sábado, 19 de janeiro de 2019

Homilia para o II Domingo Comum - ano c

Is 62,1-5
Sl 95
1Cor 12,4-11
Jo 2,1-11

Em certo sentido, a liturgia da Palavra deste segundo Domingo comum, ainda está ligada ao Santo Natal, tempo da manifestação do Senhor. Na liturgia da Igreja antiga, a festa da Epifania, da Manifestação do Senhor, celebrava, de uma só vez e num só dia, a visita dos Magos, o batismo de Jesus e as bodas da Caná. São três momentos da Manifestação do Senhor Jesus Cristo: aos Magos, Ele Se manifestou como Rei dos Judeus pelo brilho da Estrela; no batismo, o Pai O manifestou como Messias de Israel, ungindo-O com o Espírito Santo para a missão e, em Caná, Jesus manifestou a Sua glória ao transformar a água em vinho, e os Seus discípulos creram Nele. Portanto, estamos ainda em clima de Manifestação, de Epifania Daquele que veio do Pai para nossa salvação; e é neste contexto que as leituras da Missa de hoje devem ser interpretadas.

Comecemos por observar que o Evangelho narra uma festa de casamento e não informa nada sobre o nome dos noivos... É de caso pensado! O Evangelista tomou um fato histórico e deu-lhe um sentido espiritual e teológico: o verdadeiro noivo é o Cristo, Deus em pessoa que vem desposar Sua esposa, o Povo de Israel e, mais precisamente, o novo Israel, a Igreja, representada pela Mulher – a Virgem Maria!
Tudo, na perícope do Evangelho, fala disso: porque o Messias-Esposo chegara, a água da Antiga Aliança (água da purificação segundo os ritos judaicos da Lei de Moisés) foi transformada no vinho da Nova Aliança (o vinho, símbolo da alegria e da exultação do Espírito Santo, que é fruto da Morte e Ressurreição do Senhor). É esta a glória que Jesus manifestou, é este o sinal! “Sinal” não é um simples milagre; “sinal” é um gesto do Senhor Jesus, carregado de sentido profundo, que revela Sua Pessoa, Sua missão e Sua obra de salvação. “Este foi o princípio dos sinais de Jesus... e Seus discípulos creram Nele”.

Na verdade, o sinal da Caná, é uma preparação uma antecipação da Páscoa, quando o Cristo, Esposo ressuscitado, desposaria para sempre a Igreja, dando-lhe como dote eterno, o dom do Espírito:“Alegremo-nos e exultemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro, e Sua Esposa já está pronta: concederam-lhe vestir-se com linho puro, resplandecente” (Ap 19,7s). Por isso, a exultação da primeira leitura de hoje. Saudando o Povo de Deus, o novo Israel, a Igreja-Esposa, o profeta afirma: “As nações verão a tua justiça; serás chamada por um nome novo, que a boca do Senhor há de designar. E serás uma coroa de glória na mão do Senhor, um diadema real na mão de teu Deus. Não mais te chamarão abandonada, e tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua terra será Bem-Casada, pois o Senhor agradou-Se de ti e tua terra será desposada. Assim como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposam; e como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria do teu Deus”. Maria, a Virgem-Mulher do Evangelho de hoje é, pois, imagem viva da Igreja-Esposa, desposada na Nova e Eterna Aliança!

Esta Aliança não é mais aquela de Moisés. A Antiga Lei passou; passaram os antigos preceitos, as antigas observâncias, as coisas antigas! Não esqueçamos o Prólogo de João, tantas vezes ouvido no Natal: “A Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade nos vieram por Jesus Cristo” (Jo 1,17). Esta Nova Aliança não se funda em uma lei de preceitos escritos, mas na Nova Lei, que é o Espírito de amor, derramado nos nossos corações. O Espírito que o Cristo derramou sobre nós com a Sua Morte e Ressurreição é a alma, a lei, a vida da Igreja-Esposa, novo Israel, novo Povo de Deus. Por isso, a segunda leitura da Missa de hoje nos apresenta toda a vida da Igreja, tão rica e dinâmica, como sendo fruto da ação animadora e sustentadora do Espírito Santo: “A cada um de nós é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”, isto é, em vista da edificação da Igreja, Corpo e Esposa de Cristo!

