11Quando foram embora, alguns da
guarda entraram na cidade e comunicaram aos sumos sacerdotes o que tinha
acontecido. 12Reunidos com os anciãos, deliberaram dar bastante dinheiro aos soldados;
13e instruíram-nos: “Contai o seguinte: ‘Durante a noite vieram os discípulos
Dele e O roubaram, enquanto estávamos dormindo’. 14E se isso chegar aos ouvidos
do Governador, nós o tranquilizaremos, para que não vos castigue”. 15Eles
aceitaram o dinheiro e fizeram como lhes fora instruído. E essa versão ficou
divulgada entre os judeus, até o presente dia.
Comentando:
É gritante o contraste entre a alegria das mulheres pelo anúncio
do Anjo e pelo encontro com o próprio Senhor ressuscitado e o cinismo dos
sinedritas. Não creram em Jesus e, ainda agora, refutam-se a pensar seriamente
no fato que acabara de lhes ser contado. Entre a conversão e o cinismo,
preferem o segundo e subornam a guarda.
Portanto, duas possibilidades. Se o cadáver de Jesus foi roubado
pelos discípulos, tudo continua como antes: o Nazareno era apenas um impostor,
um profeta iludido, um messias falso. E, neste caso, os discípulos seriam uns
doentes, incapazes de aceitar a realidade, apegados a uma ilusão absolutamente
absurda. Aqueles discípulos não passariam de farsantes e falsários!
Por outro lado, se realmente Jesus ressuscitara, então tudo
muda, absolutamente!
Neste caso – incrível!!! – Ele é o Messias do Deus de Israel,
Nele as promessas do Senhor Deus se cumpriram!
Mais ainda: chegaram os últimos tempos e a Morte foi vencida
definitivamente!
Era mais cômodo para o Sinédrio a primeira versão, a do roubo do
cadáver... E até o presente dia, para o povo de Israel, Jesus não é o Messias,
não ressuscitou... É um fato misterioso e impressionante: o Povo de Deus da
Antiga Aliança rejeitou o Messias que o Senhor lhe prometera e pelo qual tanto
esperara! Eram os chefes – sobretudo o Sumo Sacerdote – que deveriam reconhecer
oficialmente o Messias. Não o fizeram, em nome de todo o Israel. E todo o judeu
que aceite Jesus, ainda hoje, tem que romper com o judaísmo. São Paulo, ele
mesmo viveu esta experiência, e nos ensina o significado desta misteriosa
recusa em reconhecer o Senhor. Vale a pena a leitura de Rm 9-11!
16Os onze discípulos voltaram à
Galileia, à montanha que Jesus lhes tinha indicado. 17Quando O viram,
prostraram-se; mas alguns tiveram dúvida. 18Jesus Se aproximou deles e disse:
“Foi-Me dada toda a autoridade no céu e na terra. 19Ide, pois, fazer discípulos
entre todas as nações, e batizai-os em Nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. 20Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou
convosco todos os dias, até o fim dos tempos”.
Comentando:
O grupo dos Doze, agora ferido pela defecção de Judas, volta à
Galileia. A Igreja vai desenvolver-se saindo de Jerusalém, do seio do judaísmo.
Dirigem-se ao monte que Jesus lhes indicara.
Nas Escrituras o monte é o lugar da manifestação de Deus. Qual
teria sido esse monte? O Tabor, o monte das Bem-aventuranças? Não sabemos.
Basta saber que foi o monte no qual Jesus revelou-Se aos Onze com toda a Sua Glória
divina, com Seu estado de Senhor ressuscitado, transfigurado em Glória como no
Tabor.
Aquele que fora visto como homem desfigurado em dores, agora
aparece como transfigurado em Glória divina! Por isso, diante Dele, os
discípulos prostram-se: Ele é Senhor, Ele agora é totalmente divino na Sua
própria natureza humana; já não mais está no estado de humilhação, de servo...
Só para recordar: a Glória divina, a Energia Divina, a vida
divina é o Santo Espírito, Aquele que o Pai derramou de modo total, pleno e
definitivo sobre o Filho feito homem, ressuscitando-O dos mortos, fazendo-O
Vivente!
Alguns duvidam. Benditas essas dúvidas, que nos dizem que os
discípulos não eram um grupo de alienados, dispostos a inventar fábulas sobre
Jesus! Aliás, a Segunda Epístola de Pedro exprime muito bem esta disposição dos
primeiros discípulos do Senhor: “Pois não foi seguindo fábulas habilmente
inventadas que vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo, mas sim, por termos sido testemunhas oculares da Sua grandeza.
Efetivamente, Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando do seio
da esplêndida glória se fez ouvir aquela voz que dizia: “Este é o Meu Filho
bem-amado, no qual está o Meu agrado”. Esta voz, nós a ouvimos, vinda do Céu,
quando estávamos com Ele na montanha santa” (2Pd 1,19-18).
Depois da dúvida a declaração: Jesus recebera do Pai toda
autoridade “no céu e na terra”, isto
é, sobre toda a inteira criação.
Nenhum poder se iguala ao do Cristo ressuscitado, pois Sua autoridade
é divina.
Depois da declaração, o mandato missionário: fazer discípulos
dentre todas as nações, que vivam como Jesus determinou.
Veja, meu Leitor: ser cristão não é simplesmente crer em Jesus,
mas viver segundo os critérios de Jesus! A porta para essa Vida nova é o Batismo.
Sabe-se o quanto a tradição proveniente da Reforma luterana e suas derivações
atuais insistam que é somente a fé que salva. Esta visão é errada e contrária
às Sagradas Escrituras!
Quem crê, precisa absolutamente pedir o Batismo, que significa
entrar sacramentalmente na relação que o Filho tem com o Pai no laço do
Espírito. Ora, pedir o Batismo – que é dado pela Igreja por ordem do próprio
Senhor – supõe necessariamente ingressar na Igreja de Cristo, a dos Doze, que
tem a Pedro por pedra, e nela viver. Outro detalhe: os Atos falam muito em ser
batizado no nome de Jesus. Ora, o Batismo de Jesus, o Batismo no Nome de Jesus
é, precisamente, o Batismo na invocação das três divinas Pessoas. Foi este e só
este o Batismo instituído pelo Senhor.
E a promessa final, que fecha admiravelmente o Evangelho segundo
Mateus: “Eu estou convosco todos os dias,
até o fim dos tempos!”
É o tempo da Igreja, esse tempo intermediário entre a inauguração
do Reino e sua consumação na Glória, quando Cristo nossa vida aparecer (cf. Cl
3,4).
Observe: Eu estarei convosco... Volte um pouco ao início de
Mateus (Mt 1,23): Ele será chamado Emanuel – Deus conosco!
Ei-lo, novamente, ao final do escrito de Mateus: o Emanuel de
todos os dias de nossa vida, da vida da Igreja! Observe que Mateus não conta a
Ascensão... não a nega; simplesmente quer deixar claro que Jesus permanece
conosco.
Ele estará conosco todos os dias – nos bons e nos maus, nos
luminosos e nos tenebrosos, nos dias de glória e de humilhação, de certezas e
de dúvidas...
Eu estarei convosco todos os dias, cada dia, na potência do Meu
Santo Espírito dado nos sacramentos, até o fim dos tempos!
Desta promessa vivemos, nesta certeza certíssima apostamos a
nossa vida!
Feliz Páscoa, meu Leitor!
Jesus, o nosso Irmão, ressuscitou!
Ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!
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