Is 55,6-9
Sl 144
Fl 1,20c-24.27a
Mt 20,1-16a
Tomemos como norte de nossa
meditação da Palavra que o Senhor nos dirige neste Domingo a leitura primeira
da Liturgia sagrada, retirada da profecia de Isaías.
O profeta convida-nos, dirigi-nos
um apelo para que busquemos o Senhor, O invoquemos, voltemos para Ele.
Eis aqui, caríssimos, um grito
tão necessário nestes tempos do homem cheio de si, preocupado consigo,
embriagado pelos seus próprios feitos e tão confiado em suas próprias ideias!
Tempos difíceis, estes, de
tentação de reduzir Deus à medida do homem e forçar Deus a dizer “amém” à
mentalidade do homem, à infidelidade do homem, ao pecado do homem!
O profeta grita-nos, tão atual,
quase que nos prevenindo, ameaçando-nos, advertindo-nos: “Buscai o Senhor; invocai-o! Que volte para o Senhor!”
Mas, isso significa ter a coragem
de sair de si mesmo para abraçar os pensamentos e caminhos do Senhor!
Pensem bem, caríssimos, que
felicidade, que graça: abraçar os desígnios de Deus, entrar no Seu projeto,
viver a Sua proposta!
Pensem bem: não seria isso a
sabedoria plena, a felicidade verdadeira da humanidade e do mundo?
Não seria isso viver na verdade,
viver de verdade?
E, no entanto, isso não é
possível sem um doloroso e generoso processo de conversão!
Porque, infelizmente, os
pensamentos do Senhor não são os nossos e os nossos caminhos não são os do
Senhor! Que triste desacordo, que desencontro danado!
Escutem: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos
não são como os Meus caminhos, diz o Senhor!”
Isto não é brincadeira: o homem
sozinho não pensa como Deus, não caminha no caminho de Deus: nem na ONU nem na
Casa Branca nem no Palácio do Planalto nem no Congresso nem mesmo na Igreja ou
no nosso coração!
Somente a conversão pode nos
elevar ao pensamento de Deus e fazer com que nossos caminhos sejam os Dele: “Abandone o ímpio seu caminho e o homem
injusto, suas maquinações; volte para o Senhor!”
Voltar para o Senhor! Volta, ó
homem do século XXI, para o Senhor! Deixa tua autossuficiência, teu cinismo,
deixa tua ilusão de pensar que sabes tudo, que és maduro o bastante para
prescindir de Deus! Tu não és o centro; tu não és a medida de todas as coisas,
tu não és o critério do bem e do mal! “Buscai
o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-O, enquanto está perto; volte para
o Senhor, que terá piedade, volte para o
nosso Deus, que é generoso no perdão!”
O Senhor nos procura, como o dono
da vinha do Evangelho de hoje – e procura-nos com insistência: sai de madrugada
à nossa procura, porque o amor tem pressa, o amor anseia encontrar a pessoa
amada. E, como o amor é insistente, o Senhor vem sempre, a cada momento, em
cada ocasião, sempre à nossa procura: pelas nove, ao meio-dia, pelas três; e
até mesmo às cinco da tarde, quando o sol já se esconde, o Senhor vem
novamente! Sempre é tempo de conversão, sempre é tempo de voltar para o Senhor!
Aí, então, experimentaremos que
tudo é graça, que o pensamento de Deus para nós é amor que não é mesquinho, que
sabe tratar a todos com generosidade, fazendo primeiro no Seu Reino aquele que
tem coragem de crer no amor, de ir ao encontro do Senhor mesmo que seja a
última hora!
Ó mundo, ó humanidade, ó cristão,
voltai para o Senhor!
A única coisa que vos pede é que
acrediteis no Seu amor generoso e no Seu perdão abundante, e vos convertais de
todo o coração!
Converter-se, caríssimos,
significa entrar na maravilhosa experiência que São Paulo testemunha na segunda
leitura de hoje: viver de um modo novo, de um viver diferente: “Para mim, viver é Cristo! Cristo vai ser
glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte!”
Eis, que ideia tão bela do que
seja a conversão: viver em Cristo!
Notemos os passos do pensamento
do Apóstolo. Ele é tão unido a Cristo, tão apaixonado pelo Salvador, que seja
na vida seja na morte, sabe que está unido ao seu Senhor e em tudo o Senhor é
nele glorificado.
Que é a vida para quem voltou para
o Senhor? A vida é Cristo!
Que é a morte para quem vive
mergulhado no Senhor? A morte é estar com Cristo e, por isso, é lucro!
Por isso, a vida de Paulo – e a
do cristão, com Paulo – é atraída para o seu Senhor: “Tenho o desejo de partir para estar com Cristo!” Eis por que Paulo
vive, eis para que vive: para estar com Cristo!
Aqui, uma observação importante:
prestem atenção que São Paulo sabe muito bem que assim que morrer vai estar com
Cristo! Por isso mesmo ele diz que isso “para
mim, seria de longe o melhor!” Jamais o Apóstolo compartilharia a afirmação
errônea das denominações protestantes, que pensam que os que morrem em Cristo
ficam dormindo! Se ficassem, não seria melhor para Paulo partir para estar com
Cristo; seria melhor continuar vivendo e trabalhando pelos irmãos!
A certeza dos cristãos é bem
outra: assim que morrermos, vamos estar com o Senhor: vamos “partir para estar com Cristo!” Nosso
corpo, é verdade, permanecerá no sono da morte até o Dia de Cristo... Mas, “sabemos que, se nossa morada terrestre for
destruída, teremos no Céu um edifício, obra de Deus, morada eterna, não feita
por mãos humanas” (2Cor 5,1)
Portanto, nem a vida nem a morte
nos podem mais separar do amor de Cristo! É só voltarmos para o Senhor, é só
procurá-Lo de todo o coração com nosso afeto, com nossos atos, com nosso desejo
sincero de a Ele nos converter de todo coração!
Caríssimos, buscai o Senhor,
voltai para o Senhor, invocai o Senhor! E, lembrai-vos: Ele é tão bom, que Se
deixa encontrar! Primeiro nos atrai e, depois, deixa que O encontremos e, como
o senhor da parábola, nos enche de dons, sem levar em conta a hora em que nos
convertemos em trabalhadores da Sua vinha!
Mas, quereis saber qual é a hora
da conversão? Esta, agora!
Voltai para o Senhor! Amém.
Linda e sábia mensagem essa de Dom Henrique. Com certeza devemos buscar o Senhor enquanto é tempo, devemos nos convertermos para a nossa felicidade. Peçamos a Jesus que nos ajude a sermos cristãos de verdade.
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