sábado, 9 de maio de 2020

Homilia para o V Domingo da Páscoa - ano a

At 6,1-7
Sl 32
1Pd 2,4-9
Jo 14,1-12

Neste Domingo, quinto do Tempo da Páscoa, elevemos o olhar para o Ressuscitado; deixemo-nos tomar por Sua palavra: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em Mim também!” Estejamos atentos: estas não são palavras ditas ao vento, para ninguém! São palavras, é exortação a nós, cristãos de agora; palavras para cada um de nós e para nós todos.
No mundo complexo, numa realidade plena de desafios, de pontos escuros e tão obscuros, na nossa vida pessoal tantas vezes sofrida, tantas vezes ferida, cheia de tantas contradições e desafios, o Senhor nos olha, estende-nos as mãos, abre-nos o coração e nos enche de serenidade e confiança: “Não se perturbe o vosso coração!”

Pensemos nos desafios dos tempos atuais: o desafio de crer e testemunhar o Senhor em situações tão cheias de promessas, mas também tão confusas, de tantos relativismos, num mundo em que tudo parece desfazer-se ou, como dizem atualmente, liquefazer-se...
Pois bem, o Senhor insiste: “Tendes fé em Deus, tende fé em Mim também!” Ter fé em Cristo! Eis o desafio para nós! Ontem, como hoje, é necessário proclamar nossa fé Nele, nossa entrega a Ele, nossa certeza de que Ele pode dar um sentido e Vida à nossa existência.

E por quê? Não seria loucura, alienação, infantilidade, confiar assim, de modo tão absoluto, em um alguém? Por que apostar toda a vida em Jesus e somente em Jesus? Por que não um pouquinho de Buda, um pouquinho de Maomé, um pouquinho de Dalai Lama, um pouquinho de esoterismo, um bocadinho nas ideologias disponíveis, um pouquinho mais de consumismo e outro tantinho de rédea solta aos nossos instintos? Por que somente Cristo? Por que absolutizar Jesus?

Eis a resposta, que Ele mesmo nos dá; eis a resposta surpreendente; escutemo-la: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim!” É precisamente neste mundo de tantos desafios e de tantos caminhos, que o Senhor Jesus nos diz: "Eu sou o Caminho!" Nestes tempos de tantas verdades, Ele nos proclama: "Eu sou a Verdade!" Neste mundo que nos tenta, oferecendo Vida onde não há vida verdadeira, Jesus nosso Senhor anuncia: "Eu sou a Vida!" De fato, Ele não é simplesmente um profeta, um sábio, não é alguém a quem podemos admirar e seguir ao lado de outros personagens igualmente ilustres! Jesus Se nos apresenta como Aquele que vem de Deus e é o único que nos pode revelar de modo pleno, de modo claro e conclusivo o caminho para Deus! Mais ainda: Aquele que é nosso Caminho é também nossa única Verdade e nossa única e verdadeira Vida!

Caríssimos, é diante Dele que temos sempre que nos decidir, que somos chamados a dar um rumo à nossa existência em seus múltiplos aspectos, e à existência da sociedade, da família, das relações sociais, do mundo. O mundo tem tantas e tantas medidas para avaliar o bem e o mal, o certo e o errado... Mas, cristãos, a nossa medida é Cristo!
Eis! Ele é nossa medida porque é o único Caminho, a única Verdade, a única Vida! O próprio Apóstolo São Pedro nos afirma na segunda leitura da Missa deste Domingo: “Aproximai-vos do Senhor, Pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus! Com efeito, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião uma Pedra angular, escolhida e magnífica; quem Nela confiar, não será confundido!’ Mas, para os que não creem, ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular pedra de tropeço e rocha que faz cair’”. Não há como escapar: diante de Cristo, é necessária uma escolha, uma decisão! Aqui não se tem nada a ver com ser aberto ou fechado, otimista ou pessimista! Aqui se tem a ver com a experiência tremenda de Deus que entregou o Seu Filho ao mundo para ser nossa Vida e Caminho e os homens O rejeitaram. Ora, é diante do Cristo, Caminho, Verdade e Vida que nossa existência será julgada, que o mundo será examinado! E, no entanto, Ele será sempre sinal de contradição e pedra de tropeço...
Há muitos dentre nós que se iludem – e teimam em iludir-se! –, pensando numa Igreja que faça o jogo da moda, que diga amém a um modo de pensar, agir e viver estranho ao Evangelho! Que engano tão danado! A renovação da Igreja está em voltar sempre a Cristo e Nele se reencontrar sempre, retomando o vigor, como de uma fonte puríssima! O verdadeiro serviço à humanidade e ao mundo é apresentar o Cristo e Nele colocar toda a esperança! Somente em Cristo a Igreja terá razão de ser e despertará interesse por quem deseje encontrar a Vida!

“Não se perturbe o vosso coração!” – Já nos inícios da Igreja havia tensões, desafios, dificuldades externas e internas. Pois bem, já ali o Senhor dizia aos cristãos: “Não se perturbe o vosso coração!” Já ali lhes garantia a grandeza do amor do Pai: “na Casa do Meu Pai há muitas moradas!” E já ali, entre as consolações de Deus e as provações da vida, “a Palavra do Senhor se espalhava”. Portanto, não temamos em colocar toda a nossa confiança no Senhor; não hesitemos em procurar de todo o coração seguir os passos do Senhor Jesus! A oração inicial da Missa de hoje exprimiu muito bem o que espera o cristão, ao colocar no Senhor a sua existência. Recordemo-la: “Ó Deus, Pai de bondade, concedei aos que creem no Cristo a liberdade verdadeira e a Herança eterna!” – Eis o que buscamos, o que esperamos, o que temos a certeza de alcançar: a liberdade verdadeira e a Herança eterna! Amém.


Um comentário:

  1. Palavras vindas do Espirito Santo, Obrigado senhor por dar tanta inspiraçao ao nosso bispo.O Senhor esteja convosco Dom Henrique.

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