Caríssimos
em Cristo, certamente o pensamento mais presente neste hoje é a chegada do
Ano da graça de 2014, que iniciamos há pouco entre festejos, ações de
graças, expectativas e tantos votos mútuos... Precisamente por este motivo, a
primeira leitura da Missa invocou a bênção e a paz sobre nós: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor
faça brilhar sobre ti a Sua face e Se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o
Seu rosto e te dê a paz!” Que bênção: três vezes foi pronunciado o Nome do
Senhor sobre nós! Seu Nome é Sua presença santíssima e eficaz, portadora de salvação e vida! Certamente, começamos bem o 2014! Mas, nunca esqueçamos Quem
é este Senhor, cujo Nome foi sobre nós invocado: é o Menino que nos nasceu, o Filho que nos foi dado e que,
precisamente, hoje, oito dias após o Seu admirável nascimento, recebeu o nome
de Jesus, que significa Deus salva! Eis: em Jesus, Deus nos salva com a verdadeira
paz, paz que é remissão do pecado, paz que brota da comunhão com o Senhor! Que Ele inunde com Sua doce paz os
dias do Novo Ano, ainda criança como o Menino de Belém! A Ele acorramos nos dias
deste novo Ano da Graça com as palavras admiradas que nos vêm do longínquo século
IV, do coração contemplativo e terno de Santo Efrém: “Ó Deus admirável! Tu és admirável e a maravilha que és sobrepuja a
toda compreensão! Tu és admirável e prodigioso; Tua concepção é admirável, Teu
nascimento é admirável, Tu és todo admirável!”
Mas,
hoje, é também a Oitava do Santo Natal, dia no qual a Igreja, desde a
antiguidade, volta-se para a Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o
verdadeiro Deus feito homem. Chegou a plenitude dos tempos e “Deus enviou o Seu Filho, nascido de uma
mulher”, aquela mesma que os pastores encontraram velando o “Recém-nascido deitado na manjedoura”.
Somos gratos à Virgem Santa e, contemplando o Seu filhinho, reconhecemos Nele o
Deus perfeito e a proclamamos verdadeiramente Mãe de Deus: “Salve, ó Santa Mãe de Deus! Vós destes à luz o Rei que governa o céu e
a terra pelos séculos eternos!’ – assim canta a Igreja hoje, saudando a
Toda Santa Virgem Maria. Nossos irmãos orientais, de rito bizantino, no Natal,
cantam assim: “Ó Cristo, que podemos
oferecer-Vos como dom por Vos terdes manifestado sobre a terra na nossa
humanidade? Com efeito, cada uma das Vossas criaturas exprime a sua ação de
graças, e a Vós traz: os Anjos, o seu cântico; o céu, uma estrela; os Magos, os
seus dons; os Pastores, a admiração; a terra, uma gruta; o deserto, uma
manjedoura; e nós, uma Virgem Mãe!” Eis, pois, caríssimos irmãos, nossa
presente ao Salvador: a mais bela flor de nossa raça, o mais belo membro da
Igreja, a sempre Virgem Maria Toda Santa!
Comprometamo-nos,
então, a viver os dias do Novo Ano com as mesmas atitudes de Nossa Senhora!
Primeiro,
uma atitude de fé: ela escutou a Palavra, ela creu de todo o coração. Foi
mulher totalmente aberta ao seu Senhor. Que neste 2014, saibamos, também nós,
viver de fé; mesmo quando tudo parecer escuro, ainda que venham dias difíceis, mesmo
nos momentos de pranto e nossa inteligência não conseguir compreender nem nossa
vista conseguir enxergar os passos do Senhor.
Em
segundo lugar, uma atitude de disponibilidade à missão. Nossa Senhora não se
furtou ao convite do Senhor, não se acomodou numa vida centrada nos seus
próprios interesses e pequenos sonhos. Poderia ter sido uma esposa como tantas
outras, uma mãe como tantas mães israelitas... Mas, não: aceitou a missão que o
Senhor lhe apresentou: fez-se serva, fez-se disponível, fez-se ministra do
plano salvífico do Deus de Israel em nosso favor. E quanto isto lhe custou, e
quanto isto exigiu dela, da Serva, da Virgem, da Mulher, de Maria, nossa Senhora!
Do mesmo modo, saibamos nós discernir o que o Senhor nos vai pedir nos dias deste
Ano e, sem medo, sem mesquinho fechamento, sem comodismo de quem pensa a vida a
partir do seu próprio bem-estar e não a partir do sonho de Deus, digamos-lhe
“sim”, mesmo quando tal resposta for difícil e sofrida!
Mas,
tudo isso será impossível sem uma terceira atitude que devemos aprender da Mãe
de Deus: aquela de escuta silenciosa e contemplativa. O Evangelho nos dá conta
que Maria “guardava todos esses fatos e
meditava sobre eles em seu coração!” Eis! A Virgem rezava, a Virgem pensava
nos acontecimentos à luz de Deus, na presença silenciosa do Senhor, procurando
entender o sentido profundo das coisas. Somente quem faz assim pode ver sempre
Deus em todas as coisas e em todas as circunstâncias...
Caríssimos,
certamente, haveremos de sorrir e chorar nestes dias do Novo Ano. Que lágrimas
e sorrisos, vitórias e derrotas, abraços e separações, sejam vividos na luz do
Senhor, do Menino que brilhou como luz nas nossas trevas e que, Nele,
encontremos sempre a paz. Para tanto, valha-nos, cada dia deste 2014, as preces
da Toda Santa Mãe de Deus, que sempre nos trará em seus braços o Criador do
mundo, Aquele que tudo sustenta e leva em Suas mãos os tempos deste mundo e os
pobres dias de nossa vida! A Ele a glória hoje e para sempre! Amém.
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