quarta-feira, 22 de maio de 2019

Cristo, razão e esperança da Igreja

Ouvi hoje alguém comentando que muitos cristãos andam desanimados: o tema insistente, obsessivo sobre os tristes e vergonhosos escândalos de pedofilia, como se esta prática hedionda e inaceitável acontecesse somente ou principalmente com os ministros da Igreja católica e se desse somente no seu seio... Em última análise, o objetivo é acuar a Igreja: se ela abrir a boca sobre qualquer tema de moral verdadeiramente cristã, o grito, a acusação, o dedo em riste estão prontos: “Calada, Igreja pedófila!” Eis o exagero feito mentira e a mentira feita arma de intimidação e deslegitimação.
Mas, não só os escândalos da pedofilia; apontaram-se-me outros motivos de desânimos:  o esfriamento da fé de muitos, a banalização da santa doutrina recebida dos Apóstolos, a relativização da moral, a mundanização no pensamento de tantos católicos, leigos e pastores...

Lembrei-me dos cristãos da Igreja dos inícios: de fora, perseguições do Império Romano; de dentro, as divisões e as decepções com irmãos que, perseguidos, renegavam a fé...

Isto mesmo: a Igreja sempre viverá em meio a tribulações, a fracassos, a perseguições e escândalos. Nunca será na terra o que terá somente no Céu: a paz da fidelidade perene de seus filhos e do gozo eterno da Glória...

Mas, escutando essas histórias, pensei numa coisa: Os verdadeiros católicos não são católicos por causa da Igreja, mas por causa do Cristo fidelíssimo, que nos amou até a Cruz e nos deu a Sua Igreja como Mãe e canal de Sua graça. Certamente, que os escândalos, a crise de fé de tantos padres e religiosos, o mau exemplo de quem deveria ser presença viva de Cristo – tudo isto nos entristece; no entanto, se compreendermos bem o que é a Igreja, se tivermos os olhos e o coração fixos no Cristo, então todas essas realidades negativas em nada tirarão a nossa paz.

Precisamos – isto sim – compreender que a Igreja não existe por si mesma e não é santa por si mesma, mas tudo recebe do Cristo. Precisamos levar a sério que é Cristo quem atrai os Seus e agindo por Sua graça operosa os congrega e os mantém firmes na fé. Não somos nós quem seguramos o povo e não somos os astros “pop stars” e interessantes, que mantêm as pessoas na Igreja... Tudo isto é um grosseiro e triste erro, é bobagem e presunção humana! Por que tantos ministros sagrados se sentem na obrigação de serem astros, de serem adaptáveis a tudo quanto é mundano, é modismo, é discurso de pensamento dominante, na ilusão de que isso atrai?
É Cristo o Astro único, é Cristo Quem atrai, é Cristo a Novidade, é Cristo Quem nos mantém fieis, é Cristo – e só Cristo – a alegria perene do nosso coração. Aliás é bom ter bem presente: quem entra na Igreja ou nela permanece por outro motivo que não Cristo, perde tempo e não está verdadeiramente na Igreja!

Angustia-me muito – mais que qualquer escândalo – ver tantos membros do clero e tantos teólogos preocupados em serem agradáveis às pessoas, atraentes e simpáticos ao mundo, gente de “boa pinta”, interessante e simpática...
Recordo de Pedro, de Paulo, de João, de Madre Teresa, de Frei Damião, de Dulce dos Pobres... Certamente, nunca procuraram ser atraentes, mas docemente, benignamente fieis!
Não somos nós quem atraímos! Não temos de ser boa gente e engraçadinhos para atrair! É Cristo Quem atrai, é Cristo o centro! A nós, basta deixar que Cristo de tal modo impregne a nossa vida que quem nos vir, veja Cristo em nós: como exigente bondade, como amor que se dá, como responsabilidade que não esconde nem omite o essencial!
Tantos pregam a secularização para atrair o povo e a mundanização da Igreja, na ilusão de se fazerem simpáticos e compreendidos; assim, criticam todo sinal do sagrado, todo distintivo religioso, vendo aí sinais de clericalismo, prepotência, mascaramento ou afastamento do povo... Desprezam tudo aquilo que ajuda a mostrar a identidade católica, a alegria da consagração e o gosto de ser diferente do mundo... Pensam que com isso estão aproximando as pessoas e se fazendo compreender pelo mundo atual... Pura bobagem ideológica e ultrapassada! O mundo grita por sinais de Deus, por marcas do eterno, por reflexos do sagrado, por gente que não tenha medo de crer, viver e testemunhar o Infinito que renova esta terra!

O que afasta o povo é uma Igreja que não dá Cristo; o que esmorece a fé são padres e religiosos que querem ser protagonistas, ao invés de darem lugar ao Cristo, único Senhor e Astro; o que cansa as pessoas são homilias que falam de tudo, mas não falam pura e simplesmente de Cristo, de Seu amor, de Sua beleza, de Seu perdão e salvação; o que torna a Igreja sem graça é o moralismo ideológico, que confunde o Reino com modelos ideológicos de sociedade, que só sabe falar em questões sociais, como se Cristo fosse revolucionário social e a Sua Esposa, uma ONG.
A Igreja não existe para si, mas para um Outro! Não deve se colocar no centro, mas deixar que Cristo seja o centro! A função da Igreja, sua razão de ser é pura e simplesmente provocar o encontro das pessoas com Jesus! Nossa questão não é pensar no que atrai o povo, mas anunciar Jesus, pura e simplesmente, com toda fidelidade, simplicidade, amor e mansidão... O resto é graça, é ação do Senhor, é misericórdia de Deus...


2 comentários:

  1. Muito sábias as palavras. Padre precisa mostrar o Cristo Filho de Deus e não um Cristo que mais parece com um político revolucionário e militante de um partido.

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  2. A secularização está consumindo tudo e todos... Lamentável, preferia a religião da minha infância - dócil, adorante e desinteressada das coisas supérfluas. O mundo está numa crise de fé absurda, e no entanto continua sedenta de Deus, do eterno que não passa. Sinceramente, sempre preferi uma Igreja de poucos, mas com identidade. Não precisamos levantar a galera, ser de massa. Precisamos urgentemente de voltar a Deus em Cristo nosso Senhor. Senão, estaremos viciados na tormenta da vida que não vale a pena. Sinto falta de muita coisa na Igreja. Deus nos guie para momentos mais profícuos.

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