Com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, inicia-se a Semana Santa, que os antigos cristãos chamavam Grande Semana.
Neste dia, a Igreja celebra dois mistérios bem distintos e complementares: (1) a entrada solene de Jesus em Jerusalém para celebrar sua última e definitiva Páscoa e
(2) a Sua Paixão e morte.
A entrada é celebrada com a bênção dos ramos e a procissão; a paixão e morte é celebrada na missa. Então, não existe uma Missa de Ramos; de ramos é a Procissão; a Missa é da Paixão do Senhor.
Isso tem um motivo histórico. Em Roma, não havia uma Semana Santa. Celebrava-se no sexto domingo da Quaresma a Paixão e Morte de Cristo e, no domingo seguinte, a Páscoa do Senhor. Somente no século XI é que a Procissão de Ramos, costume nascido em Jerusalém, passado para a Espanha e, depois, para a Gália (atual França), chegou a Roma, entrando na liturgia romana.
Participar da Bênção e Procissão dos Ramos:
(1) Significa reconhecer e proclamar que Jesus é o Messias prometido a Israel, o Descendente de Davi; o Salvador;
(2) Também significa reconhecer que Ele não é um Messias glorioso, mas humilde – vem num burrico e não num potente cavalo! -, um Messias que vem para servir e dar a vida: Seu trono será a cruz; Sua coroa, de espinhos, Seu cetro, uma cana colocada em Suas mãos em tom de zombaria!
(3) Participar da Procissão significa que queremos nos colocar debaixo do senhorio desse Messias pobre e humilde e desejamos participar da Sua sorte: ir com Ele até a cruz para participar da Sua vitória: “Fiel é esta palavra: se sofrermos com Ele, com Ele reinaremos; se morrermos com Ele, com Ele viveremos!” (2Tm 1,11s).
No contexto da Bênção dos Ramos, lê-se o Evangelho da entrada do Senhor em Jerusalém e faz-se uma pequena homilia explicando os três aspectos acima elencados.
Os ramos da Procissão devem ser guardado em casa, num lugar visível, para recordar que participamos dessa Profissão, proclamando que estávamos dispostos a ir até a cruz com o Senhor. E nas dores e sofrimentos da vida, olhando os ramos, vamos nos lembrar que as dores e feridas da existência são um modo de participar da Paixão do Senhor. Entremos com Ele em Jerusalém!
Terminada a Procissão, termina também toda referência que a liturgia faz aos Ramos. Então, tudo se volta para a Paixão do Senhor. A primeira leitura, é o Terceiro Canto do Servo Sofredor de Isaías (Is 50,4-7), recordando que o Senhor Jesus Se fez obediente ao Pai, um verdadeiro discípulo, aprendendo com o sofrimento, e encontrou forças na confiança no Seu Senhor e Deus.
O salmo responsorial é o Sl 22, aquele que Jesus rezou na cruz. Rezar esse salmo é ler os pensamentos de Jesus no momento da cruz!
A segunda leitura é o profundo hino de Filipenses 2,6-11: O Filho, sendo Deus, humilhou-Se até a morte de cruz e foi exaltado pelo Pai acima de tudo.
Finalmente, a Paixão segundo o Evangelista de cada ano – este ano de 2005 é o Evangelho segundo Marcos. Esta Missa tem um Prefácio próprio, que resume de modo admirável o mistério pascal: “Inocente, Jesus quis morrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e Sua ressurreição nos trouxe Vida nova”. A homilia dessa missa não deve deter-se sobre o tema dos ramos e sim no mistério do amor do Senhor que Se entregou ao Pai por nós até a morte e morte de cruz.
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