Vai de vento em popa na nossa
sociedade a canonização da prática homossexual...
A este respeito, gostaria de
propor algumas reflexões – e peço que você, meu caro Amigo, procure ponderar
bem o que estou dizendo. Não pretendo aqui levantar bandeiras ou promover
cruzadas...
Leia com calma o que escrevo,
procurando compreender e contextualizar minhas palavras no todo do que entendo afirmar.
Quero deixar claro que falo para
cristãos, para aqueles que desejam orientar sua vida e seu pensar segundo o
Evangelho tal qual recebemos da Tradição Apostólica e nos é ensinado pela Santa
Igreja de Cristo. Meu objetivo aqui é somente ajudar os católicos a pensar esta
complexo tema da homossexualidade à luz do Cristo Jesus. Só isto!
Eis os tópicos que gostaria de
apresentar:
1. É necessário que as pessoas
homossexuais sejam respeitadas e não sejam estigmatizadas por suas tendências
sexuais. A violência contra homossexuais – sejam elas físicas ou morais – é um
crime e, diante de Deus, um pecado.
Cada pessoa deve ser respeitada
com suas características e sua história, suas escolhas e seu modo de viver, desde
que isto não prejudique os demais.
2. Também é correto desejar que
cada pessoa tenha o direito de viver sua vida de acordo com seus valores e sua própria consciência, desde que respeitando o bem comum e as normas da boa convivência
social.
No entanto, não é aceitável que
minorias homossexuais organizadas queiram impor a toda a sociedade seus valores
e seu modo de pensar, destruindo o sentido genuíno do que seja família e do que
seja casamento, valores que alicerçam nossa cultura e nossa sociedade. Não é admissível que uma ideologia de minoria destrua valores sagrados e consagrados de uma imensa maioria!
Por exemplo: Se duas pessoas do
mesmo sexo desejam viver juntas "maritalmente", é um direito de
escolha delas. Também é um direito delas que a legislação preveja os direitos e
deveres oriundos dessa convivência. Mas, não é um direito querer impor a toda a
sociedade chamar esta situação de "matrimônio", pois aqui se muda o
conceito de matrimônio da totalidade da sociedade! Uma coisa é respeitar o
direito de uma minoria, outra, bem diferente, é uma minoria impor a toda uma
maioria a mudança de valores fundamentais como a família e o matrimônio como
relação estável e aberta à vida entre um homem e uma mulher. O direito de uns
não deveria solapar o direito de outros!
3. O sincero respeito que se deve
ter pelos homossexuais não deve e não pode significar que todos tenham a
obrigação de fazer uma avaliação positiva da homossexualidade e, menos ainda, da
prática homossexual.
Respeitar a pessoa, suas
tendências, suas opções, sim.
Quanto à avaliação de suas ações
e modo de viver, depende dos critérios que alguém tome como norte e sentido da
existência humana... E este também é um direito sagrado: direito a ter um sistema de valores, com noção clara do que é correto e do que é errado...
Deste modo, para um ateu, o critério é
ele próprio e seu modo de pensar; ele mesmo é sua medida - e nisto deve ser
respeitado!
Para um crente, o critério do
certo e do errado é o próprio Deus: ao que Deus chama errado, o crente somente
poderá chamar de errado também! Assim sendo, para um cristão, o critério de
tudo - também das questões ligadas à sexualidade - é o Cristo tal qual crido e
anunciado pela Igreja dentro da Tradição Apostólica. O cristão não se funda nas
modas, não fundamenta seus critérios na voz da maioria, mas em Cristo Jesus,
como Verdade última para a humanidade.
O cristão deve respeitar a
opinião dos demais, mas a sua opinião funda-se em Cristo Jesus!
4. Pensemos agora num cristão
homossexual.
Para um mundo pagão como o nosso,
para pessoas que não têm como critério o Evangelho, ser homossexual e viver a
homossexualidade não são problema algum; como não o é a infidelidade conjugal,
como não o são as relações pré-matrimoniais e outras realidades mais...
E por que isto? Porque não se
crendo em Cristo, não é Ele o critério! E qual é o critério? Em geral - e digo-o com todo o respeito! - o critério dos não-crentes são eles próprios, seu modo
de pensar, sentir e viver... É um direito deles: pensarem e viverem
como desejarem!
Mas, para alguém que creia em
Cristo e deseje viver segundo a fé cristã, o ser homossexual traz sim
dificuldades, conflitos e dores. E isto porque o critério da vida de um cristão
não é a moda, não é a mentalidade dominante, não é nem mesmo a própria pessoa;
o critério é a norma do Evangelho, expressa na fé da Igreja.
