sexta-feira, 29 de março de 2019

Retiro Quaresmal - A liberdade para a qual Cristo nos libertou

Meditação XX - sexta-feira da III semana da Quaresma

Reze o Salmo 118/119,161-168
Leia, agora, Mt 9,14-17

1. Este é o segundo dos dois textos do Evangelho com os quais eu quis ilustrar o quanto a visão de São Paulo sobre a Lei de Moisés e seu significado coincide com a própria visão do Senhor Jesus Cristo. O Santo Apóstolo nada mais fez que explicitar e aplicar na sua pregação, no seu Evangelho (cf. Gl 1,6.8s), o que o Senhor nosso já havia dito em germe, como fundamento do que deveria ser o comportamento dos Seus discípulos, sejam provindos do judaísmo sejam provindos da gentilidade.

2. Como se pode perceber, nesta perícope há dois temas, aparentemente independentes, mas que estão interligados:

a) Primeiro, a questão do jejum, prática importante do judaísmo: os discípulos dos fariseus e de João Batista praticavam jejuns devocionais. O Senhor Jesus e Seus discípulos não o faziam. Por quê? O Senhor dá uma resposta surpreendente: Ele Se considera o Deus-Esposo de Israel. Enquanto Ele estiver presente no mundo, nos dias de Sua missão, estão se cumprindo as Escrituras que falavam do matrimônio entre Deus e o Seu Povo Israel: Jesus mesmo é o Deus-Esposo que veio desposar o Israel (Igreja)-Esposa (cf. Os 2,4-25; Is 54,6-8; Jr 2,2; 31,3; Ez 16,1-43; Jo 2,1-10; 3,28-30; Ef 5,25-32). Ora, os discípulos são as testemunhas, os convidados para a festa de casamento, são “amigos do Esposo”. Assim, enquanto o Esposo estiver presente, desposando Sua Esposa, não há lugar para penitência, tristeza e luto, mas somente para a alegria dos dias do Messias (cf. Is 54,1-10; Sf 3,14-17; Zc 9,9s). Antes, deve jorrar o vinho da alegria, que é imagem do Espírito Santo derramado na Nova e Eterna Aliança (cf. Ef 5,18)! Quando Noivo for tirado, dando-Se em sacrifício na Cruz, então, sim, os discípulos jejuarão. Assim, o Cristo, aqui, estava Se referindo à Nova Aliança que Ele viera instaurar, substituindo a Antiga.

b) Depois, o Senhor apresenta duas parábolas: não se deve colocar remendo de pano novo em roupa velha nem vinho novo em odres velhos: o remendo novo repuxaria a roupa velha e o vinho novo estouraria os odres velhos. O que isto significa?
O pano velho e os odres velhos são a Antiga Aliança, centrada na Lei de Moisés, com seus preceitos e práticas, como o jejum. O pano novo e o vinho novo são a Nova Aliança, trazida por Jesus nosso Senhor, Aliança no Vinho novo, que é o Santo Espírito. O Senhor Jesus está dizendo aqui que não adianta remendar a Antiga Aliança: o cristianismo não é um puxadinho, um complemento da Antiga Aliança; não cabe nos parâmetros dos preceitos e práticas do judaísmo, mas é algo totalmente novo. Então, não adianta querer enquadrar o Novo Testamento no Antigo! Não dá mais: o Antigo foi definitivamente ultrapassado!

3. Então, o cristianismo radica-se no judaísmo, a Igreja radica-se em Israel, a Nova Aliança radica-se no Antigo Pacto, a Lei do Espírito que dá Vida radica-se na prefiguração da Lei de Moisés, mas o que é Novo cumpre e ultrapassa completamente o Antigo: o Vinho novo do Espírito estoura os limites dos odres velhos dos preceitos e práticas do Antigo Testamento! O Vinho novo requer uma nova Aliança, não mais fundada em preceitos, mas no Espírito de Cristo, Espírito de Amor, que faz homens novos em Cristo Jesus (cf. 2Cor 5,17)! É, isto, precisamente que o Apóstolo desejava tanto que os gálatas compreendessem para serem fieis à absoluta novidade trazida pelo Cristo nosso Senhor!

4. Agora leia os seguintes textos:
Is 54,1-17: nos cuidados do Senhor com a Jerusalém restaurada já se pode antever os carinhos do Cristo-Esposo para com o Israel(Igreja)-esposa.
Is 55,1-13: aqui, aparece de modo belo e evocativo a novidade da Nova Aliança, já predita pelos profetas.
Reze o Sl 44/45: o Esposo é o Cristo; a Esposa é a Igreja que, deixando o paganismo que seus filhos abraçavam na gentilidade, entra no palácio real da Nova Aliança, desposada pelo mais belo dos filhos dos homens.


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