Is 40,1-5.9-11
Sl
84
2Pd
3,8-14
Mc
1,1-8
O
tempo do Advento coloca-nos diante da miséria da humanidade, da pobreza e
aperto da Igreja, da nossa própria miséria.
Pobre
humanidade: por mais que se julgue autossuficiente, é tão insuficiente, por
mais que deseje ser seu próprio deus, não passa de pó que o vento leva!
Pobre
Igreja, tão santa pela santidade de Cristo, o Santo de Deus, mas tão
envergonhada pelos pecados de seus filhos e até de seus pastores, que deveriam
ser exemplo e orgulho do rebanho; tão difamada, tão vilipendiada, tão humilhada
nos dias atuais!
Pobres
de nós, que vivemos uma vida tão cheia de percalços e angústias, de lutas e
lágrimas, de desafios que, às vezes, pararem mais fortes que nós!
Eis
a humanidade! Como no passado, ainda hoje precisamos de um Salvador, como
Israel que esperou, nós, Igreja de Cristo, suplicamos: Vem, Senhor! Manifesta o
Teu poder! Que passe logo este mundo de tanta ambiguidade e provação; que venha
a plenitude do Teu Reino, que venha o Teu Dia, que venha logo a plenitude da
Tua graça!
É
este o horizonte para contemplarmos a Palavra de Deus deste II Domingo do Advento.
No
Missal romano, as palavras de entrada da Missa, tiradas do Profeta Isaías, já
nos são de tanto consolo: “Povo de Sião
– somos nós, meus irmãos, somos nós! – o
Senhor vem para salvar as nações! E, na alegria do vosso coração, soará
majestosa a Sua voz!” (Is 30,19.30).
Sim!
O Senhor vem!
Aquele
que nunca nos deixou e vem sempre nas pequenas coisas e ocasiões da vida, Ele
mesmo virá, um dia, naquele Dia, no fulgor da Sua Glória: Ele, nossa justiça,
Ele, nossa esperança, Ele, nosso Salvador!
Escutemos
o Profeta, falando em nome de Deus! Escutemos as palavras que Ele manda dizer à
Sua Igreja sofredora e humilhada, tentada pelo desânimo: “Consolai, consolai o Meu povo! Falai ao coração de Jerusalém e dizei
em alta voz que a sua servidão acabou!”
O
Senhor vem, cheio de mansidão e misericórdia, de bondade e compaixão!
No
Natal nós veremos que Deus é amor, veremos do que Ele é capaz por nós: capaz de
fazer-Se pequeno, capaz de fazer-Se criança, capaz de fazer-Se pobre entre os
pobres do mundo! “Sobe a um alto monte,
tu que trazes a boa-nova a Sião, levanta com força a tua voz; dize às cidades
de Judá: ‘Eis o vosso Deus! Como um pastor, Ele apascenta o rebanho, reúne com
a força dos braços os cordeiros e carrega-os ao colo; Ele mesmo tange as
ovelhas que amamentam”.
Caríssimos,
não desanimemos, não temamos, não percamos o rumo da nossa vida, não esfriemos
na nossa fé e na nossa esperança: tudo caminha para esse encontro com Aquele
que vem!
O
Senhor não Se esqueceu de nós, não virou as costas para o mundo, não abandonou
a Sua Igreja! Recobremos o ânimo, renovemos as nossas forças, colocando no
nosso Deus a nossa esperança e a nossa certeza!
Mas,
a Vinda do Senhor, vinda salvadora, será também uma Vinda de julgamento: na Sua
luz, bem e mal, santidade e pecado, retidão e maldade, fidelidade e
infidelidade aparecerão.
Na
Sua Vinda, tudo será queimado, purificado no fogo devorador do Seu Espírito
Santo, Aquele que arguirá o mundo quanto à justiça, quanto ao julgamento e
quanto ao pecado (cf. Jo 16,8-11).
