terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ruminando a Palavra de Deus do XXVI Domingo Comum.b (parte II)

Nm 11,25.
O Senhor Deus tomou do Espírito que repousava sobre Moisés e colocou nos setenta anciãos.
Que Espírito é este? É o Espírito Santo de Deus! É o Espírito do próprio Cristo!
Como é possível ser Espírito de Cristo, se Moisés viveu antes de Cristo?
Mistério: na história de Israel, na Antiga Aliança, tudo caminha para o Cristo, tudo é guiado para Cristo: Ele é o “Cordeiro sem defeito e sem mácula, conhecido antes da fundação do mundo” (1Pd 1,20). Como a Igreja canta no Credo: o Espírito de Cristo falou pelos profetas!

1Pd 1,10-11.
Impressionante! A Escritura afirma que os profetas anunciaram a salvação e testemunharam os sofrimentos de Cristo porque o Espírito do Cristo Jesus falava neles!
Sim! Nos planos de Deus, o Cristo está presente desde o início, desde o princípio, quando Deus criou o céu e a terra, e o Santo Espírito do Cristo imolado e ressuscitado, o Cordeiro vitorioso, que já Se encontra fora dos tempos e acima de todos os tempos,
esse Espírito Santo preenche todos os tempos
e para Cristo direciona todas as épocas e todos os acontecimentos da Antiga Aliança!

Nm 11,25.
O Senhor Deus tomou do Espírito que repousava em Moisés e derramou-O sobre os setenta anciãos.
O Espírito que repousava em Moisés e foi repartido sobre os setenta anciãos sem se dividir! Dado aos setenta sem diminuir em Moisés!
Espírito repartido, mas não dividido,
Espírito multiplicado, mas não diminuído!
O mesmo Espírito, o único Espírito, esparramado, participado por muitos!
Espírito de unidade! Espírito de diversidade!
Espírito único e múltiplo!
Um só Espírito, pousando sobre muitos:
unidade firme, indestrutível!
Diversidade rica, maravilhosa! (cf. At 2,3-4; 1Cor 12,4-7)

At 2,33.
Ainda hoje é assim, na Igreja, no Povo conquistado por Cristo: o mesmo Espírito que ungiu o Senhor Jesus na Ressurreição esparrama-Se,
generoso,
pleno,
abundante,
superabundante,
Dom de Deus,
sem medida,
da Cabeça por sobre todos os membros do Corpo, sobre todos os membros da Igreja!

Nm 11,25.
O Espírito pousou sobre cada um deles e, então profetizaram!
Profetizaram: falaram em nome de Deus, cantaram os louvores de Deus, disseram palavras da parte de Deus, proclamaram a ação de Deus, embriagados pelo Espírito de Deus, mais do que por vinho: “Não vos embriagueis com vinho, mas buscai a plenitude do Espírito!” (Ef 5,18)
Espírito de profecia!
Espírito que proclama continuamente, por tantas bocas, em tantas línguas, em linguagens diversas, as maravilhas de Deus, a vontade de Deus, o desígnio de Deus
e tudo renova na vida do Povo Santo, no caminho da Igreja!
Por isso a Igreja de Cristo é dos apóstolos, mas é também dos profetas: “Aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo lugar, profetas!” (1Cor 12,28).
Quem são os profetas?
Aqueles que, embriagados pelo Espírito que procede do Cristo, falam, sonham, inventam, guiados pela Força de Deus!
Aqueles que com a boca, com os gestos, com o modo de viver, meio doidos, meio embriagados, proclamam por todos os poros da existência que o Senhor Jesus é o Cristo, o Senhor, Vivo, Vivificante, Ressuscitado, Ressuscitante, único Salvador da humanidade: “Todo Espírito que não confessa Jesus, não é de Deus!” (1Jo 4,3).
Profeta, na Igreja, é quem proclama Jesus, o Senhor do Cristo de Deus!
Profeta é quem, acalentado pelo Espírito, sonha Jesus, o Senhor,
Profeta é quem, inebriado pelo Espírito, faz loucuras por amor do Senhor,
Profeta é quem, inspirado pelo Espírito, inventa, cria, embriagado no amor do Senhor,
Profeta é quem, elevado pelo Espírito, já vê na terra, o Céu,
Quem fala, ainda na terra, as coisas do Céu, para a glorificação do Cristo de Deus, o Senhor Jesus!
Triste da Igreja se tivesse a prudência e discernimento dos sucessores dos Apóstolos e padecesse da falta da loucura  criativa e meio indisciplinada dos profetas;
Pobre da Igreja na qual os sucessores dos Apóstolos tivessem medo e desconfiança das surpresas vindas dos profetas;
Triste daqueles que pensassem em proclamar a perenidade do Cristo sem a novidade dinâmica e criativa do Espírito que age nos profetas do Ungido de Deus, Jesus, nosso Senhor!

Toda esta riqueza, evocada nos dois primeiros versículos da primeira leitura da Missa...
Bendita seja a Palavra do Senhor!


Um comentário:

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