Meditação III - Sábado depois das cinzas
Reze o Salmo 118/119,17-24
Leia novamente com atenção Gl 1,6-10
1. Já vimos que os gálatas, influenciados por cristãos judaizantes, colocaram em dúvida o Evangelho de Paulo, passando a um outro evangelho, isto é, a uma outra doutrina. Leia os vv. 6s. Mas, o Apóstolo adverte que não há outro Evangelho, não há outra doutrina (cf. vv. 8s). Sendo assim, observe que a fé não é simplesmente um ato de confiança em Jesus nosso Senhor, mas é a adesão à Sua Pessoa e a profissão correta das verdades a Seu respeito na Comunidade dos discípulos, chamada Igreja. Em outras palavras, crer exige que se professe a verdadeira doutrina! Para São Paulo, crer deturpando a doutrina do Evangelho é correr em vão (cf. Gl 2,2).
2. Qual é esta doutrina? Onde ela se encontra? Como reconhecê-la?
a) A doutrina cristã tem sua fonte e raiz na Pessoa, na vida e pregação de Jesus nosso Senhor: Ele mesmo é o Evangelho, de modo que ouvi-Lo, Nele crer e com Ele caminhar é acolher o Evangelho. É preciso ouvir a Sua Palavra (cf. Mt 11,28s; 7,24ss; Mc 13,37); é necessário não somente ouvir, mas pôr em prática a Palavra e imitar o Senhor (cf. 1Cor 11,1), caminhando com Ele e como Ele (cf. Jo 8,12; 1Jo 2,6).
b) Tudo quanto o Senhor Jesus disse, fez e ensinou, Ele entregou aos Doze, com autoridade, para que eles conservassem e proclamassem aos irmãos e ao mundo:
c) Os Apóstolos desde o princípio tiveram a consciência de serem os primeiros responsáveis pelo Evangelho, isto é, pelas palavras, gestos, obra do Senhor Jesus Cristo entregues à Sua Igreja. Veja estes textos seguintes: 1Cor 11,23; 15,1-4; 1Tm 4,6-7.16; 2Tm 1,13s; 2,14s.22-26; 2Tm 3,14-17; 2Tm 4,1-5; Tt 1,9s; 2,1.7.15. Existem ainda outros textos do Novo Testamento que mostram claramente que a fé em Cristo exige que se guarde, na Igreja, a reta doutrina do Evangelho de Cristo, sob a supervisão dos Apóstolos e seus colaboradores, colocados pelo próprio Espírito de Cristo à frente do rebanho.
Leia com atenção At 20,28-52 e 1Pd 5,1-4. Nestes textos aparece claro como (1) os pastores da Igreja, chamados presbíteros, isto é, anciãos, são colocados por Deus à frente do rebanho, (2) devem apascentá-lo com amor, fidelidade, decência e retidão (3) e o rebanho deve respeito e obediência aos pastores.
2. O Evangelho de Paulo e da Igreja é vivo: é pregado e mantido vivo na força do Santo Espírito de Cristo. Este Evangelho é o anúncio e a vivência concreta de uma existência em Cristo feito homem, morto e ressuscitado para a nossa salvação, doador do Santo Espírito, continuamente derramado na Igreja em virtude dos sacramentos. Este anúncio é mantido perenemente firme e dinamicamente vivo nos textos das Escrituras guardadas e interpretadas conforme a constante Tradição da Igreja sob a guia do Santo Espírito.
Leia Jo 14,26; 16,13. Nunca esqueça: a Igreja de Cristo guarda a verdadeira doutrina fielmente não porque repete de modo mecânico a doutrina a cada época ou porque seus estudiosos são espertos em descobrir conexões entre as verdades das Escrituras... Nada disto! A Igreja guarda a doutrina de modo vivo, crescente, progressivo, porque o Espírito Santo de Cristo a ilumina, a vivifica, fá-la conhecer cada vez mais profundamente as insondáveis riquezas do Mistério do Cristo Jesus (cf. Ef 3,3-21). É o Espírito de Cristo, presente e atuante na Igreja dos modos mais variados (na escuta da Palavra de Deus, nos sacramentos, na oração do Povo de Deus, na contemplação dos místicos, na prática do amor e da vida cristã por parte dos fieis, no estudo da teologia, etc), Quem faz com que a Igreja vá crescendo até “compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento” (Ef 3,18s) e “o pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado do Homem Perfeito, a medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,13).
