sábado, 13 de abril de 2019

O caminho para a Páscoa na Liturgia da Palavra (X)

Jo 8,51-59

Em todo este caminho para a Semana Santa, o IV Evangelho vai revelando a tensão crescente entre Jesus e “os judeus”, isto é, os chefes judaicos. Não é para menos: a pretensão de Jesus nosso Senhor ultrapassa tudo quanto os judeus poderiam imaginar: Jesus reivindica o próprio Nome divino: EU SOU! Como já foi explicado anteriormente, esta expressão remete a Ex 3,14, onde Deus Se revela a Moisés, mas também a Is 43,10-12: “As Minhas testemunhas sois vós – oráculo do Senhor – vós sois o servo que escolhi, a fim de que saibais e creiais em Mim e que possais compreender que EU SOU: antes de Mim nenhum Deus foi formado e depois de Mim não haverá nenhum. Eu, EU SOU o SENHOR, e fora de Mim não há nenhum Salvador! Fui eu que revelei, que salvei e falei, nenhum outro Deus houve jamais entre vós!” Por isso, os judeus querem punir o Senhor com a pena que Lv 24,16 prescreve para quem blasfema o Nome de Deus! Sim: Jesus nosso Senhor é Deus bendito para sempre (cf. Rm 9,4s)! É por isso que Ele – e só Ele – conhece o Pai, no sentido profundo de participar da mesmíssima Vida divina do Pai; somente Ele pode revelar o Pai, somente Ele vem do seio do Pai! Por isso também todo aquele que guarda a Palavra que Ele recebeu do Pai jamais verá a morte!

Que significam estas palavras? Que todo aquele que vivem em Cristo imolado e ressuscitado, batizado no Seu Espírito Santo, nunca ficará na morte, mas ainda que morra, viverá! Esta “morte” a que Se refere o Senhor não é simplesmente a morte biológica, física, mas uma outra, definitiva, tremenda: a morte eterna, a morte da alma, a chamada segunda morte!

Quanto às palavras sobre Abraão, primeiramente o Senhor afirma que Abraão viu o Seu Dia! Isto é impressionante, porque as Escrituras falam muitas vezes no Dia do Senhor Deus! Ora, falando no Seu Dia, mais uma vez Jesus Cristo Se iguala ao Pai, ao Deus de Israel!

Depois, a alegria de Abraão ao ver o Dia de Cristo. Aqui, Nosso Senhor Se considera o verdadeiro Isaac, a verdadeira descendência de Abraão. Vimos isto abundantemente nas meditações sobre a Epístola aos Gálatas! O Dia de Cristo, antevisto profeticamente por Abraão, refere-se ao nascimento de Isaac, quando Abraão riu, exultante de alegria (cf. Gn 17,17). Jesus é o verdadeiro Isaac, a Vítima do sacrifício que Deus providenciou como Cordeiro (cf. Gn 22,8.13), não poupando o Seu próprio Filho (cf. Rm 8,32), Ele que poupara o filho de Abraão!

Fique, no nosso coração, a pergunta dos judeus a Jesus nosso Senhor: “Quem pretendes ser?” E fiquem as respostas que o Cristo vai dando, revelando-Se mais e mais como o próprio Filho divino, provindo do Seio do Pai e, por isso, mesmo, nossa Salvação e nossa Vida!


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