sexta-feira, 5 de abril de 2019

Retiro Quaresmal - A liberdade para a qual Cristo nos libertou

Meditação XXVII - sábado da IV semana da Quaresma

Reze o Salmo 118/119,41-48
Leia Gl 5,1-12

1. Este bloco de versículos é importantíssimo! Trata-se de uma dura e apaixonada advertência do Apóstolo aos seus amados filhos gálatas, que ele gerou para o Cristo sofrendo dores de parto (cf. Gl 4,19). Vamos seguir de perto as palavras de São Paulo, refletindo sobre elas... Hoje, ficaremos somente no v. 1! Vamos a ele!

2. Numa bela frase de efeito, o Apóstolo recorda aos gálatas: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (v. 1). Libertou-nos do quê? Aos judeus, libertou do peso das observâncias da Lei de Moisés e aos gentios, libertou das correntes da lei do pecado. Já vimos nas meditações passadas que, sem Cristo, todos os homens estão debaixo do fardo de uma pesada lei: a de Moisés ou a do pecado! O próprio Cristo afirmou que somente Ele nos poderia libertar. Leia com atenção Jo 8,31-45. Releia, medite, contemple... Suplique ao Filho que o liberte de suas estreitezas e infidelidades, que o liberte dos seus pecados... “Se o Filho vos libertar, sereis, realmente, livres!” (v. 36)

3. Libertou-nos para quê? O Apóstolo responde ousadamente: “para a liberdade” (Gl 5,1). Aqui, não se trata de uma liberdade qualquer, mas a liberdade para servir a Deus como filhos no Filho, impelidos pela doçura amorosa do Espírito do Filho que clama em nós Abbá, Pai (cf. Gl 4,4-7). A liberdade, aqui, não é liberdade para se fazer o que quer, não é liberdade para viver para si próprio, mas “para Aquele que morreu e ressuscitou por eles” (cf. 2Cor 5,14s). É a mesmíssima dinâmica do Êxodo: Deus liberta Israel não para fazer o que deseja, não para viver para si. Isto não seria liberdade! O Senhor liberta o Seu Povo para que O sirva e, servindo-O, seja verdadeiramente livre (cf. Ex 5,1; 7,16).
Pense um pouco: a liberdade para a qual Cristo nos libertou, prende-nos a Ele, faz-nos “escravos” do Seu amor. Leia com atenção o importante texto de Rm 6,15-23. Medite como é falso uma ideia de cristianismo que acha normal e natural que os cristãos pensem, falem, ajam e vivam como o mundo! Lembre do que disse o Senhor em Jo 15,18-21; 17,14-16! Como podem tantos cristãos, hoje em dia, viverem na ilusão de serem compreendidos, aceitos e aplaudidos pelo mundo e acharem que o mundo vai amar de verdade a Igreja e acolhê-la? Que tola ilusão! A Igreja e os cristãos nunca devem esperar serem amados pelo mundo por causa deles próprios, mas somente por causa de Cristo! Se o mundo quiser nos amar, que seja pelo Cristo que pregamos e testemunhamos, sem descontos, abatimentos nem concessões! Caso contrário, o amor e aplauso do mundo não devem nunca nos iludir e anestesiar ou alegrar! Pelo contrário: deve-nos pôr de sobreaviso, pois “a amizade com o mundo é inimizade com Deus... Assim, todo aquele que quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus” (Tg 4,4).

4. Ainda neste mesmo versículo 1, o Apóstolo exorta aos gálatas: “Permanecei firmes e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão”. Os cristãos da Galácia, agora libertos da escravidão do pecado da vida de pagãos, não deveriam deixar a liberdade do Espírito de Cristo para voltar à escravidão, desta vez aos preceitos da Lei de Moisés com os inúmeros mandamentos e normas da interpretação rabínica! Neste sentido, é triste ver como muitas seitas cristãs judaízam, voltando ao Israel segundo a carne! Já falamos sobre isto em meditações passadas! “Sois tão insensatos que, tendo começado com o Espírito, agora acabais na carne?” (Gl 3,3) Isto é o que dá ler as Escrituras fora da comunhão com a Igreja e distante da Tradição apostólica e da fé entregue uma vez por todas aos santos (cf. Jd 3) e maturada, geração após geração na vida da Igreja, guiada e guardada pelo Espírito Santo de Cristo (cf. Mt 28,19s; Jo 16,12-15)!

5. Reze o Sl 29/30. Louve e adore o Deus que, em Cristo, nos libertou da lei do pecado e da morte!


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