Pr 8,22-31
Sl 8
Rm 5,1-5
Jo 16,12-15
De certo modo, é estranho celebrar com uma festa litúrgica a Santíssima Trindade, pois a Trindade Santa é celebrada em toda a vida cristã e, particularmente, em toda e cada Eucaristia.
Nunca esqueçamos, nunca percamos de vista que a Missa é glorificação da Trindade Santíssima, é a ação sacrifical na qual o Filho Se oferece e é por nós oferecido ao Pai na potência do Espírito Santo, para a salvação nossa e do mundo inteiro.
Mas, aproveitando a festa hodierna, façamos algumas considerações que nos ajudem na contemplação e adoração desse Mistério tão santo, que nos desvela a Vida íntima do próprio Deus.
Poderíamos começar com uma pergunta provocadora: como a Igreja descobriu a Trindade? Descobriu-A, como duas pessoas se descobrem: revelando-se! Duas pessoas somente se conhecem de verdade se conviverem, se forem se revelando no dia-a-dia, se se amarem. Só há verdadeiro conhecimento onde há verdadeiro amor! É costume dizer-se que ninguém ama o que não conhece; pois, que seja dito também: ninguém conhece o que não ama. O amor é a forma mais profunda e completa de conhecimento! Foi, portanto, por puro amor a nós, à nossa pobre humanidade, que Deus quis dirigir-Se a nós, desde os primórdios da humanidade quis revelar-Se, convivendo conosco, abrindo-nos Seu coração, dando-nos a conhecer e a experimentar Seu amor... E fez isso trinitariamente! Então, desde o início, a Igreja experimentou Deus na sua vida concreta, e o experimentou trinitariamente, como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Assim, antes de falar sobre a Trindade, a Igreja experimentou a Trindade!
Primeiramente, o Senhor Deus incutiu no coração do Povo de Israel e da própria Igreja que Ele é um só: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, o Senhor é um só!” (Dt 6,4)
Um porque não pode haver outro ao Seu lado, já que tudo é absolutamente preenchido por Ele,
Um porque não pode ser multiplicado,
Um porque não pode ser dividido
e Um porque deve ser o único horizonte, o único apoio, a única rocha de nossa existência:
Ele, o Senhor Deus, é o único absoluto, o único que É, sem princípio e sem fim, sem mudança e sem limite!
Jamais poderemos imaginar tal grandeza, tal plenitude, tal suficiência de Si mesmo!
Deus É – e basta!
Tudo o mais apenas existe porque vem Dele, Daquele que É!
Mas, Ele não é um Deus frio: sempre apresentou-Se ao Povo de Israel como um Deus amante, um Deus de misericórdia e compaixão, um Deus que não sossega enquanto não levar à plenitude da vida as Suas criaturas. Por isso, com paciência e bondade, conduziu o Seu Povo de Israel, formando-o, educando-o, orientando-o e prometendo um futuro de bênção e plenitude, de eternidade e abundância de dons, que se concretizaria com um personagem que Ele enviaria: o Messias, Seu Ungido, doador do Espírito de Vida, bênção, paz e abundância para o Seu Povo e para toda a criação.
Esse Messias prometido, cheio do Espírito e doador do Espírito, nós, cristãos, O reconhecemos em Jesus, nosso Senhor. Ele é o enviado de Deus, do Deus único, Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, Deus do Povo de Israel. A esse Deus tão grande e tão santo, Jesus chamava de Abbá – Papai: o Meu Papai! A Si mesmo, Jesus Se chamava “o Filho” – Filho único, unigênito de Deus, Filho Amado, cheio de graça e de verdade, cheio do Espírito de Deus! Mais ainda: o próprio Jesus, que veio para nós e por amor de nós, agiu neste mundo, em nosso favor, com uma autoridade que ultrapassava de longe a autoridade de um simples ser humano: Ele agia como o próprio Deus! Não só interpretava a Lei de Moisés, como também a modificou e a ultrapassou; perdoava os pecados, exigia um amor e uma obediência absolutos à Sua Pessoa, demandava um amor que somente Deus poderia exigir. Jesus Se revelava igual ao Pai, absolutamente unido a Ele: “Eu e o Pai somos uma coisa só! Quem Me vê, vê o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em Mim”.
