35Jesus soube que eles
o haviam expulsado. Veio, então, encontrar-Se com ele e lhe disse: “Crês no
Filho do Homem?” 36E ele respondeu: “Quem é Ele, Senhor, para que eu creia
Nele?” 37Jesus lhe disse: “Tu o estás vendo: é Aquele que te fala”. 38O homem
disse: “Creio, Senhor”, e se prostrou diante Dele. 39E Jesus disse então: “Eu
vim a este mundo para um julgamento, a fim de que aqueles que não viam vejam, e
aqueles que viam se tornem cegos”. 40Alguns fariseus, que se achavam com Ele,
ouviram isso e Lhe disseram: “Acaso também nós somos cegos?” 41Respondeu-lhes
Jesus: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas dizeis: ‘Nós vemos!’ Vosso
pecado permanece”.
Comentando:
Neste trecho temos o ápice da narrativa de João: Jesus
veio ao encontro do que fora cego. Antes viera ao seu encontro para
replasmá-lo, impondo-lhe o barro com o Seu Sopro, como que recriando-o; agora
vai confirmar definitivamente a sua fé. “Crês no Filho do Homem?” Filho do
Homem é o título que Jesus costumava usar para Si próprio, evitando assim que o
título de Messias fosse manipulado pelos que pensavam num messias
político-guerrilheiro, cujo reino fosse uma realidade sócio-econômico-política,
nos moldes da Teologia da Libertação, num messias curandeiro e milagreiro, tipo
aquele das seitas e de certos grupos católicos, num messias justiceiros, ao
gosto de certos rigoristas... Filho do Homem era um título ambíguo (poderia
significar simplesmente homem, com toda a fragilidade dos filhos de Adão,
vindos do pó da terra, como em Ezequiel ou, por outro lado, poderia evocar o
personagem divino e misterioso presente no livro de Daniel 7), e, por isso
mesmo, mais conveniente para ser usado, até que na Paixão ficasse claro que
tipo de messias era Nosso Senhor: Jesus é o Filho do Homem nos dois sentidos: homem
frágil até Se tornar homem de dores e, contemporaneamente, o Filho do Homem
cheio de Glória à Direita do Pai!
Como quer que seja, a pergunta que o Senhor faz ao
cego é a mesma que faz a todo aquele que ouve a proclamação do Seu Evangelho:
“Crês no Filho do Homem? Crês em Mim?” Não se trata de crer numa doutrina, numa
teoria; trata-se de crer e aderir com toda a vida a uma pessoa: à Pessoa
adorável de Jesus de Nazaré, Cristo-Messias do Pai, verdadeiro Deus e
verdadeiro homem. Ninguém pode escapar de responder a esta questão: “É agora o
Julgamento deste mundo: “Aquele que Nele
crer, não será julgado; o que não crer, já está julgado porque não creu no
Filho único de Deus! E este é o julgamento: a Luz veio ao mundo, mas os homens
preferiram as trevas à Luz!” (Jo 3,18-19) Tremendas palavras, que ecoam com
toda força no presente contexto desta perícope do Evangelho e na nossa situação
do mundo atual!
Importante aqui é a pergunta do que fora cego: “Quem é
Ele, para que eu creia?” Bem diferente da falsa segurança e da autoconfiança
dos fariseus, que já tinham uma resposta arrumada e preconceituosa para tudo, o
que fora cego procura sinceramente a verdade... E Jesus responde de modo
comovente: Tu O estás vendo! Eu te curei para isto: para que Me vejas, para que
Me contemples, em Mim creias e em Mim tenhas a luz da Vida em abundância! Eis,
que maravilha: para isso o cego fora curado: para crer em Jesus, amá-Lo e Nele
ser salvo. Lembre que, no Evangelho de João, ver, contemplar e crer são a mesma
coisa! Para isso Israel fora libertado do Egito: para prestar um culto ao
verdadeiro Deus e ser salvo por Ele; para isto Jesus veio ao mundo, para isto
existe a Igreja, para isto a atividade missionária! Toda ação de Deus por nós é
teocêntrica, é para a glória de Deus em Cristo – e, portanto, também é cristocêntrica!
Na fé e vida da Igreja o centro é Cristo que nos leva ao Pai no Espírito. Todo
o resto depende disso e a isso é ordenado! É uma traição à fé o
antropocentrismo virulento que vemos hoje em muitos setores da vida da Igreja:
de tanto se falar do homem – e do homem como um absoluto –, relativiza-se Deus
e transforma-se a fé cristã em mera filantropia de esquerda ou de direita,
conforme o gosto do freguês! Como recordou o Santo Padre Bento XVI em
Aparecida, e o Papa Francisco já fez eco algumas vezes a tal ensinamento, a
realidade é Deus; é Ele o verdadeiramente Real e Aquele que nos faz ver
verdadeiramente a realidade! E o que fora cego crê, confessa sua fé e
prostra-se diante de Jesus: “Creio,
Senhor!” Eis o cume do nosso texto: finalmente, o cego dá a Jesus o título perfeito, o título cristão:
Senhor, Kyrios em grego, Adonai em hebraico: “Toda língua confesse para a glória de Deus Pai que Jesus Cristo é
Senhor!” (Fl 2,11) Eis o Nome acima de todos os nomes!
Depois, a palavra duríssima de Jesus, que serve de
tremenda advertência para mim e para você, meu Leitor: Ele veio ao mundo para
um juízo, como um sinal de contradição: vem dar a luz aos que eram cegos e
procuravam a luz e vem revelar a cegueira dos que caminham soberbamente
confiando na sua própria luz e não na luz de Deus, que brilha no Seu Cristo
bendito! Daí Sua palavra aos fariseus – e a mim e a você: Se nos reconhecermos
cegos e procurarmos caminhar na Sua luz, enxergaremos de verdade;
reconhecendo-nos cegos, somos perdoados e iluminados (lembre de Nicodemos,
mestre judeu, que vem na treva da noite procurar a Luz – cf. Jo 3,1-2). Mas, se
presunçosamente, caminharmos na nossa própria luz, na nossa própria teimosia,
dizendo: “Eu vejo” (vendo-se com sua própria luz e à sua própria luz, que, no
fundo, é humana treva...), então permaneceremos na escuridão de nosso pecado, como
os piores cegos: aqueles que não querem ver porque, iludidos, pensam que já
enxergam!
- Jesus, Filho de Deus,
Jesus, Senhor bendito,
Jesus, Nome acima de
todo nome!
Creio em Ti,
Em Ti espero,
A Ti amo!
Aumenta a minha fé,
Guarda, conserva a
minha esperança,
Faz crescer o meu amor!
Tu és o Messias
prometido a Israel e por ele esperado,
Tu és o Salvador do
mundo,
A Luz da humanidade,
A Vida de todo ser
vivente!
A Ti a glória,
Agora e por toda a
Eternidade! Amém.
A gente percebe nessa leitura do evangelho que os farireus eram autossuficientes, orgulhosos e não aceitavam Jesus como Salvador, por isso eles eram cegos, caminhando na escuridão do pecado. Peçamos a Jesus que encha nossos corações de amor e humildade. E aumente a nossa fé no divino redentor.
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