Jo 5,31-47
A liturgia desta reta final da Quaresma centra nossa atenção no Salvador nosso Jesus Cristo e na Sua peleja com os judeus: “Veio para o que era Seu e os Seus não o receberam” (Jo 1,11). Isto se mostra de modo dramático no Evangelho segundo João.
Na disputa do Enviado do Pai com os judeus que não O reconhecem, o Senhor apresenta hoje Suas testemunhas:
Primeiro: João Batista: ele deveria ter sido acolhido por Israel como uma lâmpada que ilumina a estrada até Cristo. Por um momento, Israel o ouviu, mas, ao fim, o rejeitou! Não aceitou o seu testemunho!
Segundo: As obras, os sinais que o Senhor Jesus realizou. Todos os milagres de Cristo tinham um significado prefigurado, anunciado no Antigo Testamento: curou cegos porque era a Luz, limpou leprosos porque nos purifica dos pecados, fez coxos andarem porque nos liberta dos aleijões do coração, expulsou demônios porque trazendo o Reino de Deus destruiu o poderio do reino de Satanás e seus demônios, multiplicou os pães porque é maior que Moisés que deu o maná, transformou água em vinho porque superou a Antiga Aliança dando o bom vinho do Espírito da Nova e Eterna Aliança, ressuscitou mortos porque Ele mesmo é a Ressurreição prometida pela Antiga Aliança... Tantas obras; e Israel não quis ver, vendo não quis compreender, compreendendo, não quis acolher!
Terceiro: O próprio Pai, a Quem Israel chama Senhor-Adonai, o Santo de Israel: Ele deu testemunho de Jesus no Jordão, no Tabor, no Templo! Mas, Israel não quis saber de ouvir, de ponderar, de se perguntar ao menos pelo significado de Jesus de Nazaré. O fechamento foi duro, total, teimoso, persistente!
Quarto: As Santas Escrituras de Israel, de modo geral. Todos os profetas, todos os livros das Escrituras, todos os Salmos, direta ou indiretamente, apontavam para o Messias, e tinham marcas, intuições, lampejos, afirmações veladas ou claras sobre o Cristo e Seu mistério. Israel perscrutava as Escrituras, mas ficou e permanece na letra; é incapaz de lê-las e ouvi-las no Espírito! A queixa do Senhor nosso é clara: “Vós não quereis vir a Mim para terdes a Vida”. Israel prefere ficar na letra da Lei de Moisés, nos preceitos e práticas das tradições rabínicas... A vitalidade da Aliança degenerou em rabinismo fossilizado e pesado!
Quinto: O próprio Moisés, por quem foi dada a Lei a Israel! A afirmação do Senhor é tremenda: “Há outro que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança!” A esperança de Israel deveria ser no Senhor Deus e no Seu Messias! Israel para em Moisés, apega-se à Lei, coloca sua esperança nos seus preceitos interpretados e multiplicados pelos rabinos!
É esta misteriosa rejeição, esta cegueira, esta dureza, esta tendência que Israel sempre teve de fazer do seu modo, de reduzir à sua medida o desígnio amplo do Senhor Deus de salvar toda a humanidade e chamar os gentios à Aliança; o tremendo engano de confundir Reino de Deus com reino do Povo de Deus... Foi este triste caldo que, ao fim das contas, fez Israel rejeitar o seu Messias e entregá-Lo aos gentios, aos romanos.
Estejamos atentos, porque também nós somos tentados a esta mesma dinâmica perversa de manipular o plano de Deus, de desfigurar a imagem do santo Messias do Pai! O resultado será sempre trágico: mataremos o Senhor em nós... Mas, quando O matamos, nós mesmos morremos! Quanto a Ele, é o Vivente, Imortal pelos séculos dos séculos! Amém.
Interessante, quando vemos a rejeição do povo de Israel, quanto testemunho a favor de Jesus, e mesmo assim eles não o aceitaram, não quiseram ouvi-lo!
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