sábado, 8 de junho de 2019

O Espírito do Ressuscitado: Fogo que revela

Falando do Espírito que Ele, Ressuscitado, nos dará nos sacramentos, Jesus afirma: “Quando vier, Ele demonstrará ao mundo em que consistem o pecado, a justiça e o julgamento: o pecado, porque não acreditaram em Mim; a justiça, porque vou para o Pai, de modo que não mais Me vereis; e o julgamento, porque o Chefe deste mundo já está condenado” (Jo 16,8-11). Que significam, precisamente, tais palavras?

Antes, permita-me, meu caro Irmão, utilizar uma imagem que meus alunos, nos tempos em que era professor de teologia, conheciam bem – e riam de mim: Jesus é Aquele glorificado que é todo fogo, que tem os olhos de fogo (cf. Ap 1,14s). O Espírito que, desde a Ressurreição, diviniza a humanidade glorificada de Jesus é esse Fogo devorador.
Que faz o fogo? Ilumina, purifica, transfigura. É isto que Jesus afirma que o Espírito fará em nós e no mundo:
Ele iluminará o que somos: nós e o mundo todo veremos o que foi verdade e o que foi mentira em nós e na nossa existência, o que foi precioso como o metal ou inconsistente como a palha.
Ele também purificará: o que foi impureza, o que foi pecado, fechamento para Deus e para os outros, será queimado como palha seca.
Ele transfigurará: o que foi precioso (o amor a Deus e aos irmãos), será tornado resplandecente, como o ferro impregnado pelo fogo. Em outras palavras: Ele glorificará para sempre.
Assim, prezado Irmão, note que o julgamento será feito pelo Cristo no Espírito!

É a isto que Nosso Senhor Se refere nesta passagem: no final dos tempos, quando Ele Se manifestar em Glória, isto é, na plenitude do Espírito Santo, e Seus olhos de Fogo se projetarem em toda a criação e em toda a história humana (atenção, que estou utilizando uma imagem para que você compreenda melhor!), então, no Espírito que é fogo, tudo será “demonstrado”, isto é, revelado na sua verdade ou, numa tradução ainda mais fiel, “arguido”!

Vejamos os três elementos da afirmação de Jesus:

(1) Quanto ao pecado: na Vinda final do nosso Salvador, o Espírito vai demonstrar - permita-me a expressão grosseira: vai “passar na cara” do mundo, vai fazer o mundo (“mundo”, aqui significa a humanidade entregue ao pecado) compreender sem apelação - que ele pecou porque não creu em Jesus, o Cristo enviado pelo Pai, mas fechou-se para Ele e, assim, perdeu a Vida que o Pai ofereceu. Esta cultura que agora se fecha para o Senhor verá claramente que, por isso, caiu na Morte!

(2) Fará também o mundo compreender a justiça do Pai, que deu razão ao Seu Filho Jesus, ressuscitando-O e glorificando-O. Ressuscitado, Jesus não mais pode ser visto e experimentado pelo mundo, que O tem como o personagem do passado... Entretanto, no final de tudo, a Glória do Senhor, isto é, o fulgor do Seu Espírito, aparecerá a toda a criação, sem véus nem ambiguidades. Todos experimentarão a fidelidade do Pai, que não abandonou o Seu Filho, mas com toda a justiça O glorificou e O constituiu Senhor e Cristo! Na glória de Cristo o Espírito fará resplandecer a justiça de Deus!

(3) Finalmente, o Espírito, queimando para sempre o pecado do mundo como palha inútil e tudo de bom acrisolando como fogo devorador, revelará, de modo inapelável, a derrota, isto é, o julgamento de Satanás e de todos os seus: o Príncipe deste mundo está julgado e derrotado. O Mal não terá nunca a última palavra, não levará jamais a melhor! O Príncipe deste mundo está julgado! Mas tal situação somente naquele então aparecerá com toda clareza na luz do Espírito e toda a ambiguidade da história e da criação desaparecerá.

Só mais uma coisa. Isto que o Espírito revelará no Final, já nos revela agora, no íntimo do coração de cada batizado que se deixa guiar realmente por Ele:

(1) É o Espírito Quem nos faz crer, dando-nos a certeza de que Jesus é o Messias prometido, nosso Salvador, pois ninguém pode proclamar com certeza que Jesus é o Senhor a não ser no Espírito (cf. 1Cor 12,3).

(2) É também o Espírito Quem nos faz experimentar realmente Jesus vivo e ressuscitado como Senhor.

(3) Finalmente, é o Espírito Quem nos mostra o nosso pecado e nos dá a compunção para dele nos arrependermos, julgando em nós e destruindo o Príncipe deste mundo, desmascarando-o nas várias ocasiões da vida. Sem o Espírito, tomaríamos o mal por bem e o bem por mal; sem o Espírito, pensaríamos que o Maligno é forte e triunfa no mundo, na Igreja e em nós!

Eis, portanto, a profunda verdade e verdadeira beleza das palavras do nosso Salvador!


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