segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Necroses de um tecido

A sociedade ocidental está se decompondo, desfigurando-se rapidamente. Sua matriz geradora foi a tradição judeu-cristã, que pariu nossa cultura do Ocidente. Foi o cristianismo, com sua crença de que cada indivíduo é imagem e semelhança de Deus em Cristo, quem possibilitou que essa cultura desenvolvesse conceitos como pessoa, direitos humanos, democracia, dignidade do indivíduo, etc. Foi o judeu-cristianismo, ao afirmar que a história é aberta e caminha para uma plenitude e que o homem tem a função de “dominar” a terra, quem inspirou e possibilitou o desenvolvimento tecnológico que fez com que o Ocidente se afirmasse hegemonicamente frente a outras culturas. Sem o cristianismo, o Ocidente não existiria. Até mesmo correntes de pensamento que se mostraram visceralmente antirreligiosas e anticristãs, beberam no cristianismo as bases de suas afirmações...

Desde o século XVIII, no entanto, com o iluminismo racionalista, o homem ocidental deu as costas a Deus, a Cristo, à Igreja e engendrou um projeto suicida: conservar e aprimorar os valores de nossa sociedade negando Deus. Tal projeto continua de pé; vai de vento em popa: a ilusão de um humanismo sem Deus e o Seu Cristo, um plano de fraternidade universal escondendo Jesus Cristo, nosso Senhor... Só há um problema, grave, urgente, inevitável: sem a sua seiva cristã, a grande árvore ocidental vai murchar, morrer e secar. Renegando a cosmovisão cristã que os inspirou, nossa sociedade não poderá conservar os valores admiráveis que construiu.

Atualmente, é moda criticar o cristianismo, avacalhar a Igreja e seu passado, relativizar Cristo, destruir a moral cristã, desfigurando-a. Fazem isso nas universidades, promovem isso nos meios de comunicação, levam adiante essa política nos vários programas de governos... O preço será alto, as consequências serão tremendas, porque o homem não pode matar Deus e continuar sendo humano, vivendo uma vida humana. Seremos lobos de nós mesmos, de nós mesmos desiludidos, por nós mesmos desgostosos. Exemplos dessa necrose? A destruição do conceito de família e de sua realidade mesma, o desencanto e falta de ideal de nossos jovens, a banalização e aviltamento da sexualidade, a exaltação da homossexualidade como ideologia, a corrupção deslavada na política, a violência nas suas mais diversas manifestações, a droga e a guerrilha urbana nas nossas cidades, o desprezo pela vida: aborto, experimentos imorais com embriões humanos, a promoção da eutanásia.

O Ocidente está matando Deus. O Ocidente, por isso mesmo, morrerá! A continuar assim, nosso destino não muito distante serão a barbárie e a tirania. Ao fim das contas, valem para toda a nossa sociedade as palavras que o ateu Miguel de Unamuno dizia ao Deus em Quem não conseguia crer: “Que pena que Tu não existas. Se existisses, eu também existiria de verdade”.


4 comentários:

  1. Concordo plenamente com suas palavras, cada vez que leio as atrocidades que se cometem penso que o maligno tem o domínio total do mundo. Eu não li muito a obra de Unamuno, mas tem uma poesia dele que me comove, e nunca pensei que fosse ateu: ""Agranda la puerta, padre,
    porque no puedo pasar;
    la hiciste para los niños,
    yo he crecido a mi pesar.
    Si no me agrandas la puerta,
    achícame, por piedad;
    vuélveme a la edad bendita
    en que vivir es soñar." (Miguel de Unamuno)

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  2. Videira verdadeira, ajudai-nos permanecer em ti, pois sem o teu auxílio marchamos, secamos e o que nos espera é o fogo que não se apaga

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  3. Videira verdadeira, ajudai-nos permanecer em ti, pois sem o teu auxílio murchamos, secamos e o que nos espera é o fogo que não se apaga

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  4. Obrigada Dom Henrique pelos esclarecimentos! Penso que cada um de nós é responsável pela porção de mundo que está próxima, devemos amar, nos converter, ajudar o próximo a viver o cristinismo e combater o Mal na medida do possível com a ajuda de Deus!

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