sábado, 13 de julho de 2019

Homilia para o XV Domingo Comum - ano c

Dt 30,10-14
Sl 68 ou Sl 18B
Cl 1,15-20
Lc 10,25-37

A Palavra de Deus proposta neste Domingo é surpreendente. Tudo começa com uma pergunta que, apesar de ter sido feita para testar o Senhor Jesus, é válida, necessária, sempre urgente; pergunta que brota do mais profundo da nossa angústia: “Que devo fazer para receber a vida? Como devo viver para viver de verdade, para que minha vida valha a pena e não seja uma paixão inútil?” Apesar de um mundo que procura nos distrair dessa pergunta, não há como sufocá-la, como fazer de conta que ela não perturba nosso coração!
Pelo amor de Deus, responda o mundo tão animado e cheio de distrações: onde está a felicidade duradoura? Onde está a vida, a realização da existência? Que caminho seguir, para ser feliz de verdade?

Jesus, nosso Senhor, indica o caminho: “O que está escrito na Lei? Como lês?” – Aqui, há algo importantíssimo. O Cristo Jesus está falando com um escriba judeu; por isso, manda-o à Lei de Moisés. Uma coisa Ele quer deixar clara: a vida não está no homem, mas na vontade de Deus! O homem somente será feliz, somente encontrará verdadeiramente a Vida se procurar lealmente a vontade de Deus. Por isso, no Salmo 118, o Salmista pede, de modo comovente: “Sou apenas peregrino sobre a terra; de mim não oculteis Vossos preceitos!” Perder de vista o desígnio de Deus para nós, é perder de vista a própria vida, o sentido da existência!
Não esqueçamos, para não sermos enganados: fechados para a vontade do Senhor, não encontraremos a realização verdadeira! E este é o drama do mundo atual, que se julga maior de idade e, portanto, independente de Deus. Na verdade, é um mundo ateu, porque é um mundo autossuficiente, que só confia de verdade na sua filosofia, na sua tecnologia, na sua racionalidade pagã e na sua moral fechada para o Infinito!

Ao invés, o Cristo Senhor nos força a abrir o coração para o Alto, para o Altíssimo; convida-nos a respirar fundo o ar novo e puro, que brota das narinas de Deus e dá novo alento ao ser humano cansado e envelhecido pelo pecado! “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência”. Esta abertura para Deus dilata e realiza o coração humano, que foi criado para dar e receber amor, um amor pleno, amor na relação com Deus, que desemboca, generoso, no amor em relação aos outros: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. – “Faze isto e viverás!”
Os filósofos ateus dos últimos séculos – de Feuerbach aos louquinhos superficiais de hoje, de ateísmo de folhetim - gostam de insistir que Deus escraviza o homem, desumaniza a humanidade, impedindo-a de ser ela própria, de ser feliz. É mentira! É um triste mal-entendido! A verdadeira abertura para Deus nos faz crescer, nos faz superar nossos estreitos limites, nos lança de verdade em relação a Deus e nos compromete com os outros! Os mandamentos de Deus realizam o mais profundo anseio do nosso coração, que é a vida: “Converte-te ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma! Na verdade, o mandamento que hoje te dou não é difícil demais, nem está fora do teu alcance!” O próprio Deus – acreditem – nos deu o desejo e a capacidade de amar ao nos criar à Sua imagem!

O nosso bendito Salvador insiste ainda em algo muito importante: nossa relação com Deus, se é verdadeira, deve abrir-nos aos irmãos: “Quem é o meu próximo?”– A resposta de Jesus é clara: nosso próximo são aqueles que a vida fez próximos de nós. Nosso próximo são os próximos! Ou os amamos de verdade, ou não há próximo para amar. O próximo viraria uma ideia abstrata e sem valor algum. Não esqueçamos: o próximo tem rosto, tem cheiro, tem problemas e, às vezes, nos incomoda, nos atrapalha, nos desafia, nos causa raiva e contradição. É este próximo, concreto como uma rocha, que eu devo amar! Um judeu deve amar o próximo como a si mesmo: é isto que está escrito na Lei do Antigo Testamento. Um cristão, não! Ele deve amar o próximo como Jesus, nosso Redentor: até dar a vida: “Amai-vos como Eu vos amei! Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, façais vós também!” (Jo 13,34.15).

Recordemos que o próprio Senhor nos deu o exemplo; Ele mesmo Se fez próximo de nós: sendo Deus, Se fez homem, veio viver a nossa aventura, partilhar a nossa sorte, para nos dar a Sua Vida: “Cristo é a imagem do Deus invisível... porque Deus quis habitar Nele com toda a Sua plenitude”. Ele não viu nossa miséria de longe: Ele desceu e veio viver a nossa vida, fazendo-Se Deus conosco! Por isso, Ele é o verdadeiro Bom Samaritano, o verdadeiro modelo daquele que se faz próximo: viu-nos à margem do caminho da vida; viu-nos roubados e despojados de nossa dignidade de imagem de Deus; viu-nos totalmente perdidos... Ele Se compadeceu de nós, desceu à nossa miséria, fez-Se homem, para nos curar e elevar. Nele, se revela a plenitude do amor a Deus e aos outros: “Deus quis por Ele reconciliar Consigo todos os seres que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da Sua cruz”. Então, somente em Cristo, encontramos a Vida verdadeira e a realização pela qual tanto almejamos. Só Ele nos reconcilia com Deus e no abre uns para os outros, aproximando-nos no Seu amor!

Quando os cristãos não conseguem viver isso, quando não conseguem deixar que essa realidade maravilhosa transpareça, é porque estão sendo infiéis, estão sendo uma caricatura de discípulos do Senhor Jesus. Que responsabilidade a nossa! Saiamos daqui, hoje, com essa pergunta: quem são os meus próximos? Que tenho feito com eles? De quem ando distante e devo me aproximar Pensemos em Jesus Cristo que veio ser próximo, e ainda se faz próximo, hoje, em cada Eucaristia. Pensemos Nele: “Vai, tu também, e faze o mesmo!” Amém.


Um comentário:

  1. Pai Santo, me ajude ouvir a VOSSA voz. Me ajude observar os VOSSOS mandamentos e os VOSSOS preceitos. Me ajude na minha conversão. Me ajude ensinar com sabedoria e humildade. Me ajude para que a VOSSA palavra esteja sempre na minha boca e no meu coração. Me ajude ter mais fé e confiança no meu SALVADOR. Me ajude está reconciliado e em paz com todos. Me ajude alcançar a vida eterna. Me ajude amá-Lo com todo o meu coração, com toda a minha alma, com toda a minha força e com toda a minha inteligência; e ao próximo como a mim mesmo. Me ajude ter compaixão dos sofredores. Me ajude ser um bom samaritano para fazer caridade. Me ajude ser misericordioso. Isso eu LHE peço pela intercessão de Jesus Cristo, VOSSO querido filho e meu amado REDENTOR. Amém.

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