terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Homilia para a Missa do Dia do Natal do Senhor

Mais uma vez, caríssimos, a volta do ano trouxe-nos a santa Celebração do Natal do Senhor nosso Jesus Cristo. Historicamente, o natalício do Cristo nosso Deus ocorreu há dois mil anos atrás; no entanto, na potência do Santo Espírito, o Natal acontece hoje misticamente, nos santos mistérios que celebramos com piedade e unção. Cada um de nós, que participa desta Celebração sagrada, conserve no coração esta certeza: nos gestos, nas palavras, nos ritos da Santa Liturgia, a graça do santo Natal do Senhor faz-se realmente presente e verdadeiramente inunda a nossa vida! Para nós, aqui reunidos, o Natal é hoje, o Natal é agora!

Assim, podemos, cheios de admiração, escutar o Evangelho que nos anuncia: “O Verbo Se fez carne e habitou entre nós!” Em outras palavras: o Filho eterno do Pai, Luz gerada da Luz, Deus verdadeiro gerado eternamente do Deus verdadeiro, para salvar o mundo com a Sua piedosa vinda, hoje nasceu homem verdadeiro, homem entre os homens, de Maria, a Virgem!
Caríssimos, quem poderia imaginar tal mistério, tal surpresa de Deus, nosso Senhor?
A Liturgia oriental exclama, admirada: “Vinde, regozijemo-nos no Senhor, explicando o mistério deste Dia. A Imagem idêntica do Pai, o Vestígio de Sua eternidade, toma forma de escravo, nascendo de uma mãe que não conheceu o casamento, e sem mesmo sofrer mudança! O que Ele era, permaneceu: Deus verdadeiro; o que não era, Ele assumiu: tendo-Se feito homem por amor dos homens” (Grandes Vésperas do Natal).
Eis o mistério: o Menino que nos nasceu para nós, o filho que nos foi dado, é Deus perfeito, é o Filho eterno, através de Quem e para Quem tudo foi criado no céu e na terra. Ele não é uma pessoa humana; é uma Pessoa divina, a segunda da Trindade. Este Menininho é adorável: deve receber toda nossa adoração, todo nossa louvor, todo nosso afeto. No entanto, sendo Deus perfeito, hoje, Ele saiu do seio da Sempre Virgem Maria, como verdadeiro homem, homem perfeito, com um corpo igual ao nosso, com uma alma igual à nossa, com uma vida para viver igual à nossa pobre existência! Quanto amor, quanta bondade, quanta humildade! 

Caríssimos, neste Deus hoje nascido da Virgem, a nossa humanidade foi unida ao próprio Deus. 
Hoje a força do pecado começou a ser quebrada,
hoje a doença da nossa natureza humana, tão propensa ao pecado, ganhou seu verdadeiro remédio,
hoje, fazendo-Se homem mortal, o Salvador nosso veio trazer a medicina que cura a nossa morte! 
Bendita seja a Sua gloriosa vinda, o Seu virginal nascimento! Adoremo-Lo! Afirmemos com a Igreja, na sua santa Liturgia:
“Foi depositado num estábulo Aquele que contém o universo.
Ele descansa numa manjedoura e reina nos Céus.
É o Salvador dos séculos, o Rei dos Anjos, Aquele mesmo que a Virgem amamentava (Liturgia romana).

Caríssimos, por tudo isso, nunca percamos de vista a graça que recebemos pelo dom da fé! Vivemos num mundo confuso, de mentiras, de idolatrias, de confusão. O homem pensa poder fazer sozinho a sua vida, encontrar do seu modo a felicidade, fazer de seu jeito a sua própria existência. A Solenidade de hoje nos recorda que a humanidade precisa de um Salvador – e esse Salvador é Jesus, nosso Senhor!
Ele é a nossa única Verdade,
Ele, o nosso único Caminho,
Ele, a verdadeira Vida!
Não queremos outros mestres, não admitiremos outros senhores, não buscaremos outras verdades. Mais que nunca, nesta quadra tão difícil da história, quando o cristianismo e a Igreja de Cristo são ameaçados externa e internamente, tão caluniados e perseguidos, quando a verdadeira fé é tão denegrida de tantos modos e os que a defendem são ridicularizados e vilipendiados...
Hoje, quando ser cristão tem se tornado motivo de chacota e gozação, queremos, uma vez mais, e com todas as nossas forças, proclamar nossa total e incondicional adesão ao nosso Deus e Senhor Jesus Cristo! Por isso, amados nos Senhor, o Filho de Deus fez-Se homem: para que o homem possa ver e ouvir claramente o que é ser homem, o que é viver de modo verdadeiramente digno, livre, maduro e feliz!
O mundo nos propõe uma liberdade torpe, fundada nos caprichos, na loucura de fazer aquilo que se quer;
o mundo nos tenta convencer que cada um é a sua própria medida, é o dono de sua própria vida;
o mundo atual nos ensina a viver entregue às próprias paixões, aos próprios desejos...
Aí estão: famílias destruídas, filhos sem pais, um rio de abortos e infelicidade, jovens sem esperança, uma sociedade sem valores nem critérios verdadeiramente dignos do homem criado à imagem de Deus...
Mas, outro é o caminho que o Salvador hoje nascido nos aponta. Aprendamos com Ele, o homem perfeito; sigamo-Lo sem medo, coloquemos aos Seus pés a nossa vida e a nossa liberdade, os nossos desejos e os nossos afetos. Deixemos que Sua santa lei de amor e graça inunde nosso coração, penetre nas nossas famílias, modele o nosso modo de viver! Então, seremos realmente humanos, seremos realmente livres, seremos realmente felizes!

Alegremo-nos, caríssimos, pela hodierna Solenidade!
“Que desapareça toda enfermidade: hoje, o Salvador apareceu.
Não haja guerra, cale-se a discórdia: hoje, a verdadeira paz desceu dos Céus.
Desapareça toda amargura: hoje por todo o universo os Céus destilam mel.
Fuja a morte, pois hoje a vida nos é dada dos Céus...
Hoje, os cegos recobram a vista, os surdos ouvem, os coxos e os leprosos são curados, aqueles que estavam na tristeza estão na alegria, os enfermos encontram a saúde, os mortos ressuscitam. 
Somente o Diabo e seus demônios – e o mundo que os serve – tremem de cólera, pois sua derrota é a restauração do gênero humano.
Hoje, o Cristo nos apareceu como Salvador” (Homilia de um Anônimo do século V).

Eis, pois, quantos motivos para nossa alegria, quantos, para nosso júbilo! Que pessoalmente e em família, celebremos de modo santo e devoto a Vinda do Nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo, a Quem seja dada a glória com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro Irmão, serão aceitos somente comentários que não sejam ofensivos ou desrespeitosos.
Nem sempre terei como responder ao que me perguntam, pois meu tempo é limitado e somente eu cuido deste Blog.
Seu comentário pode demorar um pouco a ser publicado... É questão de tempo...
Obrigado pela compreensão! Paz no Senhor!