XIII Dia da Quaresma – XI de penitência
Mais uma vez a liturgia quaresmal nos apresenta uma
oração: aquela de Daniel (cf. Dn 9,4b-10). O Profeta reza pedindo perdão e
misericórdia para o povo exilado em Babilônia, distante da Terra Santa,
escorraçado da Face do Senhor! Israel perdera tudo: a terra, o Templo, o culto,
o Rei descendente de Davi, Jerusalém, a Cidade Santa! Tudo perdido, porque
quando se perde a amizade do Senhor, quando se rompe com Ele, tudo o mais que
Dele falava, perde o sentido, deixa de ter uma razão de ser... O pecado, Irmão, tem isto de grave, de tremendo, de pavoroso: exila-nos do Senhor, afasta-nos da Sua Face bendita! Mas, viver longe Dele é viver uma vida morta, é vida de morte, vida de perdição! É somente o Senhor Deus a Vida da nossa vida, a Vida que vivifica a nossa existência! Somente a Vida divina (zoé) vivifica de verdade nossa vida biológica (bios) e nossa vida psicológica (psiché)! É a amizade com o Eterno que nos dá a Vida verdadeira!
O pecado nos joga no exílio da morte! "Vê que eu hoje te proponho a Vida e a felicidade, a Morte e a desgraça. Se o teu coração se desviar e não quiseres escutar, eu vos anuncio hoje que certamente perecereis!" (Dt 30,15.17)
O pecado nos joga no exílio da morte! "Vê que eu hoje te proponho a Vida e a felicidade, a Morte e a desgraça. Se o teu coração se desviar e não quiseres escutar, eu vos anuncio hoje que certamente perecereis!" (Dt 30,15.17)
A súplica de Daniel antes de tudo reconhece a justiça
de Deus: Ele é reto, Seus preceitos são santos, Sua fidelidade é para sempre,
Sua misericórdia é sem fim. Mas, Ele é o “Deus
grande e terrível”: não se pode brincar com Ele, não se pode
desrespeitá-Lo! Não fica impune aquele que se afasta do Senhor, aquele que faz
pouco de Seus preceitos! A oração da Daniel acusa o Povo de Israel, não o
desculpa, não é cínica, não se mascara com um pretexto falso de misericórdia
que esconde a verdade do Senhor!
O Senhor é misericordioso, mas não tolera o pecado e exige a conversão do pecador: “Eu não quero a morte do pecador, mas que ele se converta e viva!” (Ez 33,10).
O Senhor é misericordioso, mas não tolera o pecado e exige a conversão do pecador: “Eu não quero a morte do pecador, mas que ele se converta e viva!” (Ez 33,10).
Não esqueça, Irmão: o perdão que restaura a amizade com o Senhor e dá a Vida
divina provém do arrependimento sincero e do propósito de se fazer um caminho
de conversão!
Acuse-se a si mesmo diante de Deus, Irmão pecador!
Acusemo-nos: você e eu! Todos precisamos de arrependimento, de perdão!
Acusemo-nos: você e eu! Todos precisamos de arrependimento, de perdão!
Bata no peito como
o publicano: “Meu Deus, tem piedade de mim, pecador!” (Lc 18,13)
Lembre: é Deus Quem nos justifica pelo Seu Filho Jesus, por nós morto e ressuscitado! quão alto, quão caro o preço da nossa justificação; precisamente porque, sozinhos, não nos podemos justificar!
Nós, se
ousarmos querer nos justificar diante Dele, como o fariseu, nunca seremos
justificados!
Estejamos atentos às palavras do Salmista (cf. Sl 32/31):
Estejamos atentos às palavras do Salmista (cf. Sl 32/31):
“Feliz o homem cuja ofensa é absolvida, cujo
pecado é coberto.
Feliz o homem a quem o Senhor não atribui seu erro, e em cujo
espírito não há fraude!
