quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Alicerçados numa certeza (I)

Vivemos num mundo de tantas ideias, diversas, desencontradas e contraditórias... Mil visões sobre a realidade que nos envolve: tem-se opiniões e teorias sobre o universo, sobre a natureza, sobre a história e suas leis, sobre a biologia e ecologia, sobre o psiquismo humano, o sentido da sexualidade, da cultura... No entanto, nenhuma dessas ideias explica e engloba o todo da realidade, nenhuma satisfaz realmente o nosso coração, com suas perguntas infindáveis...

Que fique claro: as ciências não poderão jamais desvendar o sentido da realidade e da vida! Poderão oferecer alguns modelos de interpretação; modelos parciais, provisórios, bem setoriais! Mas, o Sentido mesmo, envolto em Mistério, jamais ciência alguma poderá desvendar! Mais ainda: se tiver tal pretensão, descambará no puro e simples charlatanismo!

Também as religiões: tantas! E agora, com a globalização dos meios de comunicação, das redes sociais e a inédita intensidade de deslocamentos humanos, vamos nos dando conta da diversidade impressionante do modo como a humanidade concebe o Divino, o sagrado e suas relações com Ele...

Até mesmo no interior do próprio cristianismo: nunca se viu tantas denominações, tantas seitas, tantas “igrejas” pegue-e-pague como agora! Ao lado de denominações sérias, há tantas "igrejas" de araque, pastores de araque, missionários de araque com milagres de araque e promessas de araque... Triste vulgarização de coisas tão sérias!
Religião é algo muito sério, pois envolve a busca do Sentido que ilumina de modo global a realidade, a vida e a morte! Religião, no seu sentido mais nobre, não é para solucionar problemas, mas para nortear a existência!

Ante tal realidade tão complexa e inusitada, não são poucos os que se sentem perplexos e se questionando se existe mesmo a "Verdade" e a "religião verdadeira". Não seria o cristianismo, não seria a nossa fé católica simplesmente mais uma possibilidade entre tantas, apenas mais uma tentativa ilusória de explicar e enfrentar a existência?
Não seria mais lógico, mais tolerante afirmar, como o fazem as religiões do Extremo Oriente, que o Mistério, o Divino não pode ser capturado, compreendido e, assim, toda religião é apenas um balbucio humano, tímido, provisório, imperfeito e incompleto sobre este Mistério que é a saudade visceral do coração humano? Esta visão não seria mais madura, mais tolerante, mais de acordo com a multiculturalidade do mundo globalizado atual?
Uma religião como o cristianismo não seria uma pretensão intolerante de se julgar "dona da verdade"?

Deixo estas perguntas... Num texto seguinte, neste mesmo espaço, concluirei estes pensamentos...



Um comentário:

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