Juliano:
Então, vamos lá: segundo vocês, Deus criou tudo
perfeito, mas não pleno. Essa Plenitude seria um caminho que o homem e toda a
criação teriam de fazer, um dom que Deus daria mais adiante.
Teófilo:
Isto mesmo! Basta ver o relato da criação no Gênesis:
a plenitude não está no início... Vai aumentando, vai dirigindo-se para um
misterioso “descanso” de Deus, do Deus que não Se cansa nunca, como diz o Salmo
120/121! A plenitude de Vida que Deus daria está simbolizada na Árvore da Vida,
para a qual Deus fechou o caminho, por causa da presunção o homem de querer ser
pleno do seu modo: decidindo por si, de modo soberbo o que é bem e o que é mal!
É este o sentido daquele belíssimo conto do Gênesis! O homem vive procurando
essa Árvore, esse Fruto, essa vida! Procura no poder, no sexo, nos mil
prazeres, nos bens materiais, no sucesso, nas pessoas... E nada, nada de
encontrar o caminho para a Árvore, nada de roubar o fruto! Deus fechou o
caminho! Comer o Fruto é dom de Deus! Nunca será presunção humana! Lembra? Até
em Babel o homem tentou chegar à Vida de Deus com suas próprias forças! Bicho
teimoso, o homem! E só construiu
“confusão”. É este o sentido de “Babel”, as de ontem e de hoje!
Juliano:
Ainda não sei onde esta história via dar... Mas, é
inteligente, é interessante! Quando se compreende bem, se vê que toca a
essência mesma da história e dos sonhos humanos!
Mas, continuando, para ver se compreendi bem: para
levar o homem e toda a criação à Plenitude e para dar-lhes o perdão do pecado
da presunção original, Deus enviou Deus: o Pai enviou o Filho para que o Filho
“turbinasse”, transfigurasse, plenificasse, tudo com a Vida divina, com a
Plenitude! E esta Plenitude é Deus mesmo, chamado Espírito Santo! Isto? Fica
engraçado: Deus enviou Deus para nos dar Deus! Ou: o Pai enviou o Filho para
dar o Espírito! É isto?
Teófilo:
Perfeito! Mas, atento: só há um Deus, não dividido,
não multiplicado, Eterno, Infinito, Santo! E no entanto o Pai que envia não é o
Filho enviado que, por Sua vez, não é o Espírito derramado em nós!
Juliano:
Em todo caso, pelo que compreendi até agora, a
finalidade de toda esta história seria, então, dar a Vida, a Plenitude, a
Energia de imortalidade, de felicidade, de bênção, de paz... E isto tudo é esse
Espírito Santo... Compreendi bem?
Teófilo:
Perfeitamente!
Juliano:
E por que escuto falar tão pouco desse Espírito Santo?
Porque se é como você me diz, Ele é central, absolutamente indispensável, para
essa Salvação, essa Plenitude! Por que os cristãos só dizem que Jesus salvou
tudo e pronto? Eu nem sabia que era preciso esse Espírito Santo para a
Salvação... Ao menos não pensei que fosse indispensável deste modo!
Teófilo:
Isto mesmo! Infelizmente, a catequese dos cristãos
sobre o Espírito Santo é muitíssimo deficiente! Por isso tantos mal-entendidos
sobre o sentido último do cristianismo! Lembro agora de uns primeiros cristãos
de Éfeso, que diziam: “Nós nem sabemos que há um Espírito Santo!” Está lá, nos
Atos dos Apóstolos!
Mas, ainda não chegamos lá, no centro! É preciso dar
ainda alguns passos! Aí chegaremos no “x” da questão!
Concordo com Dom Henrique, quando fala que a nossa catequese é bastante deficitária.
ResponderExcluir