sábado, 9 de novembro de 2013

A Ressurreição, nossa esperança!

2Mc 7,1-1.9-14
Sl 16
2Ts 2,16 – 3,5
Lc 20,27-38

Estamos já próximos do final do Ano Litúrgico. De hoje a 15 dias, estaremos celebrando a Solenidade de Cristo-Rei, que marca o final do ano da Igreja. Pois bem, a Liturgia vai nos educando, irmãos amados, fazendo-nos pensar no fim de nossa vida – fim que nos obriga a nos perguntar pelo sentido da nossa existência e pelo que estamos fazendo dela. Neste sentido, tivemos a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis Defuntos... E hoje a Liturgia fala-nos da ressurreição.

O Evangelho nos apresenta uma disputa entre Jesus e os saduceus, que não acreditavam na ressurreição. O Senhor confirma: há, sim ressurreição! Os mortos ressurgirão, mas de um modo que nós não podemos descrever nem imaginar: “Os que forem julgados dignos da ressurreição dos mortos e da vida futura, nem eles se casam nem elas dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram”. Em outras palavras: estaremos em tal comunhão com o Deus da vida, em tal proximidade Dele – como os anjos – que, a morte nunca mais nos poderá atingir: nem a morte física, nem a morte da dor, nem a morte da tristeza, do medo, da saudade, nem a morte do pecado! Como diz o Salmista: “Eu verei, justificado, a Vossa face e ao despertar me saciará Vossa presença!”

Caríssimos, quando a Escritura fala em ressurreição, não está pensando simplesmente em voltarmos a esta nossa vida, deste nosso modo atual, somente que habitando no céu... De modo algum! Nós seremos glorificados em corpo e alma! Ressuscitar é receber em todo o nosso ser a vida de Deus, que Cristo, o primogênito dentre os mortos, nos conquistou e já derramou em nós no batismo. Semente dessa vida é o Espírito Santo vivificador – o mesmo em Quem o Pai ressuscitou o Filho Jesus! É Jesus Quem nos ressuscita, Ele que disse a Marta: “Eu sou a Ressurreição!” (Jo 11,25) É somente Nele e por causa Dele que esperamos vencer a morte! Na primeira leitura deste Domingo escutamos, impressionados, o testemunho dos sete irmãos, filho de uma corajosa mãe viúva, que incentiva seus filhos a entregarem a vida por amor da Lei de Deus. Donde lhes vinha tanta coragem? Donde, tanta disponibilidade para serem fiéis até o fim? Da certeza de que ressuscitariam: “Prefiro ser morto pelos homens tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará!” – disse um deles. E o outro, pensando na ressurreição da carne, afirmou sem medo: “Do Céu recebi estes membros; por causa de Suas leis os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo!” Vede, meus caros, o quanto a certeza da vida eterna muda nosso modo de enfrentar os revezes da vida. A este propósito, poderíamos perguntar: Tanta frouxidão na nossa fé, tanto relaxamento nos nossos costumes, tão pouca seriedade na prática da religião, tanta condescendência com os vícios, a comodidade e a tibieza, não seriam causados por uma fraca e sem convicção fé na ressurreição, na vida eterna?

E, no entanto, a nossa esperança é firme: fomos criador para Deus, para Deus estamos a caminho... Um dia morreremos, terminará nosso caminho neste mundo tão incerto. E, imediatamente após a morte, em nossas almas, estaremos diante do Cristo, nosso Salvador e Juiz. Se tivermos sido abertos ao Seu Espírito Santo, se Lhe tivermos sido realmente fiéis, Ele, nosso Senhor, no Seu abraço eterno, glorificará com o Seu Espírito Santo a nossa alma e, então, estaremos para sempre com o Senhor, onde ninguém mais vai sofrer, ninguém mais chorar, ninguém vai ter saudade, ninguém mais vai ficar triste. No final dos tempos, quando Cristo nossa vida, glorificar todo o universo, também nossos pobres corpos ressuscitarão, pela força e ação do mesmo Espírito Santo vivificador, que o Senhor tem em plenitude. Assim, em todo o nosso ser, corpo e alma, estaremos para sempre com o Senhor! Eis por que somos cristãos, eis por que temos esperança! Eis por que queremos viver com retidão, sobriedade, abertura de coração para os irmãos e santo temor em relação a Deus. É o que exprime São Paulo na segunda leitura: “Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações e vos confirmem em toda boa ação e palavra. O Senhor dirija os vossos corações ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo!”

Caríssimos, em Cristo, se fomos criados para Deus, para a comunhão com Ele no céu, tenhamos, no entanto, o cuidado de não o perdermos para sempre no inferno. O inferno existe, é real e pode ser nossa miserável herança! Pode dar-se que, logo após a minha morte, não exista nenhum comunhão com o Cristo que é Vida, mas somente o “Apartai-vos de mim, malditos! Não vos conheço!” E nossa alma caia na eterna tristeza, na depressão sem fim, que devora, como verme e queima como fogo! Não aconteça que, no fim dos tempos, também nosso corpo tenha de padecer também este triste destino!

Eis, amados em Cristo, que o Senhor nos adverte! Procuremos, pois, viver de tal modo, que possamos ser considerados dignos de viver para sempre com ele. Para isso, pautemos nossa vida pelo amor e obediência ao Senhor. Assim poderemos dizer como o Salmista, tendo os olhos fixos em Cristo nosso Deus e nossa vida: “Os meus passos eu firmei na Vossa estrada,/ e por isso os meus pés não vacilaram./ Eu Vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,/ inclinai o Vosso ouvido e escutai-me!/ Protegei-me qual dos olhos a pupila/ e guardei-me, à proteção de Vossas asas./ Mas eu verei justificado a Vossa face/ e ao despertar me saciará Vossa presença!” Que o Senhor que tudo pode confirme a nossa esperança. Amém.




Um comentário:

  1. Bem Dom Henrique, depois de cumprir o Mandamento direitinho de "Guardar os Domingos", ir a Missa (com todo maior prazer), logicamente, cá estou...

    Bem, a Ressurreição é um dos mistérios que percebo mais difíceis na fé da maioria dos cristãos, por mais que o Credo diga: "Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na Remissão dos Pecados, na Ressurreição da carne, na Vida Eterna, Amém"
    No Velho Testamento, vemos a Ressurreição.
    No Novo Testamento vemos a Ressurreição.

    "Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada.
    "Tirem a pedra", disse ele.
    Disse Marta, irmã do morto: "Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias".
    Disse-lhe Jesus: "Não falei que, se você cresse, veria a glória de Deus?"
    João 11

    Sem fé é impossível agradar a Deus...
    Pois eu Creio Jesus, eu creio firmemente que vencestes a morte com o tamanho do Amor que sentiste por mim, por meu irmão, por meu vizinho, por Dom Henrique, por todos...

    A Paz de Cristo.
    =)

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