Ao pequenino rebanho, o Senhor Jesus promete o Reino! Mas, o que significa tal promessa? O Senhor Deus somente reina em nós quando nos esvaziamos de nós mesmos e dos nossos apegos. Deus não pode reinar num coração cheio de si. Não pode porque respeita totalmente a nossa liberdade! Alguns versículos depois, o nosso Salvador exorta: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos Céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói. Pois onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12,33s). Em resumo: esvaziai-vos de vós mesmos, deixai de endeusar coisas, pessoas, situações... Tudo passa, tudo é fugaz, tudo se consome...
Como poderemos, verdadeiramente, esvaziarmo-nos de nós mesmos? O Senhor indica um caminho: ter diante dos olhos, ter no coração que nossa vida aqui é passageira, que o definitivo é somente o Reino e no Reino: “Tende os rins cingidos e as lâmpadas acesas. Sede semelhantes a homens que esperam seu senhor voltar das núpcias, a fim de lhe abrir, logo que ele vier e bater” (Lc 12,35s). Rins cingidos, lâmpadas acesas: vigilância no meio da noite deste mundo; o coração fixo na bendita e fiel memória do Senhor que virá! É isto que dá ânimo, é isto que nos faz relativizar as coisas e situações deste mundo, mantendo-nos na viva consciência de que o Senhor vem ao nosso encontro!
É disto que trata a comovente primeira leitura deste Domingo, quando recorda os nossos pais quando da escravidão no Egito: “Aquela noite fora de antemão conhecida por nossos pais, para que tivessem ânimo, sabendo com certeza em que promessa haviam crido. Teu povo esperava já a salvação dos justos e a ruína dos inimigos... De comum acordo, estabeleceram esta lei divina: que os santos compartilhassem igualmente bens e perigos, e começaram a entoar os hinos dos Pais” (Sb 18,6s.9b). A firme certeza de que o Senhor viria e libertaria os justos, isto é, os Seus fieis, e puniria os ímpios, já fazia Israel cantar os louvores de Deus e caminhar unido, numa comunidade de irmãos, no caminho da vida!
Não esqueçamos: aqui estamos de passagem; lá, na plenitude do Reino, permaneceremos para sempre! Aqui semeamos, lá colheremos; aqui, as sementes, lá, os frutos; aqui, a penumbra da fé, lá a claridade da visão, aqui, os primeiros tímidos raios da aurora, lá o dia pleno... E, no entanto, ainda vivendo aqui, na penumbra, na aurora de luz ainda indecisa, nunca esqueçamos: “Vós, meus irmãos, não andais em trevas, de modo que esse Dia vos surpreenda como um ladrão; pois todos vós sois filhos da luz, filhos do Dia. Não somos da noite nem das trevas” (1Ts 5,4s).
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