A
Festa de hoje encerra o sagrado Tempo do Natal mistério do Senhor que faz parte
da Semana da Epifania, esse último período do tampo natalino que celebra a
Manifestação do Senhor que veio na nossa carne mortal, na nossa humana natureza
para nos encher com a Sua divindade. Trata-se, portanto, de um mistério de
Manifestação, de Epifania do Senhor Jesus: o Pai apresenta, manifesta publicamente
a Israel o Salvador que Ele nos deu, o Menino que nasceu para nós: “Tu és o
Meu Filho amado; em Ti ponho o Meu bem-querer”, ou, segundo a versão de
Mateus: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo!” (3,17). Solenemente, o Pai derrama sobre o Filho
todo o Seu Amor – e esse Amor não é uma coisa: é uma Pessoa – o próprio
Espírito Santo de Amor, que aparece sob a forma corpórea de uma pomba!
Estas
palavras ditas pelo Senhor santíssimo, Deus de Israel, contêm um significado
muito profundo: o Pai apresenta Jesus usando as palavras do profeta Isaías, que
ouvimos na primeira leitura da missa. Mas, note-se: Jesus não é somente o Servo
de quem falava a leitura; Ele é o Filho, o Filho amado! O Servo que o Antigo
Testamento anunciava é muito mais que um servo: é também e misteriosamente o
Filho amado eternamente! No entanto, é Filho que sofrerá como o Servo, que
deverá exercer sua missão de modo humilde, pobre e doloroso!
Hoje,
às margens do Jordão, Jesus foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o
Cristo, aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava. Agora, Ele pode
começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de Deus. Esta missão,
o Senhor começou desde que Se fez homem por nós; agora, no entanto, vai
manifestar-Se publicamente, primeiro a Israel e, após a ressurreição, a toda a
humanidade. É na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará Seus milagres,
expulsará Satanás e inaugurará o Reino; é na força do Espírito que Ele viverá
uma vida de total e amorosa obediência ao Pai e doação aos irmãos até a morte e
morte de cruz. Ele é o Ungido pelo Pai com o Espírito Santo para trazer a Vida
divina para toda a criação e toda a humanidade. É esse Espírito bendito a força
que Dele sai e cura a todos; é na força desse Espírito Bom e Criador que o
nosso Cristo “passou fazendo o bem e curando a todos os que se encontravam sob
o poder do reino de Satanás porque Deus estava com Ele!” (At 10,38)
Mas,
atenção: como já dissemos, esse Jesus que é o Filho, é também o Servo sofredor,
anunciado por Isaías. Hoje, nas palavras pronunciadas no Jordão, o Pai revela a
Jesus qual o modo, qual o caminho que Ele deve seguir para ser o Messias como
Deus quer: na pobreza, na humildade, no despojamento, no serviço! É assim que o
Reino de Deus será anunciado no mundo. Jesus deverá ser manso: “Ele não
clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas”. Deve ser cheio de
misericórdia para com os pecadores, os fracos, os pobres, os que vivem na
solidão, na amargura, os sem esperança: “Não quebra a cana rachada nem apaga
um pavio que ainda fumega”. Ele irá sofrer, ser tentado ao desânimo, mas
colocará no Seu Deus e Pai toda a Sua esperança, toda a Sua confiança: “Não
esmorecerá nem Se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra”.
O Senhor Deus estará sempre com Ele e Ele veio não somente para Israel, mas
para todas as nações da terra: “Eu, o Senhor, Te chamei para a justiça e Te
tomei pela mão; Eu Te formei e Te constituí como aliança do povo, luz das
nações, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do
cárcere os que vivem nas trevas”.
Que surpresa! Jesus é o Messias que não somente é um servo enviado por Deus,
mas o próprio Filho amado, Filho bendito gerado no Amor do Pai; Jesus é o
Messias que exercerá Sua missão não em gloria, mas em humilde serviço e
tribulação; Jesus é o Messias não somente para Israel, mas para toda a
humanidade que, crendo Nele, Nele encontrará a luz de Deus!
E o
Nosso Senhor já começa cumprindo Sua missão na humildade: Ele entra na fila dos
pecadores, para ser batizado por João. Ele, que não tinha pecado, assume os
nossos pecados, faz-Se solidário conosco; Ele, o Cordeiro de Deus que tira os
pecados do mundo! “João tentava dissuadi-Lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade
de ser batizado por Ti e Tu vens a mim?’ Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa
estar, pois assim nos convém cumprir toda a justiça’” (Mt 3,14s). Assim
convinha, no plano do Pai, na Justiça de Deus, que Jesus Se humilhasse, Se
fizesse Servo e assumisse os nossos pecados! Ele veio não na glória, mas na
humildade, não na força, mas na fraqueza, não para impor, mas para propor, não
para ser servido, mas para servir. Eis o caminho que o Pai indica a Jesus, eis
o caminho que Jesus escolhe livremente em obediência ao Pai, eis o caminho dos
cristãos, o caminho da Igreja, e não há outro!
Que
mistério tão grande, Irmãos! O Menino que nasceu para nós, a Criança admirável
que cresceu em sabedoria, idade e graça, submisso aos Seus pais na família de
Nazaré, o Deus perfeito, filho da Toda Santa Mãe de Deus, Aquele que com o
brilho de Sua Estrela atraiu a Si todos os povos, hoje é apresentado pelo Pai:
Ele é o Filho querido, Ele é o Servo sofredor, Ele é o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo, Ele é o Messias, o Ungido de Deus! Acolhamo-Lo na nossa
existência e no nosso coração e nossa vida terá um novo sentido. Seguindo-O,
chegaremos ao coração do Pai que o enviou e é Deus com Ele, nosso Salvador e com
o Bom e Vivificante Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro Irmão, serão aceitos somente comentários que não sejam ofensivos ou desrespeitosos.
Nem sempre terei como responder ao que me perguntam, pois meu tempo é limitado e somente eu cuido deste Blog.
Seu comentário pode demorar um pouco a ser publicado... É questão de tempo...
Obrigado pela compreensão! Paz no Senhor!