O verdadeiro cristão sabe que Cristo prometeu estar sempre com a Sua Igreja na força do Seu Espírito, conduzindo-a sempre à verdade plena. Por isso sabe que a Igreja como um todo não poderá nunca trair a verdade do Evangelho e a reta doutrina. Leia novamente Jo 8,12; 1Jo 2,6 e também Mt 28,16-20.
3. O Evangelho tal como a Igreja o recebeu, o viveu e o guardou ao longo dos séculos, de modo progressivo, vivo e sem rupturas, hoje é condensado de modo autoritativo sobretudo no Catecismo da Igreja Católica. Principalmente as duas primeiras partes – o Credo e os Sacramentos – são de importância capital para quem deseje guardar de modo íntegro a doutrina do Evangelho!
Pense um pouco: Você procurado conhecer a doutrina da Igreja? Procura levar a sério os ensinamentos doutrinais da Igreja? Procura regular sua vida pela doutrina cristã? Lembre: absolutamente ninguém tem o direito de deturpar esse Depósito da fé confiado uma vez por todas aos santos de Cristo (cf. Jd 3).
Mais uma vez: Você procura, sinceramente, guardar integralmente a fé católica ou, ao invés, é católico de conveniência? Lembre-se de que o Senhor nos pedirá contas do modo com o como guardamos o bom depósito a nós confiado! É a Igreja toda que deve velar para guardar a fé; a Igreja como um todo e cada membro desse bendito Corpo de Cristo em particular...
4. Nunca esqueça: na história da Igreja, desde o tempo dos apóstolos, sempre haverá os que desejam “corromper o Evangelho de Cristo”. Faz-se isto falsificando a doutrina, desequilibrando-a, isto é, enfatizando-a determinadas verdades em detrimento de outras, acentuando certos aspectos em prejuízo do todo revelado pelo Senhor. Somente na Igreja como um todo, sob a ação do Espírito de Cristo, o equilíbrio e a fidelidade poderão ser mantidos! Nunca esqueçamos a sentença do Apóstolo para os que deturpam a verdade do Evangelho: estes sejam anátemas (cf. Gl 1,8s), isto é objeto de maldição, afastados e separados da Comunidade dos discípulos, que é a Igreja!
5. Finalmente, guarde sempre no coração a constatação do santo Apóstolo: “Se eu quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo!” (Gl 1,10b) O Evangelho, quando proclamado fielmente, na sua inteireza, nos colocará sempre em rota de colisão com o mundo: “Adúlteros! Não sabeis que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Assim, todo aquele que quer ser amigo do mundo torna-se inimigo de Deus” (Tg 4,4).
6. Reze o Sl 33/34
Obrigado, Dom Henrique, por esses retiros quaresmais!
ResponderExcluirAmo acompanhá-los!
Deus o abençoe ricamente!
Grato, Dom Henrique. Mais um dia de reriro
ResponderExcluirBoa tarde Dom Henrique, amo as reflexões que o senhor nos passa.
ResponderExcluirVenho sugerir que passe a gravar videos, pois as pessoas no geral, especialmente as com menos estudo, têm preguiça de ler um parágrafo, ainda mais textos maiores. Dessa forma, mais pessoas podem ser alcançadas.
Sugiro no entanto, que não deixe de escrever, pois via oral, nós nunca nos lembramos de tudo e acaba sempre faltando algo. O senhor poderia escrever, e gravar os videos lendo o que o senhor escreveu, na própria tela do computador enquanto fala. E quando chegar na hora das pessoas lerem as passagens, diga: "pause o video e leia tal passagem".
Deus continue abençoando o senhor!