O que nos fica da Liturgia da Palavra de hoje? A gratidão ao Cristo por ter vindo, por ter manifestado a Sua glória em nosso mundo tão pobre e na nossa vida tão ameaçada pelas trevas. Fica também essa consciência que somos o Povo de Deus da Nova Aliança, povo nascido da Encarnação, da Morte e da Ressurreição de Cristo; povo nascido na força do Espírito Santo que Ele, morto e ressuscitado, nos concedeu. Fica ainda a certeza que Ele permanece conosco, alimentando e construindo Sua Igreja-Esposa na força do Espírito Santo. Esta Igreja é a una e santa nossa mãe católica. Ela foi eternamente desejada, escolhida, amada pelo Esposo Jesus; ela foi desposada quando Ele Se fez homem e por ela morreu e ressuscitou! Lembremo-nos das palavras do Apóstolo: “Cristo amou a Igreja e Se entregou por ela, a fim de purificá-la, com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5,25-27). Por isso a Igreja será sempre Esposa, será sempre bela, sem mancha nem ruga, será sempre santa, apesar dos pecados e traições de seus membros! Ela é a Amada, a Escolhida, a ornada com o a jóia do Espírito Santo! Se formos fieis a esse Espírito, vinho novo do Reino de Deus, seremos pessoas novas na nossa vida: novos sentimentos, novo modo de ver e de agir, de sentir e de enfrentar as situações da vida. Nem os fracassos, nem as tristezas, nem as lágrimas, nem mesmo a morte poderão nos tirar a alegria e a certeza de viver! Fica também a certeza certíssima, de que como Igreja, como Comunidade dos discípulos de Cristo, o Espírito nos vivifica, nos guia, nos une e nos conduz sempre. Não temamos, não sejamos frios, não sejamos frouxos! O Cristo que habitou entre nós, conosco continua na potência do Seu Espírito Santo. Se formos fieis à Sua ação, nossa Comunidade será viva, os carismas e ministérios serão abundantes, a alegria de ser e viver como Comunidade não faltará, o nosso testemunho de Jesus Cristo será entusiasmado e convincente e a nossa esperança será inabalável, mesmo diante das dificuldades do mundo e da vida, mesmo diante da morte!

O Senhor manifestou a Sua glória e Seus discípulos creram Nele! O Senhor Se manifesta agora, pela Sua Palavra e pela Sua Eucaristia, e nos reúne na força amorosa do Espírito Santo! Creiamos! E que nossa Eucaristia seja toda ungida, toda doçura, toda renovação da nossa vida em Cristo: “Felizes aqueles que foram convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (Ap 19,9). Felizes somos nós, que vivemos em Cristo, Ele que é bendito pelos séculos dos séculos. Amém.


2 comentários:

  1. Amém! Um Emanuel que se manifesta em sua Santa Palavra e na Eucaristia, nada pode nos separar desse amor certeza, nos animando a ver vida nos desertos existenciais. Obrigada Senhor, por nossa tão amada Igreja Católica e todo clero.

    ResponderExcluir
  2. Pai Eterno e Todo Poderoso, eu LHE agradeço por todos os casais que LHE obedecem. No entanto, me ajude a lutar pela justiça. Me ajude a alcançar a salvação. Me ajude a glorificá-Lo da melhor forma possível. Me ajude ser um bom cristão. Me ajude para que os fiéis sejam a alegria do SENHOR. Me ajude com os dons e os frutos do Espírito Santo. Me ajude para que na VOSSA igreja tenha pessoas que exerçam bem os ministérios e as atividades, trabalhando sempre pelo bem comum. Me ajude ser VOSSO discípulo missionário. Me ajude servir generosamente. Me ajude fazer o que o meu REDENTOR disser. Me ajude na minha purificação. Me ajude com o vinho novo do amor, da fé, do perdão, da fraternidade, da partilha e da graça santificante. Isso eu LHE peço pela intercessão de Jesus Cristo, VOSSO querido filho e meu amado SALVADOR. Amém.
    .

    ResponderExcluir

Caro Irmão, serão aceitos somente comentários que não sejam ofensivos ou desrespeitosos.
Nem sempre terei como responder ao que me perguntam, pois meu tempo é limitado e somente eu cuido deste Blog.
Seu comentário pode demorar um pouco a ser publicado... É questão de tempo...
Obrigado pela compreensão! Paz no Senhor!