sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Fé e obras: somente no amor a Cristo

“Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? A fé, se não tiver obras, está completamente morta.Também os demônios creem, mas estremecem. Não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado ao oferecer o filho sobre o altar? A fé concorreu para suas obras e pelas obras é que a fé se realizou plenamente” (cf. Tg 2,14-23).

Muitas vezes, lemos estas afirmações de São Tiago pensando na controvérsia com os irmãos protestantes sobre a fé e as obras. Resultado: perdemos de vista o que o Apóstolo realmente nos quer ensinar.

De que fé nos fala São Tiago? De uma fé desprovida do amor ao Cristo Senhor, uma fé simplesmente teórica, fria, como a dos demônios, que sabem que Deus existe, sabem que Jesus Cristo feito homem é Senhor, mas não O aceitam nem O amam. Uma fé assim é morta, porque sem a sua alma, que é o amor, amor de Cristo em nós e amor feito nosso amor a Cristo. Este amor de que falo não é um sentimento, mas é o próprio Espírito Santo, Deus-Amor: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
É o fogo do Espírito que afervora a fé como entrega a Deus pelo Cristo e se derrama em amor aos irmãos. Não é por acaso que São Tiago dá dois exemplos: o de Abraão, que sacrificou tudo quanto tinha de mais precioso sobre o altar por amor a Deus e o do cristão que, tendo fé, despreza os irmãos... Então, a fé amorosa tudo dá a Deus e, nesse amor, lava os pés dos irmãos em cuidado e ajuda.

Então, seja a fé quanto as obras somente servem para o Reino de Deus, somente salvam se forem fecundadas pelo amor a Cristo! Entre fé e obras não há oposição alguma, mas uma circularidade: a fé se mostra e aperfeiçoa nas obras e as obras somente são salvíficas se forem motivadas pela fé em Cristo e ambas, fé e obras, são fecundadas pelo amor, que é fruto do Espírito de Amor em nós (cf. Rm 5,5).

Toda esta temática apresentada por São Tiago nada tem a ver com a polêmica de São Paulo, que não pensa nas obras da fé em Cristo, obras fruto do Espírito de Cristo, mas nas obras, isto é, nas observâncias da Lei de Moisés! Estas sim, estão superadas pela fé em nosso Senhor Jesus Cristo, fé que age pela caridade (cf. Gl 5,6), isto é, fé ativa, fé que não se resume a teoria, a palavras ou a sentimentos. Em outras palavras: quem crê, entregue-se com o coração, proclame com a boca e demonstre com a vida concreta que acolheu Jesus como Senhor, que Nele caminha, Nele tem a esperança e Nele funda a sua vida; e quem trabalha pelos necessitados, que o faça pela fé amorosa em Jesus nosso Senhor e para proclamar o Seu Nome santo. Sem isto, a fé é morta, sem isto, as ações não servem para o Reino de Deus! E isto vale para todos!

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