sábado, 16 de maio de 2020

Homilia para o VI Domingo da Páscoa - ano a

At 8,5-8.14-17
Sl 65
1Pd 3,15-18
Jo 14,15-21

Nestes dias pascais em honra do Ressuscitado, contemplamos e experimentamos nos santos mistérios não somente a Sua Ressurreição e Ascensão, como também dom do Seu Espírito Santo em Pentecostes. Pois bem, caríssimos irmãos, a Palavra de Deus que escutamos nesta liturgia do VI Domingo da Páscoa coloca-nos precisamente neste clima. Com um coração fiel e recolhido, contemplemos o mistério que o Evangelho de hoje nos revela! Meditemos nas palavras do Senhor Jesus: é Ele mesmo que, sempre vivo, glorioso, sobreano Senhor da Igreja, nesta Ceia sacrifical da Eucaristia, nos diz novamente, aquelas palavras ditas na Ceia derradeira. Eis as Suas palavras:

“Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós! Pouco tempo ainda, e o mundo não mais Me verá, mas vós Me vereis, porque Eu vivo e vós vivereis!” São palavras estupendas, cheias de promessa e de vitória...
Mas, será que são verdadeiras? Como pode ser verdade tudo isso? Uma coisa é certa: o Senhor não mente jamais! E Ele nos garante: Eu virei a vós! Eu vivo! Vós vivereis! Vivereis da Minha Vida de Ressurreição!
Mas, como se dá tal experiência? Como podemos realmente experimentar tal realidade estupenda em nossa vida e na vida da Igreja? Eis a resposta, única possível: somente no Espírito Santo que o Ressuscitado nos deu ao derramá-Lo sobre nós após a Sua vitória sobree a morte. Vejamos:

“Eu virei a vós!” Na potência do Santo Espírito, Cristo realmente permanece no coração de Sua Igreja, primeiro pela Palavra, pregada na potência do Espírito, como Filipe, na primeira leitura, que, anunciando o Cristo, realizava curas e exorcismos e, sobretudo, tocava os corações! A Palavra que Filipe pregava e que a Igreja proclama é cheia de Espírito Santo de Cristo e, por isso, Palavra que realmente toca os corações e coloca os ouvintes diante do Cristo vivo, soberano, atual e atuante. 
Mas, conjuntamente com a Palavra, os sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia. Em cada sacramento é o próprio Espírito do Ressuscitado Quem age, conformando-nos ao Cristo Jesus, unindo-nos a Ele, fazendo-nos experimentar Sua Vida e Sua força. Pelo Batismo, mergulhados no Espírito do Ressuscitado, realmente nascemos para uma nova Vida, como nova criatura; pela Eucaristia, Seu Corpo e Sangue plenos do Espírito, entramos na comunhão mais plena que se possa ter neste mundo com o Senhor: Ele em nós e nós Nele, num só Espírito Santo que Ele nos doa continuamente!

“Vós Me vereis!” Porque o Santo Espírito do Senhor Jesus habita em nossos corações, nós experimentamos Jesus em nós como uma Presença real e atuante e, com toda a certeza, proclamamos que Jesus é o Senhor, como diz São Paulo: “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo” (1Cor 12,3). Porque vivemos no Espírito, experimentamos todos os dias Jesus como Alguém vivo e presente na nossa vida, em outras palavras: vemos Jesus; vemo-Lo de verdade!

“Eu vivo!” Sabemos que o Senhor está vivo: “morto na Sua existência humana, recebeu nova Vida pelo Espírito Santo”. Sabemos com toda a certeza da fé que Cristo é o Vivente para sempre, cheio de Vida divina, o Vencedor da Morte!

“Vós vivereis”. O Senhor Jesus não somente está vivo, totalmente transfigurado pela ação potente do Espírito que o Pai derramou sobre Ele... Vivo na potência do Espírito, Ele nos dá esse mesmo Espírito em cada sacramento. Assim, sobretudo no Batismo e na Eucaristia, tornam-se verdadeiras as palavras do Senhor: “Vós vivereis!”, isto é: recebendo Meu Espírito, Nele vivendo, tereis a Minha Vida mesma! Vivereis porque Meu Espírito “permanece junto de vós e estará dentro de vós!”

