domingo, 3 de junho de 2018

O Reino de Deus em nós

Deus, que disse: “Do meio das trevas brilhe a luz”, é o mesmo que fez brilhar a Sua luz em nossos corações, para tornar claro o conhecimento da Sua Glória na Face de Cristo. Ora, trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós.
Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia;
postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança;
perseguidos, mas não desamparados;
derrubados, mas não aniquilados;
por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a Vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos.
De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a Vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal (2Cor 4,6-11).

Comentando:

Texto estupendo! Serviu de segunda leitura para a Missa deste IX Domingo Comum...
Primeiramente, São Paulo compara a conversão a Cristo com a criação: como o Senhor Deus dissera “Faça-se a luz...”e criou tudo, dissipando as trevas, assim também, no coração daquele que se converte a Cristo, tudo é recriado: “Se alguém  está em Cristo é criatura nova. Passaram as coisas antigas; eis que se fez realidade nova!” (2Cor 5,17)A conversão ao Cristo Jesus – que certamente exige a fé e o Batismo, sacramento da fé – não somente nos torna justos diante de Deus de modo nominal, exterior, como também nos recria, nos renova realmente: somos novas criaturas!

Mas, como se dá tal renovação?
O Espírito de Cristo, recebido no Batismo, de tal modo habita em nós, que nos tornamos um reflexo da Glória que rebrilha na Face do próprio Cristo ressuscitado! Esta Glória é o próprio Espírito Santo. São Paulo o afirma um pouco antes, em 4,17-18: “O Senhor é o Espírito... E nós todos, que, com a face descoberta, contemplamos como num espelho a Glória do Senhor, somos transfigurados nessa mesma imagem, cada vez mais resplandecente, pela ação do Senhor, que é Espírito”. Texto impressionante! O Senhor ressuscitado é pleno do Espírito Santo; Ele é como um sol reluzente de Espírito Santo e Seus raios, Seu calor, Seu resplendor, nos vai cada vez mais impregnando, incandescendo, transfigurando, nos espirituando! É esta a nova criação de que fala São Paulo no texto mais acima! A luz da Face do Cristo, o fulgor do Espírito vai nos impregnando, de modo que conhecemos, isto é, experimentamos intimamente, saboreamos, a verdadeira Vida divina, que resplandece no Cristo ressuscitado!

Assim, cheio da Vida de Cristo, cheio de Sua Glória, da Sua Força, que é o Santo Espírito – e Ele é consolo, vigor, ânimo, coragem, alegria, conhecimento, entendimento –, o cristão, sobretudo o ministro do Evangelho, tem forças para suportar tudo: “Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados”...E por quê? Porque, no Espírito de Cristo, tudo se torna morte com Cristo e vida com Cristo, tudo se torna participação na Páscoa de Cristo; tudo se torna pascal: “por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a Vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos. De fato, nós, os vivos, somos continuamente entregues à morte, por causa de Jesus, para que também a Vida de Jesus seja manifestada em nossa natureza mortal”.

Esta é a dinâmica da vida de todo cristão; é o centro mesmo da experiência cristã neste mundo; em outras palavras: para isto somos cristãos! Tudo nele, no cristão,  é transfigurado, tudo nele é cristificado, tudo nele tem o sabor e o sentido do Cristo em Seu mistério de Morte e Ressurreição, até que, no momento de sua saída deste mundo, o discípulo, depois de morrer na Morte de Cristo, possa ser totalmente configurado ao Cristo no Seu mistério de Glória, na Ressurreição do Cristo.

Certamente, o mundo jamais poderá experimentar ou compreender esta tremenda realidade! Somente o cristão – e cristão que verdadeiramente procura viver unido ao Senhor por uma vida santa e sacramental – poderá experimentar concretamente este tremendo mistério de cristificação, mistério de participação íntima e intensa da Páscoa do Senhor em si!

Esta é nossa herança! Esta é nossa certeza! Esta é nossa alegria! Este é o sentido da nossa vida! Esta é a bendita presença do Reino de Deus em nós!


3 comentários:

  1. Amém. Que o sentido verdadeiro do Evangelho de Jesus Cristo Nazareno transcenda minha alma para que o próximo seja alcançado e salvo na misericórdia de Deus.

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