sábado, 19 de abril de 2014

Retiro Quaresmal - A Paixão segundo Mateus (10)

Tríduo Pascal: Sábado Santo – XL Dia de Penitência
Mt 27,27-31

27Em seguida, os soldados do governador levaram Jesus ao pretório e reuniram todo o batalhão em volta Dele. 28Tiraram-Lhe a roupa e O vestiram com um manto vermelho; 29depois trançaram uma coroa de espinhos, puseram-na em Sua cabeça, e uma vara em Sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e zombavam, dizendo: “Salve, rei dos judeus!” 30Cuspiram Nele e, pegando a vara, bateram-Lhe na cabeça. 31Depois de zombar Dele, tiraram-Lhe o manto vermelho e O vestiram com Suas próprias roupas. Daí O levaram para crucificar.

Comentando:

Por que estes escárnios contra Jesus? Como já expliquei antes, a flagelação tal como João a descreve tinha o preciso objetivo de amolecer o coração dos chefes judeus e da multidão com o intuito de evitar a condenação à morte. Mas, diante do fracasso do plano de Pilatos e agora que Nosso Senhor fora condenado à morte, por que esses escárnios?
Primeiro: O Senhor agora encontra-se sob o poder romano. São os soldados romanos quem escarnecem. Geralmente, os romanos flagelavam antes de crucificar para minarem a resistência do condenado e, assim, abreviar o tempo da crucifixão acelerando a morte. Jesus já fora açoitado antes (cf. Mt 27,26).
Observe, meu Leitor, que já não se trata de açoites, mas simplesmente de galhofa, de zombaria: se ele é rei, então recebe tratamento real: um manto vermelho, certamente tirado do uniforme de algum soldado romano, uma coroa real de espinhos, uma cana por cetro e as saudações zombeteiras...

São Mateus, São Marcos e os primeiros cristãos em geral, viram em toda essa triste sequência o cumprimento do Salmo 21/22. Nos v. 13-14.17, o justo oprimido afirma: “Rodeiam-Me touros numerosos, cercam-Me touros de Basã. Escancaram contra Mim a sua boca como um leão que dilacera e ruge. Um bando de cachorros Me rodeia, assalta-Me uma corja de marginais”...

Nunca devemos esquecer esta realidade tão misteriosa: o plano tão belo, tão sublime de Deus a nosso respeito, o Seu desígnio de amor, vida e paz pensado antes da fundação do mundo, passa, de um modo cru, grotesco e escandalizador, pela dor física, pela humilhação moral, pela escuridão espiritual do Filho amado!

Compreenda, Leitor: o desígnio do Senhor a nosso respeito concretiza-se na dureza vertiginosa da vida, da minha vida, da sua vida. Como aconteceu na existência humana do Salvador, assim também na nossa! Que tremendo Mistério!


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