Após a ressurreição, a Igreja compreendeu, impressionada, maravilhada: Jesus não somente é o enviado Daquele Deus a Quem chamava de “Pai”, mas Ele é igual ao Pai: Ele é Deus como o Pai, é eterno como o Pai, é o Filho amado pelo Pai desde toda a eternidade. Então, o Deus de Israel é Pai, Pai eterno, Pai eternamente, que eternamente gera no amor o Filho amado. Por amor, Ele nos enviou este Filho: “Verdadeiro homem, concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, viveu em tudo a condição humana, menos o pecado. Anunciou aos pobres a salvação, aos oprimidos, a liberdade, aos tristes, a alegria”. E para realizar o plano de amor do Pai, “entregou-Se à morte e, ressuscitando dos mortos, venceu a morte e renovou a vida”.
Mas, há ainda mais: o Filho, que sempre viveu entre nós agindo na força do Espírito do Deus de Israel, uma vez ressuscitado e glorificado, derramou sobre os Seus discípulos o Espírito Santo, que é o próprio Amor que o liga ao Pai. Este Espírito de Amor não é uma coisa, não é simplesmente uma força, não é algo: é Alguém, é o Amor que une o Pai e o Filho, e agora é, na Igreja de Cristo, o Paráclito-Consolador, Aquele que dá testemunho de Jesus morto e ressuscitado, Aquele que vivifica e orienta a Igreja, Aquele que renova em Cristo todas as coisas. Ele é o Dom que o Filho ressuscitado recebeu do Pai e derramou sobre a Igreja, para vivificar de Vida divina, santificar com a Santidade divina todas as coisas. Este Espírito permanece no nosso meio na Palavra e nos sacramentos; este Espírito suscita na Igreja dons, carismas, ministérios, dinamismo provindos do próprio Deus; Ele conserva a Igreja unida na mesma fé e na mesma caridade fraterna, este Espírito é a Força divina, a Energia criadora que nos ressuscitará, como ressuscitou o Filho Jesus para a glória do Pai.
É assim que a Igreja confessa um só Deus, imutável, indivisível, perfeito, eterno, absolutamente um só. Mas confessa e experimenta igualmente que, desde toda a Eternidade, este Deus único é real e verdadeiramente Pai, Filho e Espírito Santo, numa Trindade de amor perfeito e perfeitíssima Unidade. A oração inicial da Missa de hoje, exprime este Mistério: “Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade, que é o Filho, e o Espírito santificador, revelastes o Vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente”.
Continuemos, então, a nossa Eucaristia, na qual torna-se presente sobre o Altar a oferta do Filho que, por nós, entregou-Se ao Pai num Espírito eterno. Que toda a nossa existência e que a existência da própria Igreja seja um louvor, uma glorificação, uma doxologia como aquela solene proclamação que conclui a Oração Eucarística de cada Missa: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a Vós Deus Pai todo-poderoso, na Unidade do Espírito Santo, toda honra e toda glória agora a para sempre!” Eis, portanto: ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito, Trindade santa a consubstancial, a glória e o louvor pelos séculos dos séculos. Amém.
Ótimo, gosto muito das homilias feitas pelo Bispo Dom Henrique Soares, que Deus o abençoe!
ResponderExcluirPERFEITO. AO NOSSO DEUS TODA ADORAÇÃO TODA HONRA E TODA GLÓRIA ..AMÉM
ResponderExcluirObrigado Dom Henrique!
ResponderExcluirÓ Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, eu LHE agradeço pela solenidade da SANTÍSSIMA TRINDADE. No entanto, me ajude com a VOSSA sabedoria. Me ajude ser todo do meu REDENTOR. Me ajude ser um bom filho. Me ajude ser justificado pela fé. Me ajude viver em paz, todos os dias da minha vida. Me ajude viver com a VOSSA graça e o VOSSO amor. Me ajude ter esperança, constância e confiança. Me ajude glorificá-Lo diuturnamente. Me ajude vencer as tribulações da vida. Me ajude ser virtuoso. Me ajude ficar cheio do Espírito Santo. Me ajude ser VOSSO discípulo missionário. Me ajude ser fiel à plena verdade. Isso eu LHE peço pela intercessão de Jesus Cristo, VOSSO querido filho e meu amado SALVADOR. Amém.
ResponderExcluir