A
Palavra de Deus hoje nos adverte severa e insistentemente sobre isso: “Eis o vosso Deus, eis que o Senhor Deus vem
com poder, Seu braço tudo domina: eis, com Ele, Sua conquista, eis à Sua frente
a vitória! O Dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os elementos,
devorados pelas chamas, se dissolverão, e a terra será consumida com tudo o que
nela se fez. O que nós esperamos são novos céus e nova terra, onde habitará a
justiça!”
O
Senhor, portanto, julgará tudo: na luz, do Seu Espírito Santo, tudo será
colocado às claras; no fogo do Seu Espírito Santo, tudo será purificado, e
aquilo que não foi de acordo com o Seu Evangelho, com a Sua Verdade, com a Sua
Cruz, será consumido no nada, no pó, no choro e ranger de dentes.
Por
isso mesmo, a insistente exortação que a Palavra nos faz hoje à vigilância.
São
Pedro, na segunda leitura, recorda-nos que este tempo de nossa vida é tempo da
paciência de Deus, tempo de aproveitar para trabalhar para a nossa conversão: “O Senhor está usando de paciência para
convosco. Pois não deseja que alguém se perca. Ao contrário, quer que todos
venham a converter-se!’
Bispos
e padres, convertamo-nos! Mudemos nossa vida, abramos nosso coração!
Não
vos iludamos, pensando que podemos nos acostumar com o Senhor: pregamos a
Palavra Dele e seremos julgados pela Palavra que pregamos!
Religiosos
e religiosas, convertei-vos ou morrereis eternamente no fogo que não acaba! Não
podeis fingir, não podeis enganar o Senhor!
Povo
todo de Deus: jovens e adultos, idosos e crianças, solteiros e pais e mães de
família, convertei-vos, mudai vosso procedimento! Vivei de acordo com o que sois:
sois a Igreja santa, sois o Povo santo de Deus, sois a herança de Cristo!
Convertei-vos todos, pois o Senhor a todos examinará!
Com
a nossa vida e o nosso procedimento, preparemos
no deserto de nossa vida o caminho do Senhor!
Nivelem-se
todos os vales de nossas baixezas e pecados, rebaixem-se todos os montes e
colinas do nosso orgulho, soberba e prepotência; endireite-se o que é torto no
nosso pensamento e no nosso procedimento e alisem-se as asperezas de nosso modo
de tratar os irmãos. Então, a Glória do Senhor se manifestará na nossa vida e
nós seremos luz para a humanidade em trevas!
Irmãos,
não somos da noite, não somos das trevas! Somos filhos da Luz de Cristo, somos
filhos do Dia do Senhor!
A
figura de João Batista, com toda a sua austeridade e com suas palavras de
advertência são um sério convite a que revisemos nosso modo de viver.
Hoje,
caríssimos, o mundo é todo paganizado, nosso país está se tornando cada vez mais
pagão. Mas, isso não é o mais triste!
O
mais triste, o que nos corta o coração, é ver os cristãos vivendo como os
pagãos, pensando como os pagãos, falando como os pagãos, agindo como os pagãos,
gostando das coisas que agradam os pagãos!
Nós,
que vimos a luz; nós, que temos a consolação de Cristo; nós que temos o Seu
Espírito; nós, que nos alimentamos com o pão da Sua Palavra e do Seu Corpo e
Sangue! Não fugiremos à ira, caríssimos! Não escaparemos do tremendo tribunal
de Cristo! João Batista é claro: “Depois
de mim virá Alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de me abaixar para
desamarrar Suas sandálias. Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o
Espírito Santo!”
Não
se brinca com Cristo, não se domestica o Evangelho, não se falsifica o Salvador:
se João - austero, piedoso e coerente - não se sentia digno de desamarrar Suas
sandálias, que será de nós? Ele nos batizará, nos mergulhará no fogo do Seu
Espírito... E, então, ai do infiel, ai do que fez pouco caso da Sua Palavra,
das Suas exigências, do Seu amor!
Caríssimos,
o Senhor está próximo: convertamo-nos! Amém.
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