Então, caríssimos, palavras de profunda intensidade e de profunda verdade! Num mundo da propaganda, da ilusão, dos simples sentimentalismos, essas palavras do Senhor são uma concreta e impressionante realidade. Mas, escutemos ainda o Senhor: “Naquele dia sabereis que Eu estou no Meu Pai e vós em Mim e Eu em vós!”
É na oração, na prática piedosa dos sacramentos, na celebração ungida e piedosa da Eucaristia que experimentamos essas coisas! Aqui não é só a inteligência, aqui não basta a razão, aqui não são suficientes os nossos esforços! É na fé profunda de uma vida de união com o Senhor, na força do Espírito Santo que experimentamos isso que Jesus disse: Ele está no Pai, no Espírito Ele e o Pai são uma só coisa.
Mas, tem mais: experimentamos que nós estamos Nele, Nele enxertados como os ramos na videira, Nele incorporados como os membros do corpo unidos à Cabeça! Repito: é nos sacramentos que essa experiência maravilhosa torna-se realidade concreta. Um cristianismo que tivesse somente a Palavra de Deus, sem valorizar os sete sacramentos – sobretudo o Batismo e a Eucaristia -, seria um cristianismos mutilado, deficiente, anêmico, não condizente com a fé do Novo Testamento e a Tradição constante da Igreja! Irmãos, atenção para a nossa vida sacramental!

Ora, é esta comunhão misteriosa e real com o Senhor no Espírito, que nos faz amar o Senhor Jesus e vive-Lo com toda seriedade de nossa existência. É cristão de modo pleno quem experimenta o Senhor Jesus vivo e íntimo em sua vida e celebra tal união, tal cumplicidade de amor, nos sacramentos! Aí sim, as exigências do Senhor, Seus mandamentos, não nos parecem pesados, não nos são pesados, não são um fardo exterior que suportamos porque é o jeito. Quem vive a experiência desse Jesus presente e doce no Espírito derramado em nós, experimenta que cumprir os preceitos do Senhor é uma exigência doce, porque é exigência de amor e, portanto, libertadora, pois nos tira de nós mesmos e nos faz respirar um ar novo, o ar do Espírito do Ressuscitado, o Homem Novo!

Mas, quem pode fazer tal experiência? Somente quem vive de modo dócil ao Espírito Consolador, que nos consola mesmo nos desafios mais duros. Somente viverá o cristianismo com um dom e não como um peso quem vive na consolação do Espírito, que é também Espírito de Verdade, pois nos faz mergulhar na gozo da Verdade que é Jesus.
Ora, o mundo jamais poderá experimentar esse Espírito; jamais poderá experimentar o Evangelho como consolação, jamais poderá experimentar e ver que Jesus está vivo e é doce e suave Vida para a nossa vida! Por isso mesmo, o mundo jamais poderá compreender as exigências do Evangelho: aborto, desconstrução da família segundo o plano de Deus, assassinato de embriões com fins pseudocientíficos, ideologia de gênero, eutanásia... Como o mundo poderá compreender as exigências do Evangelho se não conhece o Cristo? “O mundo não mais Me verá!” Nunca nos esqueçamos disso! Ai daqueles que pensam que a Igreja deve correr atrás do mundo, adotando a sua lógica, e os seus critérios! Este não é capaz de receber, de acolher o Evangelho porque – diz Jesus, nosso Senhor – não vê nem conhece o Espírito Paráclito! Mas, vós, cristãos, “O conheceis porque Ele permanece junto de vós e estará dentro de vós!” Irmãos, como nosso Senhor é claro, como é verdadeiro, como nos preveniu!

É esta experiência viva do Senhor Jesus no Espírito que nos dá a força cheia de entusiasmo na pregação como Filipe, na primeira leitura. Dá-nos também a coragem e o discernimento para dar ao mundo “a razão da nossa esperança”, santificando o Senhor Jesus em nossos corações, isto é, pregando Jesus Cristo primeiro com a coerência da nossa fé na vida concreta e, depois, com respeito pelos que não creem como nós, mas com a firmeza de quem sabe no que acredita! Dá-nos, enfim, a graça de participar da Cruz do Senhor, Ele que “morreu uma vez por todas, por causa dos nossos pecados, o Justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus”.Assim, com Ele morreremos para uma vida velha e ressuscitaremos no Espírito para uma Vida nova.

Eis! Esta será sempre a grande novidade cristã, o centro, o núcleo de a nossa identidade e nossa força! Nunca esqueçamos disso! Vamos! Sigamos o Senhor! Abramo-nos ao Seu Espírito, E teremos a Vida eterna! Amém.


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