Enquanto calei, meus ossos se consumiam, o dia todo
rugindo, porque dia e noite a Tua mão pesava sobre mim;
meu coração tornou-se
um feixe de palha em pleno calor do verão.
Confessei a Ti meu pecado, e meu
erro não Te encobri;
eu disse: ‘Vou ao Senhor, confessar meu pecado!’
E Tu
absolveste o meu erro, perdoaste o meu pecado!”
Atenção para a advertência
do Senhor, o Santo de Israel, o mesmo Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo:
“Vou instruir-te, indicando-te o caminho a
seguir,
com os olhos sobre ti, Eu serei teu conselheiro.
Não sejas como o
cavalo ou o jumento,
que não compreende nem rédea nem freio!”
Hoje, quando o homem se julga o centro de tudo, já não
mais aceita submeter-se ao juízo de Deus, mas arvora-se em senhor do bem e do
mal, subvertendo até mesmo os preceitos do Senhor Deus!
No entanto, o Santo
adverte:
“Ai dos que ao mal chamam bem e
ao bem mal,
dos que transformam as trevas em luz e a luz em trevas,
dos que
mudam o amargo em doce e o doce em amargo!
Ai dos que são sábios aos seus
próprios olhos e inteligentes na sua própria opinião!
Com efeito, eles
rejeitaram a lei do Senhor dos Exércitos, desprezaram a palavra do Santo de
Israel!” (Is 5,20-21.24b)
Irmão, o centro não sou eu,
não é você,
não é o homem,
esse que veio do pó, e, deixado a si próprio, ao pó voltará!
não é você,
não é o homem,
esse que veio do pó, e, deixado a si próprio, ao pó voltará!
O centro é
Deus, que nos salva, por misericórdia, em Jesus Cristo!
Quão triste alguém, de
tão cego, de tão torpe, de tão presunçoso, acusar o Altíssimo, impugnar o
preceito do Senhor para se justificar a si próprio!
Que miséria, o homem querer
converter o Senhor a si próprio, ao invés de se converter ele, pó que o vento
leva, ao Senhor, o Deus Vivo e Vivificador!
“Raça de víboras! Quem
vos ensinou a escapar da ira que está para vir? Produzi fruto digno de
arrependimento e não penseis que basta dizer: ‘Temos por pai a Abraão!’” (Mt
3,7s)
Cuidado, Irmão!
Que não juntemos ao pecado o cinismo
à fraqueza, a impenitência,
à queda, a desculpa esfarrapada que procura a
própria justificação em si mesmo!
Repitamos hoje, você e eu, as palavras da Igreja de Rito
Bizantino, que suplica, humilde e realista, esperançosa e confiante:
“Ó Salvador, não desprezes o Teu servo,
cativo da preguiça e do pecado,
mas desperta meu coração para a penitência;
faze de mim, Senhor, um trabalhador da Tua vinha,
dando-me o salário da décima primeira hora
e a graça da salvação!”
Sim! O Senhor nos livre da preguiça de não querer
reconhecer nosso pecado, preguiça de deitar-se na nossa pecaminosidade, fazendo de conta que não estamos pecando!
Que o Senhor desperte nosso coração para a penitência,
isto é, a conversão!
Que Ele, sem merecermos, nos dê o salário dos operários que
chegaram por último e, por misericórdia, receberam o prêmio gratuito de quem
trabalhou o dia inteiro!
Pense nisto, Irmão!
Reconheça o seu pecado, Amigo!
Confesse-o pelo Sacramento da Penitência,
ó pecador amado por Deus!
ó pecador amado por Deus!
Bonita e sábia mensagem essa de Dom Henrique. Com certeza o pecado é terrível, é o grande inimigo do homem. E por incrível que pareça, todos nós temos pecados, temos limites. Por isso peçamos a Deus que nos ajude na nossa conversão. O Senhor é bom e com certeza quer o melhor para nós.
ResponderExcluir