Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus. Seguia-O uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por Ele. Jesus, porém, voltou-Se e disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão em que se dirá: ‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram’. Então começarão a pedir às montanhas: ‘Cai sobre nós! e às colinas: ‘Escondei-nos!’ Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?” Levavam também outros dois malfeitores para serem mortos junto com Jesus (Lc 23,23-32).
Três grupos de personagens aparecem aqui. Cada um com algo a nos dizer...
Primeiro, Simão de Cirene, obrigado pelos soldados romanos a carregar a Cruz. Um absurdo, um ato de truculência. Mas Roma permitia que se obrigasse, desde que não fosse a um cidadão romano... E aquele homem de Cirene, sem saber, completava em si as dores do Salvador; sem nem imaginar, tornou-se ícone do que deve ser cada um de nós: aquele que leva com Jesus a Cruz, aquele que vai com Jesus até o Calvário. Esse Cireneu não conhecia Jesus e, ao que parece, ali, converteu-se. Não, não é uma suposição piedosa, esta minha! Há um indício precioso, comovente. São Marcos quando fala do Cireneu, afirma que ele era o pai de Alexandre e Rufo. Observe, meu Irmão, que o evangelista supõe que esses dois irmãos eram conhecidos na Comunidade cristã, eram cristãos. Sim, os filhos do Cireneu tornaram-se discípulos do Condenado, do Homem de dores. Não terá o velho Simão abraçado a fé? Marcos escreveu pelo ano 63 da nossa era, cerca de 34 anos após estes acontecimentos... Eu fico pensando no orgulho de Alexandre e Rufo no meio da Comunidade cristã: “Olha lá aqueles dois! O pai deles ajudou o Senhor a levar a Cruz! O pai deles, o velho Simão tocou no sangue do Salvador, juntou seu suor ao suor do Filho de Deus, repartiu com Ele o peso da Cruz”. – Dá-nos, Jesus, a honra que deste ao Cireneu, de levar contigo a Cruz nas cruzes da vida e nas cruzes dos irmãos, nos quais estás presente!
O segundo grupo: as mulheres. Sempre elas: mais sensíveis, mais intuitivas, mais humanas... Quantas execuções os romanos faziam por dia em Jerusalém? Quantos condenados elas já tinham visto passar por aquele caminho? E, no entanto, ainda choram, ainda se comovem, ainda lamentam! Ah se lamentássemos, sem nos acostumar, pelos pecados do mundo, pela injustiça, pela violência, pelos nossos meninos de rua, pelo descaso para com os pobres, pela destruição metódica das famílias... Elas permanecem gente, elas continuam sensíveis! E Jesus, esquecendo-Se de Si, as consola com uma consolação tremenda: “Filhas de Jerusalém, chorai por vós, que dais à luz pecadores num mundo de pecado! Eis: se o mundo faz isto Comigo, que sou o lenho verde, cheio de vida, o que não fará com vossos filhos? Vai enchê-los de drogas, de uma vida fútil, de imoralidade, de mil artefatos eletrônicos que preenchem o tempo e esvaziam o coração... Não choreis por Mim, que sei de onde vim e para onde vou, que não estou só porque o Pai está Comigo! Chorai por vós, chorai por vossos filhos!”
Depois, um terceiro grupo, discretamente apresentado: os dois malfeitores. Lucas é claro: aqueles dois lá não eram inocentes nem boa gente: eram malfeitores! O nosso Jesus querido é igualado a eles, é nivelado com eles!
– Quão baixo descestes, ó meu Redentor, para nos salvar! Bem que esses dois malfeitores nos representam bem! Eles somos nós, que tantas vezes fazemos o mal aos Teus olhos! Jesus humilhado, Jesus rejeitado, Jesus ridicularizado, Jesus moralmente espezinhado, pelas Tuas dores físicas e morais, cura nossas feridas, tem piedade de nós!
Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos, porque pela Vossa santa Cruz remistes o mundo!
As observações sobre os filhos do cirineu, realmente, inspiradas do Alto!
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