sábado, 10 de agosto de 2019

Homilia para o XIX Domingo Comum - ano c

Sb 18,6-9
Sl 32
Hb 11,1-2.8-19
Lc 12,32-48

Quando o Evangelho não nos é exigente?
Quando a Palavra de Deus não nos questiona?
A Escritura diz que “a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do qualquer espada de dois gumes; penetra até dividir alma e espírito, junturas e medulas. Ele julga as disposições e intenções do coração” (Hb 4,12).
A cada Domingo, fazemos experiência dessa exigência viva e eficaz da Palavra do Senhor em nossa vida. É o caso também deste hoje.

Comecemos com a advertência consoladora e carinhosa do Senhor Jesus: Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do vosso Pai dar-vos o Reino”. Tão atual e necessária esta palavra! A fé cristã e a Igreja são tão combatidas atualmente, tão incompreendidas! Ataques externos; incertezas internas; calúnias externas, relativismos e radicalismos internos; ideologias externas, minando a fé internamente!
Cada vez mais, nossa sociedade se paganiza, cada vez mais rejeita o cristianismo, cada vez mais fortemente apostata da fé na qual foi plasmada e cada vez menos compreende o Evangelho e suas exigências. Com quanta força se contesta a moral cristã; com quanta ênfase se ressalta e propaga a fraqueza desse ou daquele membro da Igreja, sobretudo do clero... O interesse é um só: desmoralizar a Igreja como porta-voz do Evangelho. Desmoraliza-se a Igreja para calar-se e desmoralizar-se a moral cristã e suas exigências. E tudo isto tem reflexos internamente! Quantos filhos da Igreja, até mesmo pastores, pensam de modo mundano e falam pensamentos mundanos!
Olhemos o Crucificado, pensemos nas Suas exigências e recordemos o que o mundo pensa e diz: “Não queremos que Ele reine sobre nós!” (Lc 19,14) Pois, bem: a nós, pequeno rebanho - rebanho cada vez menor -, o Senhor exorta: “Não tenhais medo, pequenino rebanho!” Não temais o mundo pagão, não temais os escândalos, não temais vossas próprias infidelidades e fraquezas, não temais os sábios da sabedoria deste mundo, que não podem compreender as coisas de Deus (cf. 1Cor 1,21) e crucificaram e crucificam ainda o Senhor da Glória (cf. 1Cor 2,8). Não temais ante as dificuldades da vida e as incertezas na vida da Igreja!

Mas, como é possível resistir? É tão grande o combate; é tão dramática a batalha! As leituras da Missa de hoje dão-nos uma resposta emocionante. O Livro da Sabedoria nos recorda a noite da saída do Egito. Israel era um povinho, um bando de escravos, menos que nada, menos que ninguém... Como suportou o sofrimento? Como se conservou fiel a Deus? Como resistiu? Como não se dispersou? Resistiu porque colocou somente em Deu sua esperança: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos”. O povo de Deus, escravo no Egito, não duvidou da promessa que Deus fizera a Abraão; o povo esperou contra toda esperança e esperou no julgamento de Deus: “Os piedosos filhos dos bons fizeram este pacto divino: que os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. Um povo unido pela esperança em Deus e pela fé na Sua Palavra. 

A segunda leitura, da Carta aos Hebreus, também nos responde: a fé, mãe da esperança, foi a força dos amigos de Deus. “A fé é um modo de já possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem”. Na fé, já possuímos, na fé, já tocamos com as mãos aquilo que o Senhor nos prometeu e nos preparou. Foi pela fé que nossos antepassados partiram, deixaram tudo; pela fé tiveram a coragem de viver errantes, morando em tendas, daqui para ali... Pela fé, viveram como estrangeiros nesse mundo, colocando toda esperança em Deus, que nos prepara uma Pátria melhor, no Céu; pela fé, Abraão, nosso pai, foi capaz de sacrificar seu filho único... Pela fé deles Deus não se envergonha deles, ao ser chamado o seu Deus”.

Vede, pois, Irmãos: o caminho que o Senhor nos propõe nunca foi fácil... Somente aqueles que tiveram a coragem de se deixar, de se abandonar, de se entregar, perseveraram até o fim. É o que o Senhor nosso, Jesus Cristo, nos propõe hoje: “Vendei vossos bens e dai esmola... Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no Céu... Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas, como homens esperando seu senhor voltar. Ficai preparados!” Todas essas palavras nos convidam ao desapego, à vigilância, à atitude de disponibilidade, de entrega e esperança diante de Deus. E como tudo isso é difícil, num mundo que propõe como ideal de vida o conforto, a fartura de bens, o individualismo, a confiança somente no que se vê, a dispersão interior e exterior!
Dizei: como as crianças podem ter amor a Deus passando horas e horas diante dos filmes e desenhos animados pagãos? Como os adultos podem prender o coração às coisas de Deus, empanturrando-se de dispersão, de novelas e de futilidades mundanas? Como rezar bem se nos apegamos ao conforto desmesurado? Como manteremos nosso fervor dispersos em mil bobagens? Como permanecer atentos ao essencial se vivemos presos às distrações e escravidão das redes sociais? Como seremos realmente fortes na fé sem combater nossos vícios? Como estaremos prontos para levar a cruz na doença, nas dificuldades da vida conjugal, no desafio da educação dos filhos, na luta do combate aos vícios, na busca sincera de sermos retos, decentes e honestos por amor de Cristo? Como viver tudo isso sem a vigilância? Como permanecer firmes na fé católica sem a oração e a procura das coisas de Deus? O Senhor virá na noite desse mundo: “E caso chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão” se nos encontrar vigilantes! Vigiemos, portanto!

Caríssimos, esta advertência é para todos, e de modo especial, para nós, pastores do rebanho, a quem o Senhor constituiu “administrador fiel e prudente”. Que não caiamos na ilusão de pensar: “Meu patrão está demorando” e nos entreguemos à infidelidade! Não temamos; vigiemos, sejamos fiéis até o fim! Não reneguemos o Evangelho! Permaneçamos fieis! – Eis o apelo do Senhor hoje!

Esta palavra vale também para os pais, servos que o Senhor colocou à frente de sua família. Que sejam conscientes da missão que receberam e transmitam aos seus filhos o testemunho de uma fé robusta e dos verdadeiros valores humanos e cristãos. E possam receber a recompensa dos servos bons e fiéis, aqui e por toda a Eternidade. Amém.



Um comentário:

  1. Meu Deus e meu tudo, meu supremo tesouro, eu LHE agradeço por todos os pais do universo. Entretanto, me conceda a graça da libertação para os oprimidos. Me conceda a graça de ser justo, fiel, prudente, caridoso, piedoso e bom. Me conceda a graça de glorificá-Lo santamente. Me conceda a graça de participar da melhor forma possível da santa missa. Me conceda a graça de vencer as dificuldades da vida. Me conceda a graça de ter mais fé e confiança na SANTÍSSIMA TRINDADE. Me conceda a graça de dar um bom testemunho cristão. Me conceda a graça de ser obediente. Me conceda a graça de um dia morar na cidade santa. Me conceda a graça de ser VOSSO discípulo missionário. Me conceda a graça de trabalhar na construção do VOSSO REINO. Me conceda a graça de estar vigilante e preparado para o encontro definitivo com o meu SALVADOR. Me conceda a graça de fazer a VOSSA santa vontade. Isso eu LHE peço pela intercessão de Jesus Cristo, VOSSO querido filho e meu amado REDENTOR. Amém.

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