quarta-feira, 22 de maio de 2019

A propósito de Jo 14,27-31a

O Senhor Jesus dá aos Seus discípulos o shalom de Deus: a paz da reconciliação com o Senhor Deus, o Eterno. Esta paz, a humanidade perdera com o pecado; somente na Cruz pascal do Senhor ela poderia ser recuperada: "O castigo que nos dá o shalom caiu sobre Ele; pelas Suas chagas fomos curados" (Is 53,5b). 

A paz que o Senhor dá aos Seus discípulos é fruto direto da ação do Seu Espírito: “Shalom, paz a vós! Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,19.22), disse o Senhor e continua a dizer continuamente à Sua Igreja, sobretudo na Eucaristia, quando comungamos com o Seu Corpo imolado e ressuscitado, no qual foi realizada a nossa paz, fruto da reconciliação com Deus (cf. Ef 2,13s.16)!

A paz que Cristo nos concede nada tem a ver com a paz do mundo: “Não vo-la dou como o mundo a dá!”
A paz de Cristo brota do nosso interior; é fruto único e exclusivo da ação profunda do Santo Espírito de Cristo em nós e brota da nossa união com o Cristo Salvador. Assim, mesmo na dor, na perseguição, nas provações exteriores e interiores, o cristão experimentará a paz!
Quanto à paz do mundo, depende das situações externas, é efêmera e jamais atinge as raízes do nosso ser: paz provisória, superficial, parcial, insuficiente, inconsistente...

A paz do cristão brota da experiência profunda e contínua da presença do Senhor entre nós, no âmago da vida da Sua Igreja: “Eu vou, mas voltarei a vós” na potência do Santo Espírito, no dom dos sacramentos cheios de Espírito Santo!
Este Espírito de paz brota do Pai que é fonte de tudo na Trindade Santa – por isso o Senhor diz que o Pai é maior que Ele, no sentido de que o Pai é Sua Fonte bendita, absoluta e primordial: “Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é Minha fonte” – é este o sentido correto e profundo desta afirmação!
Brotando do Pai, o Espírito é eterna e totalmente derramado no Filho, que é gerado pelo Pai; do Filho, o Espírito transborda para fora da Trindade, numa explosão de Amor que tudo cria, sustenta e santifica!
É este Espírito de Amor, derramado eternamente sobre o Filho que, no tempo do nosso mundo, foi derramado de modo pleno sobre a humanidade de Jesus, ressuscitando-O dentre os mortos. Este Espírito de Amor, Espírito de Paz, Espírito-Amor, Espírito-Paz, o Senhor derrama sobre os Seus discípulos. Dizer “deixo-vos a Minha Paz” e dizer “deixo-vos o Meu Espírito” são a mesma coisa!

É este Espírito Quem convencerá o mundo, e sobretudo os cristãos, da veracidade do senhorio de Cristo Jesus! É Neste Espírito que o Senhor desmascarará o mundo e o seu Príncipe, que nada poderá contra o Senhor totalmente entregue ao Pai na Cruz e totalmente elevado em Glória na Ressurreição (cf. Jo 16,7-11)! Para o IV Evangelho, a Cruz e a Ressurreição são momentos da mesma Glória de Cristo: entregando-Se totalmente à morte em sacrifício, Ele revelou ao mundo o Seu amor pelo Pai e, ressuscitado, o Pai manifestou no Filho toda a Sua Glória (cf. Jo 12,28; 17,1), fonte de reconciliação e paz para toda a criação! E tudo isto se torna presente realmente no Altar da Eucaristia: no Seu Corpo imolado e ressuscitado está a nossa paz, a paz da Igreja, a paz da humanidade, a paz de toda a criação (cf. Ef 2,13-18)! Efetivamente, “grande é o Mistério da piedade!” (1Tm 3,16)


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