quinta-feira, 16 de abril de 2020

Cristo, nossa Páscoa eterna

Eis uma parte da belíssima e comovente Homilia de Páscoa do santo Bispo Melitão de Sardes, do século II:

Muitas coisas foram preditas pelos profetas sobre o mistério da Páscoa, que é Cristo, a Quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém (cf. Gl 1,5). (Observação minha: Mais que uma festa, a Páscoa é uma Pessoa. No Antigo Testamento, chamava-se “Páscoa” ao cordeiro pascal, comer a Páscoa era comer o cordeiro pascal judaico. Agora, nossa Páscoa é Cristo, o Cordeiro imolado. É Ele quem nos faz passar deste mundo para o Pai).
Ele desceu dos Céus à terra para curar a enfermidade do homem; revestiu-Se da nossa natureza no seio da Virgem e Se fez homem; tomou sobre Si os sofrimentos do homem enfermo num corpo sujeito ao sofrimento, e destruiu as paixões da carne; Seu espírito, que não pode morrer, matou a morte homicida (Observação minha: Aqui, é necessário ter cuidado com a linguagem teológica. “Espírito”, neste contexto, não é a alma de Jesus nem o Espírito Santo, mas sim Sua Pessoa divina, a segunda da Santíssima Trindade, que assumiu nossa natureza humana).

Foi levado como cordeiro e morto como ovelha; libertou-nos das seduções do mundo, como outrora tirou os israelitas do Egito; salvou-nos da escravidão do demônio, como outrora fez sair Israel das mãos do faraó; marcou nossas almas com o sinal do Seu Espírito e os nossos corpos com Seu Sangue. Foi Ele que venceu a morte e confundiu o demônio, como outrora Moisés ao faraó. Foi Ele que destruiu a iniquidade e condenou a injustiça à esterilidade, como Moisés ao Egito. Foi Ele que nos fez passar da escravidão para a liberdade, das trevas para a Luz, da morte para a Vida, da tirania para o Reino sem fim, e fez de nós um sacerdócio novo, um Povo eleito para sempre. Ele é a Páscoa da nossa salvação (Observação minha: É importante notar como toda a Páscoa de Cristo é compreendida como sendo o cumprimento e plenitude da Páscoa dos judeus. Tudo, na Páscoa judaica, era preparação para a Páscoa de Cristo, que é causa e modelo da nossa Páscoa. Um cristão, se deseja compreender os textos e eventos da Antiga Aliança, tem que relê-los sempre à luz do Cristo nosso Deus e Páscoa definitiva. Aliás, esta é a miséria sem cura da leitura das Escrituras feita nas seitas pentecostais. É um caso sem solução, um desastre total!).

Foi Ele quem tomou sobre Si os sofrimentos de muitos: foi morto em Abel; amarrado de pés e mãos em Isaac; exilado de sua terra em Jacó; vendido em José; exposto em Moisés; sacrificado no cordeiro pascal; perseguido em Davi e ultrajado nos profetas. Foi Ele o cordeiro que não abriu a boca, o cordeiro que não abriu a boca, o cordeiro imolado, nascido de Maria, a bela ovelhina; retirado do rebanho, foi levado ao matadouro, imolado à tarde e sepultado à noite; ao ser crucificado, não Lhe quebraram osso algum, e ao ser sepultado, não experimentou a corrupção; mas ressuscitando dos mortos, ressuscitou também a humanidade das profundezas do sepulcro (Observação minha: Que beleza de leitura da Escritura! O Autor, inspirado na liturgia da Igreja e no modo cristão de ler a Bíblia, vê a prefiguração de Cristo em todo o Antigo testamento! Tudo preparava para Ele, tudo era profecia sobre Ele, tudo se cumpre Nele e, misteriosamente, Ele já estava presente, de certo modo, em tudo isto! Ele é a Palavra abreviada, que sintetiza tudo quanto Deus nos disse e fez por nós!).


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