Portanto, isto exige - para todo
aquele que crê - deixar-se sempre a si mesmo para abraçar, na própria vida e
com a própria vida, a norma de vida de um Outro – Daquele que disse: “Quem
quiser ser Meu discípulo, renuncie-se a si mesmo e siga-Me!” – não é e não será
nunca uma tarefa fácil!
Crer é sair de si à procura de um
Outro, é deixar-se para encontrar-se no Outro, é tomar o Outro como critério,
norma e caminho da própria vida! E isto em todos os aspectos da existência,
também na questão da sexualidade e da homossexualidade!
Assim, uma coisa é um homossexual
ateu ou não-cristão - sua norma é seu próprio pensamento e medida; outra coisa
é um homossexual cristão - sua norma é o preceito de Cristo!
5. Um homossexual cristão deve
sim procurar corajosamente aceitar sua realidade homossexual, mas não para
viver do seu jeito e sim do jeito de Cristo! Portanto, para um cristão, aceitar
a própria homossexualidade não significa vivê-la de qualquer jeito, mas
colocá-la debaixo do senhorio de Cristo!
E qual é o jeito de Cristo? Qual
a Sua norma para a sexualidade humana?
Certamente que essa norma é
aquela da vida sexual como expressão do amor e da entrega a outra pessoa, numa
tal comunhão que, selada pelo sacramento do matrimônio, seja até à morte e
aberta de modo fecundo aos filhos que Deus der.
Para Deus, tal qual nos foi
revelado na perene Tradição apostólica – sejamos claros – a norma é a
heterossexualidade e não a homossexualidade! Para um cristão homossexual
certamente isto provoca uma séria crise!
Mas, atenção a qui: todos nós temos nossas crises... também no campo afetivo e sexual... Crer nos colocará sempre em crise, pois nos revela o que somos e nos convida a partir em direção do que deveríamos ser aos olhos do Senhor! É verdade, no entanto, que a crise no tocante à sexualidade é muito mais séria e estrutural!
Mas, atenção a qui: todos nós temos nossas crises... também no campo afetivo e sexual... Crer nos colocará sempre em crise, pois nos revela o que somos e nos convida a partir em direção do que deveríamos ser aos olhos do Senhor! É verdade, no entanto, que a crise no tocante à sexualidade é muito mais séria e estrutural!
E é preciso que se diga: para um
cristão com tendência homoafetiva, a homossexualidade tem a marca da cruz – é
sim uma cruz! Mas, o nosso Salvador Jesus disse: “Toma a tua cruz e segue-Me!” Em outras palavras: “Segue-Me com
tua homossexualidade! Segue-Me com as crises e dificuldades nas quais ela te
coloca! Eu estarei contigo no teu pranto, na tua solidão, no teu medo! Eu continuarei a ti amar, a ti esperar, a acreditar na tua capacidade de superação! Eu nunca me cansarei de te amar! Toma a tua cruz, deixa-te, vem Comigo; cresce à Minha medida, medida da humanidade livre, transfigurada, redimida, como o Meu Pai do Céu sonhou!”
Um homossexual que deseje viver
seriamente sua fé cristã deve saber que é amado pelo Senhor, que não é
rejeitado pela Igreja, mas que deve – como também os heterossexuais – colocar
sua sexualidade debaixo do senhorio de Cristo:
deve lutar para ser casto, para
ser reto, para fugir de toda leviandade e imoralidade;
deve claramente reconhecer que os
atos homossexuais, aos olhos do Senhor Deus, não são moralmente corretos como a
relação heterossexual no casamento...
Por isso é muito importante que
um homossexual cristão procure a ajuda de um sacerdote ou de um cristão maduro,
ponderado, fiel a Cristo e à Igreja que possa ajudá-lo no seu caminho. Quem não
precisa da ajuda dos outros no caminho de Cristo? Não é isto a Igreja? Não é
isto que nos manda a fé cristã: ter uma orientação espiritual com alguém que
saiba curar as próprias feridas e as dos outros?
Atenção que isto não vale só para
os homossexuais... Pense num jovem que deseje levar a sério sua castidade, num
esposo que de verdade procure ser fiel, num político que sinceramente deseje
ser honesto... Crise e luta para sair do seu
critério e abraçar o critério do Senhor são uma herança de todo cristão - e Jesus
no-lo preveniu!
E se houver quedas no caminho
desse irmão homossexual? E se as amizades descambarem para atos homossexuais?
É não desanimar: como qualquer
cristão, trata-se de olhar para o Cristo, pedir perdão no sacramento da
Penitência e recomeçar o caminho, procurando vencer o pecado!
E se um homossexual cristão,
mesmo reconhecendo que os atos homossexuais não são moralmente agradáveis a
Deus, não conseguir ser casto, e procurar viver com outra pessoa do mesmo sexo,
inclusive tendo uma vida sexualmente ativa?
