, é tão fácil absolutizar o relativo!
Ah, irmão! Tenhamos – você e eu – a coragem
de colocar realmente o tesouro de nossa vida ali, onde a traça não corrói! A
vida é preciosa demais para perde-la com bobagens! Mas, somente veremos isto se
estivermos vigilantes, se na união profunda com Jesus pela oração, pela escuta
de Sua santa Palavra, pela fiel participação nos sacramentos, mantivermos a
saudade das coisas do Céu.
Aliás, este é uma das carências da Igreja
atual: ter quem nos fale do Céu, quem nos faça sentir desejo do Céu, saudade do
Céu!
Uma Igreja que não saiba desejar, sonhar e
se encantar com o Céu que o Senhor nos prepara, perderá de vista o mais
profundo de sua missão, errará o foco e tomará por absoluto o que é apenas
relativo – mesmo que seja coisa importante. Coisas importantes com que se
preocupar, a Igreja as tem; coisa essencial, somente Jesus, que é nosso Céu, o
Céu que o Pai nos deu!
E estejamos atentos: esta saudade do Céu,
esta sede de Deus não é uma alienação, uma fuga da realidade, mas um ver a
realidade com os olhos de Deus e, assim, ver realmente, com realismo tudo
quanto nos cerca é tudo quanto vivemos.
Por tudo isto, não temais, pequenino
rebanho: o Pai vos espera; dar-vos-á o Seu Reino. Vale a pena sofrer e suportar
contradições nesta vida; vale a pena caminhar com o Senhor, como parte do Seu
rebanho, que é a Mãe católica! Como dizia São Bernardo de Claraval, nossa vida
neste mundo é semente de eternidade!
"O Senhor nos convida à coragem de “vender” a vida, “vender” nossos bens – isto é, relativizar tudo – para fazer de Deus o nosso único absoluto!"
ResponderExcluirNa presença dos Anjos,
eu Vos louvarei Senhor.
http://www.youtube.com/watch?v=qygE--VnkUo
A paz esteja convosco, Dom Henrique.
=)
Lendo essa linda reflexão de Dom Henrique, eu me lembrei da vida de muitos santos que eram de famílias ricas e depois pegaram toda a sua herança e distribuirão com os pobres. Esses santos fizeram isso, porque colacaram toda sua confiança em Deus, portanto, peçamos a Jesus que nos ajude a sermos coerentes com o seu santo evangelho.
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