sábado, 28 de março de 2015

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

Is 50,4-7
Sl 21
Fl 2,6-11
Mc 14,1 – 15,47

Caríssimo Irmão, baste-nos alguns pensamentos, para a Eucaristia solene deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que abre a Grande Semana da nossa fé, a Semana santíssima, que culminará com a Solenidade da Páscoa, Domingo próximo.

Primeiro faz-se, hoje, com uma procissão dos ramos, memória da Entrada do Senhor Jesus em Jerusalém.

Ele é o Filho de Davi, o Messias esperado por Israel, que vem tomar posse de Sua Cidade Santa, Jerusalém, Cidade de Davi, cidade do Messias.

Mas, que surpresa! Trata-se de um Messias humilde, que entra não a cavalo, mas num humilde burrico, sinal de serviço e pequenez! Ei-Lo: Seu serviço será dar a vida pela multidão!

Ele é Rei, mas rei coroado de espinhos e não de humana vanglória.

Seguir o Senhor nessa solene procissão com ramos é reconhecê-Lo como nosso rei, rei pobre e humilde. Segui-Lo me procissão é nos dispor a segui-lo nas pobrezas e humildades da vida, dispondo-nos a participar de sua paixão e cruz para ter parte na glória de Sua ressurreição.

Após a Procissão de Ramos, que pensamentos poderíamos colher agora na Liturgia da Palavra da Missa da Paixão do Senhor? Eis alguns pensamentos:

Primeiro: O meio que Deus escolheu para nos salvar não foi o que é grande e vistoso, tão apreciado pelo mundo. Ao invés, o Pai nos salvou pela humilde obediência do Filho Jesus. Reconheçamos na voz do Servo sofredor da primeira leitura a voz do Filho de Deus:

“O Senhor Deus Me desperta cada manhã e Me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-Me os ouvidos; não Lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para Me baterem e as faces para arrancarem a barba. O Senhor é o Meu Auxiliador, por isso não Me deixei abater o ânimo, porque sei que não serei humilhado”.

Palavras impressionantes, caríssimo!

O Filho buscou humildemente, na obediência de um discípulo, a vontade do Pai – e aí encontrou força e consolo, encontrou a certeza de Sua vida. São Paulo, na segunda leitura de hoje, confirma isso com palavras não menos impressionantes: “Jesus Cristo, existindo na condição divina, esvaziou-Se de si mesmo, humilhou-Se, fazendo-Se obediente até a morte, e morte de cruz”. Caríssimo em Cristo, num mundo que nos tenta a ser os donos da verdade, desprezando os preceitos do Senhor Deus e Seus planos para nós, aprendamos a humilde obediência de Cristo Jesus, entremos em comunhão com o Cristo obediente ao Pai até a morte. Só então seremos livres realmente, somente então viveremos de verdade!

Um segundo pensamento: O breve e concreto relato da Paixão segundo São Marcos, apresenta-nos ao menos três modos de nos colocar diante do Cristo nosso Senhor. Dois modos inadequados, que deveremos evitar, apesar de tantas vezes neles cairmos; e um modo correto, a que somos continuamente chamados. Ei-los:

Primeiramente, o modo dos discípulos, tão vergonhoso: “Então todos o abandonaram e fugiram”. Oh! meu caro, que desde o início temos sido covardes, desde os princípios somos um mísero bando de infiéis! Fomos nós, os discípulos, que fugimos, que deixamos sozinho o Salvador, o nosso Mestre!

Quantas vezes, nos apertos da vida, fugimos e O abandonamos: no vício, no comodismo, na busca de crendices e seitas, no fascínio por ideologias, ideias e filosofias opostas à nossa fé! Como é fácil fugir, como é fácil, ainda agora, abandoná-Lo!

– Perdoa-nos, Senhor Jesus, porque ainda hoje somos assim, ainda somos como os primeiros discípulos: frágeis, inconstantes, covardes mesmo!

Perdoa-nos pelo pouco amor, pela falta de compromisso!

Perdoa-nos as juras de amor para sempre, que se desfazem na primeira dificuldade!



Depois, o modo de Pedro, que “seguiu Jesus de longe”. Atenção, caríssimos Pedros que neste espaço virtual me acompanham! Não se pode seguir Jesus de longe!

Quem O segue assim?

Aquele que pensa poder ser discípulo pela metade; que se ilude, pensando seguir o Senhor sem combater seus vícios e pecados; que imagina poder servir a Deus e ao dinheiro, ao Senhor e aos costumes e modos e pensamentos do mundo!

Como terminarão esses? Como terminou Pedro: negando conhecer Jesus!

– Senhor, olha para nós, como olhaste para Pedro; dá-nos o arrependimento e o pranto pela covardia e frieza em Te seguir! Faze-nos verdadeiros discípulos Teus, que Te sigam de perto até a cruz, como o Discípulo Amado, ao lado de Tua Santíssima Mãe!

Finalmente, uma atitude bela e digna de um verdadeiro discípulo do Senhor: aquele gesto, da misteriosa mulher, que ungiu a cabeça do Senhor com nardo puro, caríssimo!

Notou, querido Irmão em Cristo, o detalhe de São Marcos? “Ela quebrou o vaso e derramou o perfume na cabeça de Jesus”. Quebrou o vaso... Isto é, derramou todo o perfume, sem reservas, sem pena, com amoroso estrago... Para o Senhor, tudo; para o Salvador o melhor! E São João diz que “a casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo” (Jo 12,3).

Ó mulher feliz, discípula generosa! Dando tudo ao Senhor, perfumou toda a casa com o bom odor de um amor ser reservas! Quanta generosidade dessa mulher politicamente incorreta! Quanta hipocrisia, quanta mesquinhez dos apóstolos politicamente corretos, que não compreenderam seu gesto de amor gratuito!

– Senhor Jesus, faz-nos generosos para Contigo! Que Te amemos como essa mulher: sem reservas, sem fazer contas!

Ó Senhor, que nos amaste até o extremo, ensina-nos a Te amar assim também, colocando nossos perfumes, isto é, aquilo que temos de precioso, a Teus pés! Então, o mundo será melhor, porque o bom odor do amor haverá de se espalhar como testemunho da Tua presença!

Eis, caríssimo Amigo! Fiquemos com estes santos pensamentos, preparando-nos durante toda esta Semana para o Tríduo Pascal, que terá seu cume na Santa Vigília da Ressurreição! 

Nós Vos adoramos, Senhor Jesus Cristo e Vos bendizemos,
porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo.

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