Nem assim deve pensar que já não
é cristão! Deve reconhecer claramente que sua situação não é o ideal diante de
Deus; objetivamente falando, é de pecado! No entanto, deve viver uma vida o quanto possível digna diante do Senhor
e dos homens. Não deve deixar a oração nem a frequência à Santa Missa e deve
dizer sempre – todos nós devemos dizer sempre com o coração, o afeto, a alma e
também com as lágrimas: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de
mim, pecador! Não condigo subir a Ti; desce à minha miséria, toca a minha situação! Nada é impossível para Ti!”
Certamente que aquele que se
decida por uma vida de prática de atos homossexuais não deve se confessar
sacramentalmente nem receber a comunhão eucarística; mas pode sim procurar
sempre o conselho e a ajuda de um sacerdote ou de um cristão que o auxilie no
caminho de seu seguimento a Cristo.
É muito importante compreender
que não há miséria e drama humanos que não possam ser atingidos pela cruz do
Senhor!
Não se trata de chamar certo ao
que é errado ou de avaliar como virtude ao que é fraqueza aos olhos do Senhor;
trata-se, sim, de ter misericórdia, de acolher, de ter compaixão do outro! Eis: a verdade na caridade e a caridade verdadeira!
Triste daquele que vir o irmão
levando pesado fardo e ainda aumentar-lhe o peso com o desprezo e a rejeição!
O pecado deve ser chamado sempre
pecado, mas o pecador deve ser sempre acolhido com misericórdia e respeito e
tratado como um irmão. Quem de nós não é pecador? Quem de nós não é ferido?
Quem de nós não tem suas doenças espirituais? "Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra!" - assim nos corrige o Senhor, o único sem pecado!
6. Não sabemos por que algumas
pessoas nascem homossexuais.! Nem mesmo as ciências sabem ao certo... Sabemos que elas não escolheram a tendência que
possuem; sabemos também que não são moralmente doentes – há tantos homossexuais
tão dignos e generosos!
Mas, sabemos que elas podem
seguir o Senhor e devem fazer o melhor de si para serem santos, para serem
cristãos de verdade!
O resto, coloquemos nas mãos do
Senhor, com os olhos fitos em Cristo, que morreu por todos de modo tão atroz,
exatamente porque grande é a profundidade de nossas misérias e contradições!
Diante de mistérios assim, diante
dos enigmas da existência, diante da dor e da cruz dos irmãos, devemos olhar
para o céu e pronunciar, comovidos e humildes, aquela sábia bênção judaica, que
cabe muito bem nos lábios de um cristão: “Bendito sejas Tu, Senhor nosso Deus,
que guardas os segredos!” Isto mesmo: Ele sabe os
mistérios! Ele conhece o motivo; Ele sabe o porquê. Nós não sabemos nada!
7. Esta é a diferença entre o
pensar cristão e a perspectiva do mundo atual, pós-cristão e até anti-cristão: para
esse mundo, a vida é sem Deus mesmo: cada um é a sua verdade, a sua medida e o
seu próprio critério; cada um faz o que bem entende com a existência! Um
cristão respeita esse modo de ver e viver; mas de modo algum pode concordar com ele...
Para o cristão, a vida é dom, é
mistério a ser vivido diante de um Outro que nos ama e a quem deveremos prestar
contas.
Num mundo sempre mais pagão e
menos cristão, vai ficando difícil compreender estas coisas...
Aos pais cristãos que tenham
filhos homossexuais, eu digo: acolham-nos com amor e respeito, ajudem-os a
definir os valores de sua vida segundo os critérios de Cristo, não os abandonem
nunca nem os tratem com desprezo, mostrem-lhes sempre Jesus como ideal e
caminho de felicidade e realização e, no fim de tudo, rezem muito por eles e os
respeitem no rumo que derem à vida, desde que digno e responsável, sem
leviandades ou desrespeito ao sagrado recinto do lar! Atenção que respeitar os homossexuais não é pensar que eles também não devam respeitar limites e regras!
8. Quanto aos jovens “felizes e
realizados” com sua “opção” sexual, tais como o mundo os deseja e propaga, paciência:
é o modo de pensar e viver dos que já não conhecem a Deus e Seu Cristo Jesus!
Que Nosso Senhor também a esses -
como a nós todos! - mostre a luz bendita do Seu Rosto para que vejam o
verdadeiro sentido da vida e encontrem a verdadeira paz e realização!
Não podemos impor aos não-crentes
nossos valores; por eles podemos rezar, amá-los e anunciar-lhes Jesus Cristo
integralmente, sem máscaras nem descontos, Ele que é Caminho, Verdade e Vida da
humanidade e de cada pessoa!