Na segunda-feira passada, entramos no Tempo Comum. Hoje, com este Domingo, estamos iniciando a segunda semana desse Tempo verde; verde de quem caminha no pequeno dia-a-dia cheio de esperança, porque sabe que o Filho de Deus veio habitar entre nós, entrou nos nossos tempos para santificar os pequenos e aparentemente insignificantes momentos de nossa vida: "O Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós" (Jo 1,14). Para nós, nunca mais o tempo, a vida e a história humana serão a mesma coisa! Agora, tudo tem o gosto da presença de Deus, nossos tempos têm sabor de eternidade, gostinho da Vida de Deus, do companheirismo misericordioso de Deus, o Eterno, o Infinito que está para além do tempo e dos nossos tempos! Então, que este Tempo Comum seja, para todos nós, tempo de graça, tempo de vigilância amorosa, tempo de esperança invencível!
Neste segundo Domingo Comum, a Palavra de Deus ainda nos liga ao Batismo do Senhor, celebrado no Domingo passado. Recordemo-nos do que vimos na Festa que encerrou o santo Tempo do Natal: Jesus foi batizado por João Batista e ungido pelo Pai com o Espírito Santo como Messias de Israel: "Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o Meu bem-querer!" (Mt 3,17). Recordemos que o Pai Lhe revelou o caminho pelo qual Ele deveria passar para cumprir Sua missão: o caminho do Servo Sofredor de Isaías, pobre e humilde: "Ele não clama nem levanta a voz, nem Se faz ouvir pelas ruas". Servo manso e misericordioso: "Não quebra a cana rachada nem apaga o pavio que ainda fumega". Servo perseverante no serviço de Deus: "Não esmorecerá nem Se deixará abater". Servo que será redenção para o povo de Israel e para todas as nações, dando-lhes a luz, o perdão e a paz: "Eu o Senhor, Te chamei para a justiça e Te tomei pela mão; Eu Te formei e Te constitui como aliança do povo, luz das nacões, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos das prisões, livrar do cárcere os que viviam nas trevas!" (Is 42,2-4.6-7)
Pois bem, o Evangelho de hoje aprofunda ainda mais este quadro impressionante, que nos revela a missão de Cristo Jesus: "João viu Jesus aproximar-Se dele e disse: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" Em aramaico, língua que João e Jesus falavam, "cordeiro" diz-se talya, que significa, ao mesmo tempo "servo" e "cordeiro". Então, "eis o Cordeiro-Servo de Deus, que tira o pecado do mundo!" Mas, que Cordeiro? Aquele, expiatório, que segundo Levítico 14, era mandado para o deserto, colocado fora da cidade, carregando os pecados de Israel... Como Jesus que "para santificar o povo por Seu próprio sangue, sofreu do lado de fora da porta" (Hb 13,12) de Jerusalém, como um rejeitado, um condenado renegado. Repitamos a pergunta: Que Cordeiro? Aquele cordeiro pascal de Ex 12, cujos ossos não poderiam ser quebrados (cf. Jo 19,36); cordeiro comido como aliança de Deus com Israel! Que cordeiro? – insistamos na pergunta! Aquele, cujo sangue, aspergido sobre o povo, selará a nova e eterna aliança entre Deus e o povo santo (cf. Ex 24,8; Mt 26,27). Jesus é esse Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, tomando-o sobre Si! E que Servo? O Servo sofredor anunciado pelo Profeta Isaías. Já ouvimos falar Dele no Domingo passado; fala-nos Dele novamente a Liturgia deste Domingo hodierno: Servo predestinado desde o nascimento: o Senhor "Me preparou desde o nascimento para ser Seu Servo"; Servo destinado a recuperar e salvar Israel: "que Eu recupere Jacó para Ele e faça Israel unir-se a Ele; aos olhos do Senhor esta é a Minha glória"; Servo destinado não só a Israel, mas a todas as nações: "Não basta seres Meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: Eu Te farei luz das nações, para que Minha salvação chegue aos confins da terra". Eis, portanto, quem é o nosso Jesus: o Cordeiro, o Servo! Nele, feito homem, Nele, sofrido como nós, nele, morto e ressuscitado, no Seu corpo macerado em sofrimentos e transfigurado em glória, Deus reuniu e formou um novo povo, o verdadeiro Israel, a Igreja – esta que hoje se reúne como Assembleia santa em torno do Altar e esta mesma, reunida em toda a terra e, como diz São Paulo hoje, "em qualquer lugar" onde o Nome do Senhor Jesus é invocado! Eis: Este povo que Cristo veio reunir, esta Igreja que o Senhor veio formar somos nós, já santificados no Batismo e chamados a ser santos por nosso procedimento, por nosso seguimento ao Senhor!
João reconheceu em Jesus este Messias, tão humilde e tão grande: Ele é o próprio Deus: "passou à minha frente porque existia antes de mim!" E como Deus feito homem, Ele é o único e absoluto Salvador de todos – e absolutamente não há nem pode haver salvação sem Ele ou fora Dele! João reconhece Nele o ungido, Aquele sobre Quem o Espírito "desceu e permaneceu". O próprio Jesus dará testemunho desta realidade: "O Espírito do Senhor repousa sobre Mim, porque Ele Me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-Me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor" (Lc 4,18-19). João reconhece Nele ainda Aquele que, cheio do Espírito Santo, batizará no Espírito Santo: "Aquele sobre Quem vires o Espírito descer e permanecer, Este é o que batiza com o Espírito Santo". Batizando-nos no Espírito, este Santíssimo Jesus-Messias dá-nos o perdão dos pecados, a Sua própria vida divina e a graça de, um dia, ressuscitar dos mortos!
Enfim, João dá testemunho de que Esse Jesus bendito é mais que um Servo, mais que um Crodeiro, mais que um Profeta: Ele é o Filho de Deus: "Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!"
Que mais dizer, ante um Messias tão humilde e tão grande? "Senhor Jesus Cristo, Santo Messias, Servo e Cordeiro de Deus, cremos em Ti, a Ti seguimos, em Ti colocamos nossa vida e nossa morte! Sustenta-nos, pois em Ti esperamos: Tu és o sentido de nossa existência, a razão de nossa vida e o rumo da nossa estrada! Queremos seguir-Te, a Ti, tão pequeno e tão grande; queremos morrer Contigo e Contigo ressuscitar-nos para a Vida eterna; queremos ser testemunhas do Reino do Pai que plantaste com Tua bendita vinda. Senhor Jesus, a Ti amamos, em Ti esperamos, em Ti vivemos! Sê bendito para sempre. Amém".
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