2Mc 7,1-1.9-14
Sl 16
2Ts 2,16 – 3,5
Lc 20,27-38
Estamos já próximos do final do Ano Litúrgico. De hoje
a 15 dias, estaremos celebrando a Solenidade de Cristo-Rei, que marca o final
do ano da Igreja. Pois bem, a Liturgia vai nos educando, irmãos amados, fazendo-nos
pensar no fim de nossa vida – fim que nos obriga a nos perguntar pelo sentido
da nossa existência e pelo que estamos fazendo dela. Neste sentido, tivemos a
Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis Defuntos... E hoje a
Liturgia fala-nos da ressurreição.
O Evangelho nos apresenta uma disputa entre Jesus e os
saduceus, que não acreditavam na ressurreição. O Senhor confirma: há, sim
ressurreição! Os mortos ressurgirão, mas de um modo que nós não podemos
descrever nem imaginar: “Os que forem
julgados dignos da ressurreição dos mortos e da vida futura, nem eles se casam
nem elas dão em casamento; e já não poderão morrer, pois serão iguais aos
anjos, serão filhos de Deus, porque ressuscitaram”. Em outras palavras:
estaremos em tal comunhão com o Deus da vida, em tal proximidade Dele – como os
anjos – que, a morte nunca mais nos poderá atingir: nem a morte física, nem a
morte da dor, nem a morte da tristeza, do medo, da saudade, nem a morte do
pecado! Como diz o Salmista: “Eu verei,
justificado, a Vossa face e ao despertar me saciará Vossa presença!”
Caríssimos, quando a Escritura fala em ressurreição,
não está pensando simplesmente em voltarmos a esta nossa vida, deste nosso modo
atual, somente que habitando no céu... De modo algum! Nós seremos glorificados
em corpo e alma! Ressuscitar é receber em todo o nosso ser a vida de Deus, que
Cristo, o primogênito dentre os mortos, nos conquistou e já derramou em nós no
batismo. Semente dessa vida é o Espírito Santo vivificador – o mesmo em Quem o
Pai ressuscitou o Filho Jesus! É Jesus Quem nos ressuscita, Ele que disse a
Marta: “Eu sou a Ressurreição!” (Jo
11,25) É somente Nele e por causa Dele que esperamos vencer a morte! Na
primeira leitura deste Domingo escutamos, impressionados, o testemunho dos sete
irmãos, filho de uma corajosa mãe viúva, que incentiva seus filhos a entregarem
a vida por amor da Lei de Deus. Donde lhes vinha tanta coragem? Donde, tanta
disponibilidade para serem fiéis até o fim? Da certeza de que ressuscitariam: “Prefiro ser morto pelos homens tendo em
vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará!” – disse um
deles. E o outro, pensando na ressurreição da carne, afirmou sem medo: “Do Céu recebi estes membros; por causa de Suas leis os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo!” Vede, meus
caros, o quanto a certeza da vida eterna muda nosso modo de enfrentar os
revezes da vida. A este propósito, poderíamos perguntar: Tanta frouxidão na
nossa fé, tanto relaxamento nos nossos costumes, tão pouca seriedade na prática
da religião, tanta condescendência com os vícios, a comodidade e a tibieza, não
seriam causados por uma fraca e sem convicção fé na ressurreição, na vida
eterna?
E, no entanto, a nossa esperança é firme: fomos
criador para Deus, para Deus estamos a caminho... Um dia morreremos, terminará
nosso caminho neste mundo tão incerto. E, imediatamente após a morte, em nossas
almas, estaremos diante do Cristo, nosso Salvador e Juiz. Se tivermos sido
abertos ao Seu Espírito Santo, se Lhe tivermos sido realmente fiéis, Ele, nosso
Senhor, no Seu abraço eterno, glorificará com o Seu Espírito Santo a nossa alma e,
então, estaremos para sempre com o Senhor, onde ninguém mais vai sofrer,
ninguém mais chorar, ninguém vai ter saudade, ninguém mais vai ficar triste. No
final dos tempos, quando Cristo nossa vida, glorificar todo o universo, também
nossos pobres corpos ressuscitarão, pela força e ação do mesmo Espírito Santo
vivificador, que o Senhor tem em plenitude. Assim, em todo o nosso ser, corpo e
alma, estaremos para sempre com o Senhor! Eis por que somos cristãos, eis por
que temos esperança! Eis por que queremos viver com retidão, sobriedade,
abertura de coração para os irmãos e santo temor em relação a Deus. É o que
exprime São Paulo na segunda leitura: “Nosso
Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos
proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações
e vos confirmem em toda boa ação e palavra. O Senhor dirija os vossos corações
ao amor de Deus e à firme esperança em Cristo!”
Caríssimos, em Cristo, se fomos criados para Deus,
para a comunhão com Ele no céu, tenhamos, no entanto, o cuidado de não o
perdermos para sempre no inferno. O inferno existe, é real e pode ser nossa
miserável herança! Pode dar-se que, logo após a minha morte, não exista nenhum
comunhão com o Cristo que é Vida, mas somente o “Apartai-vos de mim, malditos! Não vos conheço!” E nossa alma caia
na eterna tristeza, na depressão sem fim, que devora, como verme e queima como
fogo! Não aconteça que, no fim dos tempos, também nosso corpo tenha de padecer
também este triste destino!
Eis, amados em Cristo, que o Senhor nos adverte!
Procuremos, pois, viver de tal modo, que possamos ser considerados dignos de
viver para sempre com ele. Para isso, pautemos nossa vida pelo amor e
obediência ao Senhor. Assim poderemos dizer como o Salmista, tendo os olhos
fixos em Cristo nosso Deus e nossa vida: “Os
meus passos eu firmei na Vossa estrada,/ e por isso os meus pés não vacilaram./
Eu Vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis,/ inclinai o Vosso ouvido e
escutai-me!/ Protegei-me qual dos olhos a pupila/ e guardei-me, à proteção de Vossas asas./ Mas eu verei justificado a Vossa face/ e ao despertar me saciará Vossa presença!” Que o Senhor que tudo pode confirme a nossa esperança.
Amém.
Bem Dom Henrique, depois de cumprir o Mandamento direitinho de "Guardar os Domingos", ir a Missa (com todo maior prazer), logicamente, cá estou...
ResponderExcluirBem, a Ressurreição é um dos mistérios que percebo mais difíceis na fé da maioria dos cristãos, por mais que o Credo diga: "Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na Comunhão dos Santos, na Remissão dos Pecados, na Ressurreição da carne, na Vida Eterna, Amém"
No Velho Testamento, vemos a Ressurreição.
No Novo Testamento vemos a Ressurreição.
"Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada.
"Tirem a pedra", disse ele.
Disse Marta, irmã do morto: "Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias".
Disse-lhe Jesus: "Não falei que, se você cresse, veria a glória de Deus?"
João 11
Sem fé é impossível agradar a Deus...
Pois eu Creio Jesus, eu creio firmemente que vencestes a morte com o tamanho do Amor que sentiste por mim, por meu irmão, por meu vizinho, por Dom Henrique, por todos...
A Paz de Cristo.
=)