segunda-feira, 1 de abril de 2019

O caminho para a Páscoa na Liturgia da Palavra (I)

Entramos, hoje, na segunda parte do Tempo da Quaresma. As orações e leituras enfatizarão cada vez mais o próprio Cristo Jesus no Seu caminho até a Paixão e Morte de Cruz, da qual o Pai ressuscitá-Lo-á.

A partir de hoje, proponho que, ao lado do Retiro Quaresmal, sigamos o Senhor Jesus nas perícopes do Evangelho de cada dia. Veremos, sobretudo em São João, a tensão crescente entre o Senhor Jesus e os judeus, que não O aceitam como Messias, pois Ele não corresponde ao padrão, à expectativa de messias que eles tinham!

É um perigo tremendo: não acolher o Senhor Jesus como Ele é, mas desejar um Messias de encomenda, ao gosto nosso e do mundo... Tão tentador isto, hoje, na Igreja... Perigo tremendo, infidelidade extrema... Termina por matar o Senhor no nosso coração...

Jo 4,43-54

Jesus voltou à Galileia. Fora rejeitado em Jerusalém, na Casa do Seu Pai (cf. Jo 2,16). Ali, Ele já fizera alusão à Sua Morte, falando do templo do Seu corpo, que seria destruído devido à incredulidade dos judeus (cf. Jo 2,19-21).
Na verdade, o Senhor deixara Jerusalém desiludido com a incredulidade dos judeus: “Um profeta não é estimado em sua própria terra” (v. 44). Ele, aqui, Se refere a Jerusalém, onde está a Casa do Seu Pai, onde, espiritualmente, todo judeu nasce: “Todo homem ali nasceu; todos têm sua morada em ti” (Sl 86/87,5.7). É esta dureza, esta incredulidade que levará o Senhor à morte! Não deixa de ser impressionante e um grave alerta para nós o fato de os judeus, como totalidade, ainda hoje rejeitarem vigorosamente a Jesus como o Messias: “Um profeta não é estimado em sua própria terra!”

Será que nós, que eu e você, estimamos realmente o Senhor Jesus? Amamo-Lo? Não aconteça que terminemos por matá-Lo também! A descrença mata, mata primeiramente no coração, na vida concreta...

Chegado à Galileia, o Senhor vai a Caná e vem-Lhe ao encontro o Oficial de Herodes. Pede-Lhe a cura do filho que estava às portas da morte, como nós, como a humanidade sem Deus, metida no seu pecado!

O Senhor Jesus prova a fé do homem: “Se não virdes sinais e prodígios não crereis!” (v. 48). Não é assim ainda hoje? Nunca esqueçamos: uma fé baseada em sinais e prodígios é imatura, é frágil! Nem sempre o Senhor Deus fará sinais ou prodígios... Devemos crer simplesmente porque o Senhor é fiel: “Ele pode me matar: mas não tenho outra esperança senão defender diante Dele a minha conduta!” (Jo 13,15). Ainda que Ele me mate, eu esperarei Nele – eis a atitude do verdadeiro fiel!

O homem insiste com fé, do fundo da sua angústia: “Senhor, desce, antes que me filho morra!” O Senhor desce sim até nossa pobreza, até nossa miséria, até nosso pecado! Desce para que não morramos!
Nesta Quaresma, mais uma vez, Ele desce na misericórdia, no perdão, na compaixão, para nos salvar! – Senhor, desce para que não morramos no nosso pecado!

E o Senhor desceu na Sua compaixão, na Sua misericórdia, no Seu amor: “Vai! Teu filho vive!” Bastou uma palavra e a vida inundou o filho daquele homem! A palavra do Senhor é eficaz, é criadora e recriadora, é capaz de transformar o nosso coração e fecundar a nossa vida carcomida de morte pelo pecado, pela frieza, pelas infidelidades mil vezes repetidas! Procure o arrependimento, procure a confissão e você também ouvirá, irmão, a ordem do Senhor: “Vive!” E você viverá! Não vivemos por nós mesmos, mas pela Sua palavra!

“O homem creu na palavra de Jesus. Passou a crer, ele e toda a sua casa!” O que realmente contou aqui não foi que o menino fosse curado da doença, mas que aquele oficial e toda a sua casa fossem curados da descrença e, agora, crendo em Jesus Cristo, vivessem de verdade! O que deve ter dito o Coração do Pai dos Céus? “Estes meus filhos estavam mortos e voltaram a viver; estavam perdidos e foram encontrados!” (cf. Lc 15,24). Mas, isto terá um preço: o Senhor terminará por ser levado à Morte de Cruz... Por mim, por você, pelo mundo inteiro, para que vivamos...


Um comentário:

  1. Sinto em meu coração (desde que vivenciei a quaresma com Dom Henrique) cada vez mais a aproximação de Jesus em minha vida, de uma forma real,convicta, a paixão do Senhor que se aproxima, faz-me sentir angustia e ao mesmo tempo a certeza da alegria da ressurreição. Obrigada Dom Henrique.

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