sexta-feira, 19 de abril de 2019

O sagrado Tríduo Pascal

Estejamos atentos para bem celebrar o Tríduo Pascal. São três dias que celebram o Mistério insondável da nossa salvação. No primeiro dia, celebra-se a entrega que Cristo fez de Sua vida até a Morte; no segundo dia, celebra-se a Sua Descida ao reino dos mortos e, no terceiro dia, o principal e mais importante, celebra-se a Sua santa Ressurreição, que O colocou para sempre na Glória do Pai. Tenhamos a certeza de que, se celebrarmos piedosa e santamente estes santos mistérios, “podemos ter a firme esperança de participar do Seu triunfo sobre a morte e de Sua Vida em Deus” (Liturgia Romana, Introdução à Vigília Pascal).

Primeiro Dia (Da Ceia do Senhor à Celebração da Paixão)
Por nós, Jesus Se entregou ao Pai até a Morte e Morte de Cruz

Este primeiro dia começa na Quinta-feira Santa ao entardecer. Para os judeus, o dia começava à tardinha, de sorte que, do mesmo modo como, para a liturgia cristã, a tarde do sábado já conta como Domingo, também aqui, a Quinta-feira já nos introduz no primeiro dia do Tríduo. É o Dia da Entrega por amor: “Tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1-2). Esta entrega de toda a Sua existência, Jesus a realizou de modo ritual na Ceia derradeira e de modo cruento, doloroso, histórico, na Cruz do Calvário. É uma entrega só, a do rito e a da dura realidade da Cruz! E esta entrega é a entrega de toda uma vida vivida para o Pai e para os irmãos: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Assim, aquela Ceia eucarística, princípio e fundamento de todas as missas do mundo, é já a celebração ritual do Sacrifício de Cristo, pelo qual o mundo foi salvo.

A Igreja celebra este Mistério com duas reuniões solenes. A primeira, na Quinta-feira à tardinha ou no início da noite, com a Missa na Ceia do Senhor. Aí se recorda o Mandamento do amor (sobretudo no rito do lava-pés), a instituição do Sacramento do amor, a Eucaristia e, finalmente, a instituição do sacerdócio ministerial para celebrar a Eucaristia até que o Senhor venha e para presidir à Igreja como comunidade de amor.
É importante notar que Cristo instituiu o sacerdócio na noite em que foi entregue e lavou os pés dos discípulos. Assim devem comportar-se aqueles que, na Igreja, fazem as vezes de Cristo sacerdote!

A segunda reunião solene deste dia dá-se na Sexta-feira Santa, pelas três da tarde, com a Solene Celebração da Paixão do Senhor. Aí, numa liturgia grave, sóbria e ao mesmo tempo solene, a Igreja se reúne para contemplar e adorar o Mistério tão profundo do Pai que entrega o Seu Filho por nós no Espírito Eterno; do Filho que Se entrega ao Pai no Espírito; e do Espírito Santo que repousava no Filho e, amorosamente, deixa que este O entregue ao Pai na Cruz.
Esta liturgia conta com três partes: (1) a Liturgia da Palavra, que termina com a solene Oração Universal, (2) a Adoração da Cruz, rito pelo qual, com profunda admiração, adoramos o Mistério da Cruz do Senhor e (3) o Rito da comunhão, pelo qual comungamos no Corpo do Cristo vivo: mesmo na Sexta-feira Santa, Cristo “imolado, já não morre e, morto, vive eternamente”. Esta Sexta-feira santíssima é dia de jejum e abstinência de carne em honra da Paixão do Senhor. Assim termina o primeiro dia.
- Que o Senhor nos dê a graça de, com Ele, fazer da vida uma entrega de amor ao Pai e aos irmãos, até a entrega final, no momento de nossa morte. Amém.

Segundo Dia (Do final da Celebração da Paixão ao início da Vigília Pascal)
Por nós, Jesus desceu à Morte, consequência última do pecado do mundo

Este é o dia mais grave, mais sóbrio de todo o Tríduo: não há nenhuma reunião litúrgica solene. Não se pode comungar – não se pode distribuir a comunhão nem mesmo aos doentes; só se pode levar a comunhão em viático, a quem estiver às portas da morte. Neste dia, a Igreja celebra a descida de Jesus à Morte. Por nós, o Senhor nosso Jesus Cristo desceu ao mais baixo que o homem pode chegar: foi feito cadáver, foi feito total passividade, total derrota, entrando naquela triste situação na qual a humanidade cai com a morte: “A minha alma está prostrada na poeira; fui abandonado ao pó da morte!”

Neste dia, devemos meditar sobre o mistério da morte e encher-nos de consolo: porque o nosso Salvador entrou na morte, nem aí estaremos sozinhos: “Ainda que eu passe pelo vale da morte, não temerei: Tu estás comigo; Teu bordão e Teu cajado me dão a segurança!” (Sl 22/23)
A Igreja, unida à Virgem Maria, espera, confiante a Ressurreição do Senhor. Este Sábado é ainda dia de penitência e é sumamente recomendável jejuar – é o jejum que prepara para a Celebração pascal. O Sábado Santo é dia de recolhimento, de piedoso silêncio. Não é dia para dispersões ou diversões. Os cristãos esperam com devota reverência que passe o Sábado para, na Noite santa, reunirem-se em santa Vigília, a mais importante de todas as celebrações cristãs.

Terceiro Dia (Da Vigília Pascal até às Vésperas do Domingo de Páscoa)
Para nossa salvação, Jesus foi ressuscitado pelo Pai no Espírito

Na madrugada do Primeiro Dia após o Sábado, o Pai derramou o Espírito Santo sobre o Seu Filho morto, e o levantou da morte. Ressuscitado, Jesus vive uma Vida totalmente nova na Sua alma, agora totalmente glorificada, totalmente feliz e bem-aventurada; nova no Seu corpo, agora totalmente pleno de Vida divina totalmente livre e além das leis que regem este mundo.
Vencendo a morte, o Senhor nos abriu o caminho para a Vida. Aqueles que Nele são batizados e recebem o Seu Espírito Santo, aqueles que comem e bebem Seu Corpo e Sangue na Eucaristia, têm já em si esta Vida nova e, um Dia, no Dia de Cristo, ressuscitarão com Jesus e como Jesus.

É isto que celebramos com uma Vigília santa na noite do Sábado para o Domingo. Uma longa vigília com quatro partes: a liturgia da luz (com a bênção do fogo novo, do círio pascal e o anúncio da Páscoa de Cristo e nossa), a liturgia da Palavra (com nove leituras, que explicam o Mistério pascal), a liturgia batismal (com a bênção da água e o batismo e crisma dos que se prepararam durante a Quaresma) e a liturgia eucarística (a Missa de Páscoa, a partir do ofertório). Esta é a celebração mais importante e mais solene do ano.

Procuremos celebrar piedosa e assiduamente estes santos mistérios, para participar da Páscoa do Senhor na liturgia, na vida e, um dia, com a graça de Deus, por toda a Eternidade!


Um comentário:

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