quarta-feira, 20 de junho de 2018

Uma guerra surda: cristianismo x iluminismo ateu

Há uma guerra surda sendo travada, no Brasil e no mundo ocidental, entre os crentes e os herdeiros do iluminismo ateu e anticristão, nascido a partir do século XVIII.
A sociedade ocidental, século após século, foi sendo plasmada em grande parte pelo cristianismo: suas leis, suas expressões culturais, sua sensibilidade, tudo tem a marca dos discípulos de Cristo... O Ocidente foi parido pelo cristianismo. Agora, com a descristianização generalizada, os bem-pensantes iluministas querem criar um novo ordenamento, totalmente alheio e até contrário à cultura cristã. Querem também que os cristãos aceitem isto sem reagir... Se o Internauta quiser um exemplo, basta ler as revistas semanais brasileiras e os jornais de maior circulação no País, basta ver o que circula na internet... O argumento deles é o seguinte: a sociedade hoje é pluralista, o estado é laico, sem vínculo com qualquer religião; logo, a Igreja e os cristãos, de modo geral, não têm nada a dizer sobre as questões da atualidade: aborto, manipulação genética, uso de embriões humanos em experiências para adquirir células-tronco, união civil dos homossexuais, eutanásia, legalização da maconha... Nada disto compete aos cristãos. Aqui, cada um deve seguir sua consciência, sem querer impor ao conjunto da sociedade sua visão. Religião é questão privada, é questão de opinião e não deve ter nenhum influxo na construção do ordenamento social.

Aparentemente, o raciocínio dessa gente parece certo: cada um siga a sua consciência e pronto! Mas, aqui, há alguns pontos que precisam ser esclarecidos:

(1) É verdade que o estado é laico e, enquanto tal, não deve professar ou favorecer religião alguma. Mas também é verdade que o estado está a serviço do povo, deve respeitar e tutelar os valores do povo e o povo brasileiro é cristão, na sua grande maioria e na sua matriz cultural. O estado brasileiro não pode ser anticristão, não pode ignorar o cristianismo, não pode tratá-lo com desdém. Se o fizer, deve ser desautorizado e reformado pelo povo! O estado não é Deus e não está acima do bem e do mal! Então, quando se propõe arrancar o crucifixo do Supremo Tribunal Federal, se está agredindo a grande maioria do povo brasileiro: hoje arranca-se o crucifixo para amanhã se arrancar os valores cristãos que guiam nossa sociedade.

(2) É bobagem pensar que existam valores soltos, neutros e imparciais. Na verdade, o que os neoiluministas desejam é impor seus valores: valores laicistas, que apregoam a destruição da família e a adoção de uma ética ateia para decidir sobre o conceito de família, aborto, pesquisa genética, eutanásia, assassinato de embriões anencéfalos, etc. Note-se bem: não há uma ética neutra! Querem fazer o povo brasileiro engolir uma ética pagã, fundamentada numa razão meramente utilitarista e individualista.

(3) Os cristãos têm todo direito de gritar e defender seus valores. Se a sociedade é democrática e pluralista e a Igreja e outras denominações cristãs são membros dessa sociedade, têm direito sim de fazer pressão. É interessante: quando as minorias fazem barulho, todos elogiam; quando os cristãos o fazem, a turma iluminista reclama e mete o pau na Igreja católica (que é a bruxa velha) e nos outros cristãos! A Igreja deve gritar, deve organizar os que creem, deve se articular com as demais denominações cristãs e com as pessoas de boa vontade para defender que nossas leis exprimam valores cristãos. Todos devem ser respeitados, mas temos o direito de lutar por nossas ideias. 

(4) Isso não significa querer impor aos outros nosso modo de pensar. A questão é que uma sociedade permissiva, com leis em contradição com uma cultura cristã, marca toda a sociedade, marca as famílias, marca as escolas, marca nossos jovens e crianças. Temos o direito de lutar para defendê-los! Basta pensar no que uma ideia pagã de matrimônio e família, veiculada pelos meios de comunicação, tem gerado no Brasil: o conceito de família tem sido totalmente destruído na nossa cultura brasileira. Como seria interessante escutar os filhos de descasados e recasados, os filhos de mães solteiras e adolescentes, para vermos de perto o resultado desastroso de tudo isso! O que será dos jovens daqui a cinquenta anos, formados em famílias totalmente alheia a valores sólidos?

As coisas, como estão, encaminham-se para uma contraposição forte. Estamos chegando num ponto de fusão, no qual os cristãos terão de dizer claramente “basta”! É preciso perguntar se é correto promover a desconstrução do Ocidente como se está fazendo... O estado laico é uma conquista que deve ser mantida; a separação entre religião e governo é uma realidade sadia. O problema é quando grupos poderosos – os senhores dos meios de comunicação, por exemplo – fazem uma campanha bem orquestrada para arrancar as marcas cristãs de nossa cultura, transformando o estado laico em estado laicista, que desconsidera e despreza a dimensão religiosa do homem, reduzindo-a, quando muito, a experiência subjetiva e privada. Aí é necessário dizer “basta”, é necessário gritar, pressionar e mostrar que os cristãos não estão dormindo.

Devemos caminhar para a elaboração de uma ética civil, isto é, critérios éticos, fundamentados no princípio de respeito profundo pelos valores humanos mais nobres, que possam, de modo geral, ser por todos compartilhados. Todos – crentes ou não, cristãos ou não-cristãos – têm algo a dizer e têm em que colaborar. Sem diálogo cidadão, sem escuta recíproca, desarmada, leal, não se pode construir um país no qual todos sejam efetivamente cidadãos... Mas, não se pode esquecer que este país chamado Brasil ainda é majoritariamente cristão e católico e pelo cristianismo foi forjado. Não se pode esquecer de nossas raízes culturais e dos valores que plasmaram nossa sociedade. Não se pode aceitar a ditadura intelectual de uma prepotente minoria “iluminada” por uma razão ateia querendo simplesmente impor seus contra-valores disfarçados de tolerância... Uma guerra ideológica não faria bem a ninguém, pois provocaria somente exacerbações, extremismos e exageros... E isto é o que menos precisamos para o Brasil do nosso tempo...


2 comentários:

  1. Olá, D. Henrique! Venho acompanhando muito o blog e gosto muito dos seus textos. Acerca das questões levantadas neste texto em especial, o problema dos valores não seria ainda mais complexo? Não vejo mais a sociedade como majoritariamente cristã e católica. Vejo que as maioria dos católicos já não compartilham dos valores cristãos ou compartilham parcialmente, tanto as pessooas mais jovens, como as mais velhas. Boa parte das famílias já estão dissolvidas. Além disso, vejo a religiosidade marcada por muito sincretismo. Será que ainda fazemos parte de um país cristão?

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