Agora, iniciamos a meditação do Terceiro Cântico do Servo Sofredor:
“O Senhor Deus Me deu língua de discípulo
Para que soubesse trazer ao cansado uma palavra de conforto.
De manhã em manhã Ele Me desperta, sim, desperta o Meu ouvido
para que Eu ouça como os discípulos” (Is 50,4).
Assim começa este terceiro poema. Note-se bem o logo a afirmação inicial: é surpreendente!
O Servo afirma que o Senhor Lhe deu uma língua de discípulo. Discípulo é o que aprende, o que escuta, todo aberto ao que o mestre fala. O surpreendente é que não diz que o Senhor deu um ouvido ou um coração de discípulo, mas uma língua! Em outras palavras: tudo quanto o Servo diz é porque assim ouviu do Senhor, do Santo de Israel! Como não pensar no nosso Salvador, que tantas vezes insistiu: “Minha doutrina não é Minha: Eu digo como o Pai me ordenou! Meu alimento é fazer a vontade do Pai!” Assim, o Servo; assim Jesus: totalmente aberto, totalmente disponível, totalmente pobre ante a vontade santíssima do Pai!
Jesus, nosso Senhor, nunca teve pose de astro, de pop star! Não: tudo Nele remetia ao Pai. Era o Pai que importava, era a vontade do Pai, a glória do Pai, o interesse do Pai, o Reino do Pai que realmente contavam! E esta atitude do nosso Salvador foi a atitude fundamental de toda a Sua existência na nossa carne: “De manhã em manhã Ele Me desperta, sim, desperta o Meu ouvido para que Eu ouça como os discípulos!”
Jesus foi grande, foi livre precisamente porque nunca procurou Sua própria glória, Sua própria vontade, Seu próprio interesse, mas somente a vontade do Pai: “Eu vim, ó Deus, para fazer a Tua vontade!” Por isso mesmo, Ele teve que aprender a obedecer, conforme diz a própria Escritura (cf. Hb 5,8). E isto custou; foi um duro aprendizado, com as dolorosas circunstâncias da vida: a cada manhã, a cada nova ocasião, o Pai Lhe foi abrindo os ouvidos! Que mistério, este da obediência amorosa do Filho, do ajustamento contínuo da Sua vontade humana à vontade do Pai!
Por isso mesmo, pela Sua santíssima obediência, Seu ministério foi fecundo e tornou-se consolo, salvação e libertação para nós e para o mundo inteiro: “soubesse trazer ao cansado uma palavra de conforto”. Eis: foi para a nossa salvação, para nosso conforto no coração do Santo de Israel que o Filho Se submeteu!
Adoremos, Irmão, este mistério! Imitemos o que adoramos! Recebamos a graça do que imitamos no concreto da nossa vida!
Reze o Salmo 93/94
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