VI dia da Quaresma – V dia de
penitência
Surpreendente, a Palavra do
Senhor que a Igreja hoje nos faz ouvir como leitura da Missa (cf. Lv 19,1-18).
Primeiro, a exortação geral,
basilar: “Fala a toda a Comunidade dos
filhos de Israel, e dize-lhes: Sede santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou
Santo!”
Observe, meu Irmão: trata-se
de um preceito dado a Israel, o povo de Deus; somente a Israel. É Israel o povo
amado, o povo escolhido, o povo da Aliança sagrada.
Hoje, este povo somos nós, batizados
em Cristo, membros do novo Povo de Deus, que é a Igreja, Israel do novo
Testamento. Pois bem, a palavra dirigida solenemente a Israel é plenamente
válida para a Igreja, Povo Santo de Deus!
O que diz o Senhor?
Primeiro: “Eu sou Santo!”
“Santo”, nas Escrituras,
significa “separado”, o que “totalmente diferente”, “totalmente outro”. Assim,
Deus é Santo e, porque Santo, totalmente reto, totalmente alheio a toda marca
de fragilidade, iniquidade, fraqueza no Seu Ser ou no Seu agir. Ele é
totalmente diverso de tudo quanto possamos imaginar; Sua ação nos ultrapassa,
Suas obras estão muito para além da nossa compreensão, Seu Ser é envolto na
Glória do Mistério, do Silêncio, de uma treva luminosa e de uma luz tenebrosa!
Ele é Santo, Santo, Santo! Ele é grande demais, sábio demais, demais para além
de tudo! Numa palavra – e não há outra melhor: Ele é Santo!
Segundo: “Sede santos!”
Se santo é tudo quanto acima
foi explicado, é surpreendente a ordem do Altíssimo! Pode, por acaso, o homem,
pó que o vento leva, ser santo? Pode aquele que já foi concebido no pecado (cf.
Sl 51/50,7) ser “outro”, diverso, separado em relação ao mundo e suas mil
contradições? O homem é carne, é erva, é pó que o vento leva (cf. Is 40)... E o
Eterno ordena ao Seu povo: “Sede santos!” E esta ordem vale para mim e para
você, meu Irmão...
Terceiro: “Porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo!”
Aí está a raiz da nossa
santidade: a santidade de Deus! Porque Ele é Santo e Ele escolheu Israel e nele
infundiu a Sua graça, Israel pode participar da santidade de Deus, pode
recebê-la, pode ser santo da santidade do Santo!
Isto mesmo vale para nós,
membros da Igreja, Israel de Deus: em Cristo, nosso Senhor, habita toda a
santidade, na Sua humanidade santíssima, plena de Espírito Santo, está toda a
santidade de Deus; melhor ainda: Ele mesmo, na Sua humanidade, é o Deus Santo
de Israel! É unindo-nos a Ele pela escuta da Sua palavra e o mergulho nos Seus
santos sacramentos que recebemos a Sua santidade que, em última análise, é o
próprio Espírito Santo e Santificador!
Este Espírito em nós, porque
Espírito de Cristo, dá-nos os sentimentos de Cristo, o pensamento de Cristo, as
atitudes de Cristo, a Vida de Cristo! Assim, para um cristão, ordenar: “Sede
santos” é o mesmo que dizer: “Agi segundo o Espírito Santo, deixai-vos por Ele
guiar, por Ele inspirar, por Ele dirigir; Ele vos transfigurará em Cristo
Jesus, de modo que direis: Já não sou eu quem vive, é Cristo que vive, que age,
que fala em mim!
Aqui, façamos uma pausa para
algumas perguntas:
Ser santo é ser inundado pelo
Espírito de Cristo, recebido nos sacramentos... Tenho, realmente, deixado me
conduzir pelo Espírito e segundo o Espírito do Senhor Jesus?
O cristão é “separado”,
“consagrado” na verdade de Cristo – “Consagra-os
na verdade; a Tua Palavra é a verdade” (Jo 17,17). Assim, seu modo de ser,
de pensar e de agir é “separado” do que é mundano, do que é estranho a Cristo.
Olhe sua vida: é assim que você tem vivido? Em outras palavras: você vive na
esfera de Cristo ou na esfera do mundo? Atenção, que aqui não pode haver meio
termo: “A Minha escolha os separou do
mundo. Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo! Se fôsseis do mundo, o
mundo amaria o que era seu...” (Jo 15,19; 17,16)
Mas, há ainda uma outra
mensagem na leitura de hoje: o Senhor liga, empenha a Sua santidade, ao
respeito pelo fraco, o pobre, o desvalido! É impressionante:
“Não furteis, não vos enganeis, profanando o Meu Nome.
Eu sou Santo! Não explores o teu próximo, não amaldiçoes o surdo, não ponhas
tropeço diante do cego. Eu sou Santo! Não cometas injustiça, não sejas um
maldizente entre o teu povo. Não calunies o teu próximo. Eu sou o Senhor! Não
tenhas no coração ódio contra o teu próximo; amarás o teu próximo. Eu sou o
Senhor!”
Compreende esta lógica,
Irmão? Proclamar que o Senhor é Deus – o único Deus! -, proclamar e viver a Sua
santidade, exige absolutamente que meu comportamento em relação aos irmãos seja
o tempo todo sujeito ao olhar o Altíssimo!
É impossível adorar o Deus
Santo sem honrar a imagem de Deus – imagem que resplandece na Face do Cristo
imolado e ressuscitado (cf. 1Cor 4,4-6) – presente em cada ser humano, seja ele
quem for, tenha ele feito o que fizer...
Assim, quando vier a raiva do
irmão, recorda: o Senhor teu Deus é Santo! Respeita o irmão!
Quando o desejo de vingança,
a maledicência, o rancor, a inveja, a ira quiserem corroer teu coração,
envenenando-o contra teu irmão, recorda-te: o teu Deus é o Senhor! Ele é Santo!
Olha Jesus, pensa em Jesus, repousa o teu coração em Jesus, aprende de Jesus:
Nele e Dele irradia a santidade do Senhor Deus!
Reza, aproxima-te dos
sacramentos, para receberes a santidade do Eterno, que veio a nós em Jesus
nosso Senhor e Se nos dá no Seu Espírito Santo e Santificante!
Pense nestas coisas e, à luz
delas, repense a sua vida... É Santo o Senhor nosso Deus!
Reze o Salmo 99/98. Aí, três
vezes se proclama: “Ele é Santo! Ele é
Santo! O Senhor nosso Deus é Santo!” (vv. 3.5.9)
Linda mensagem essa de Dom Henrique, por isso devemos fazer a vontade de Deus, perdoando, amando, fazendo caridade, rezando, vivendo os sacramentos, vivendo a palavra de Deus, etc. Que o bom Deus nos ajude a sermos bons cristãos.
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