domingo, 20 de abril de 2014

Retiro Quaresmal - A Paixão segundo Mateus (13)

Tríduo Pascal: Sábado Santo – XL e último Dia de Penitência
 Mt 27,57-61


57Ao entardecer, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. 58. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. 59.   José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo 60e o colocou num túmulo novo, que mandara escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra na entrada do túmulo e retirou-se. 61Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente ao sepulcro

Comentando:

É já o entardecer da sexta-feira para o sábado. Recorde, meu Leitor: para os judeus era já o descanso sabático e, naquele ano 30, a festa da Páscoa. Naquele início de noite, eles iriam comer a Páscoa. Ah, se os judeus soubessem: a Páscoa deles naquele ano teria diante do Senhor Deus de Israel um sentido totalmente novo: era uma Páscoa já cumprida, uma Páscoa que já nem deveria ser celebrada, pois o Cordeiro pascal já havia sido definitivamente sacrificado: “Cristo, nosso Cordeiro pascal foi imolado!” (1Cor 5,7) Os ázimos, agora, diante de Deus, já não seriam mais aqueles pães, mas o fiel de Cristo, totalmente renovado pelo sacrifício pascal do Senhor Jesus (cf. 1Cor 5,6-8).

Era o início de sábado dos judeus. Os corpos não poderiam de modo algum permanecer na cruz: seria uma profanação do dia santo! Por isso José de Arimateia vai ligeiro a Pilatos pedir o corpo, como alguém da família. E era da família, pois todo discípulo é membro da nova família do Senhor, como ele mesmo dissera (cf. Mc 3,33-35).
Atenção, aqueles que desejam ideologizar o Evangelho, aqueles que falsificam a Palavra de Deus em nome de torpe sociologia, aqueles que afirmam que os ricos não têm salvação: é um rico, José de Arimateia, quem tem coragem de ir a Pilatos e pedir o corpo do Senhor; é um rico que cede generosamente seu próprio túmulo para que o Senhor seja nele sepultado!
Bendito José! Se soubesse que do seu túmulo brotaria a Vida! Se suspeitasse que ali, naquele cavado rochoso, o Deus que tirara tudo do nada, que chamara Abraão, nosso pai, que abrira o Mar e libertara Israel, iria realizar a maior e mais definitiva de todas as Suas maravilhas: iria ressuscitar o Filho Precioso! Mas, não sabia! Desse José de Arimateia, nosso irmão bendito, ficou somente essa bela ação na memória da Igreja: ele cedeu seu túmulo ao nosso Salvador! Que Deus o recompense por toda a eternidade, São José de Arimateia!
E quanta delicadeza de José: toma o corpo e o envolve num lençol limpo. Esse lençol é o que ficará conhecido como sudário. Na verdade, o nome “sudário” é inadequado. Sudário realmente é um pequeno lenço quadrado para absorver o suor Segundo João, além do lençol, colocaram um sudário no rosto do Senhor (cf. Jo 20,7).

Depositam o corpo do Senhor no túmulo. Jesus estava realmente morto: Pilatos autorizara sua retirada da cruz, José de Arimateia colocara o cadáver no túmulo e iria lacrá-lo. Jesus morrera de verdade! O cadáver Daquele que é a própria Vida agora é consumido pela morte... A alma humana Daquele que é a fonte de todo ser vivente agora repousa, inerte e impotente, no sono da morte, na mansão dos mortos, ali onde toda a humanidade permanece atolada: na situação de morte, de perda da vida que é Deus! “A morada dos mortos não Te louva, a morte não vai cantar-Te hinos. Quem baixa à sepultura não mais espera Tua fidelidade” (Is 39,18). Eis a triste situação da humanidade ante a morte, eis a situação do nosso Salvador! Só o Pai pode agora pronunciar a última palavra sobre tão grande desastre. O Filho confiou ao Pai a Sua causa, entregou ao Pai o Seu Espírito...
O Pai calou-se naquele Jardim da Quinta-feira, calou-se na dor tremenda da Sexta... Ainda no Sábado permaneceu silencioso...
– “Ouve, Senhor, a Minha voz. Eu clamo, tem piedade de Mim! Responde-Me! Meu coração se lembra de Ti: “Buscai minha Face”. Tua Face, Senhor, Eu busco. Não Me escondas Teu Rosto, não rejeites com ira o Teu Servo. És Meu auxílio, não Me deixes, não Me abandones, Deus Meu Salvador” (Sl 26,7-9).


E a Madalena, exemplo de discípulo, sempre ali: seguiu Jesus em todo o Seu caminho, perseverou ao pé da cruz e, agora, com a outra Maria, a esposa de Alfeu, mãe dos irmãos de Jesus, observam tudo, sentam-se diante do sepulcro... Elas viram Jesus morrer, viram o lugar onde Seu corpo fora depositado... Elas podem atestar que Ele morreu realmente e podem garantir onde o corpo havia sido colocado... Desde que encontraram Jesus, nunca mais O deixaram... Benditas mulheres! Que roguem por nós!



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