sábado, 11 de janeiro de 2014

O mistério do Batismo do Senhor: uma Epifania!

A Festa de hoje encerra o sagrado Tempo do Natal mistério do Senhor que faz parte da Semana da Epifania, esse último período do tampo natalino que celebra a Manifestação do Senhor que veio na nossa carne mortal, na nossa humana natureza para nos encher com a Sua divindade. Trata-se, portanto, de um mistério de Manifestação, de Epifania do Senhor Jesus: o Pai apresenta, manifesta publicamente a Israel o Salvador que Ele nos deu, o Menino que nasceu para nós: “Tu és o Meu Filho amado; em Ti ponho o Meu bem-querer”, ou, segundo a versão de Mateus: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo!” (3,17). Solenemente, o Pai derrama sobre o Filho todo o Seu Amor – e esse Amor não é uma coisa: é uma Pessoa – o próprio Espírito Santo de Amor, que aparece sob a forma corpórea de uma pomba!

Estas palavras ditas pelo Senhor santíssimo, Deus de Israel, contêm um significado muito profundo: o Pai apresenta Jesus usando as palavras do profeta Isaías, que ouvimos na primeira leitura da missa. Mas, note-se: Jesus não é somente o Servo de quem falava a leitura; Ele é o Filho, o Filho amado! O Servo que o Antigo Testamento anunciava é muito mais que um servo: é também e misteriosamente o Filho amado eternamente! No entanto, é Filho que sofrerá como o Servo, que deverá exercer sua missão de modo humilde, pobre e doloroso!

Hoje, às margens do Jordão, Jesus foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o Cristo, aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava. Agora, Ele pode começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus. Esta missão, o Senhor começou desde que Se fez homem por nós; agora, no entanto, vai manifestar-Se publicamente, primeiro a Israel e, após a ressurreição, a toda a humanidade. É na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará Seus milagres, expulsará Satanás e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que Ele viverá uma vida de total e amorosa obediência ao Pai e doação aos irmãos até a morte e morte de cruz. Ele é o Ungido pelo Pai com o Espírito Santo para trazer a Vida divina para toda a criação e toda a humanidade. É esse Espírito bendito a força que Dele sai e cura a todos; é na força desse Espírito Bom e Criador que o nosso Cristo “passou fazendo o bem e curando a todos os que se encontravam sob o poder do reino de Satanás porque Deus estava com Ele!” (At 10,38)

Mas, atenção: como já dissemos, esse Jesus que é o Filho, é também o Servo sofredor, anunciado por Isaías. Hoje, nas palavras pronunciadas no Jordão, o Pai revela a Jesus qual o modo, qual o caminho que Ele deve seguir para ser o Messias como Deus quer: na pobreza, na humildade, no despojamento, no serviço! É assim que o Reino de Deus será anunciado no mundo. Jesus deverá ser manso: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas”. Deve ser cheio de misericórdia para com os pecadores, os fracos, os pobres, os que vivem na solidão, na amargura, os sem esperança: “Não quebra a cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega”. Ele irá sofrer, ser tentado ao desânimo, mas colocará no Seu Deus e Pai toda a Sua esperança, toda a Sua confiança: “Não esmorecerá nem Se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra”. O Senhor Deus estará sempre com Ele e Ele veio não somente para Israel, mas para todas as nações da terra: “Eu, o Senhor, Te chamei para a justiça e Te tomei pela mão; Eu Te formei e Te constituí como aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas”. Que surpresa! Jesus é o Messias que não somente é um servo enviado por Deus, mas o próprio Filho amado, Filho bendito gerado no Amor do Pai; Jesus é o Messias que exercerá Sua missão não em gloria, mas em humilde serviço e tribulação; Jesus é o Messias não somente para Israel, mas para toda a humanidade que, crendo Nele, Nele encontrará a luz de Deus!

E o Nosso Senhor já começa cumprindo Sua missão na humildade: Ele entra na fila dos pecadores, para ser batizado por João. Ele, que não tinha pecado, assume os nossos pecados, faz-Se solidário conosco; Ele, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo! “João tentava dissuadi-Lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por Ti e Tu vens a mim?’ Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar, pois assim nos convém cumprir toda a justiça’” (Mt 3,14s). Assim convinha, no plano do Pai, na Justiça de Deus, que Jesus Se humilhasse, Se fizesse Servo e assumisse os nossos pecados! Ele veio não na glória, mas na humildade, não na força, mas na fraqueza, não para impor, mas para propor, não para ser servido, mas para servir. Eis o caminho que o Pai indica a Jesus, eis o caminho que Jesus escolhe livremente em obediência ao Pai, eis o caminho dos cristãos, o caminho da Igreja, e não há outro!

Que mistério tão grande, Irmãos! O Menino que nasceu para nós, a Criança admirável que cresceu em sabedoria, idade e graça, submisso aos Seus pais na família de Nazaré, o Deus perfeito, filho da Toda Santa Mãe de Deus, Aquele que com o brilho de Sua Estrela atraiu a Si todos os povos, hoje é apresentado pelo Pai: Ele é o Filho querido, Ele é o Servo sofredor, Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, Ele é o Messias, o Ungido de Deus! Acolhamo-Lo na nossa existência e no nosso coração e nossa vida terá um novo sentido. Seguindo-O, chegaremos ao coração do Pai que o enviou e é Deus com Ele, nosso Salvador e com o Bom e Vivificante Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.



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