“Vieram apressados os pastores,
encontraram Maria com José, e o Menino deitado no presépio” (Lc 2,16).
Como
os pastores, é assim que também nós encontramos o Menino nascido para nós, o
filho que nos foi dado: deitadinho no presépio, com Maria e José. Neste Domingo
dentro da Oitava do Santo Natal, a Igreja contempla o mistério da Sagrada
Família de Nazaré. Mistério, sim! Vejamos senão: o Filho eterno, ao assumir nossa
condição humana, encarnou-Se e nasceu, viveu e cresceu no seio de uma família
humana. Para a fé cristã, este fato reveste-se de uma significação enorme: ao
assumir a família, ao entrar nela e nela humanizar-Se, aprendendo a ser gente,
o nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo, santificou a família humana. Já no
princípio, quando Deus, na Sua sabedoria infinita, viu não ser bom que o homem
estivesse só e deu-lhe a mulher por companheira, determinando que os dois
fossem uma só carne, desde então, a família é sagrada. Isso mesmo: Deus pensou
no ser humano nascendo e sendo formado no seio de uma família! E compreendamos
bem família: um homem e uma mulher unidos estavelmente, gerando e educando
filhos no amor! Uma família, do ponto de vista de Deus, é isso; nem mais nem
menos! Pois bem: a família, sonhada e instituída por Deus, foi definitivamente
abençoada e levada à plena sacralidade pelo Filho eterno quando, fazendo-Se
homem, santificou e consagrou a vida familiar.
Eis
por que, para os cristãos, a família é sagrada: nasce do sacramento do
Matrimônio, no qual o marido e a esposa recebem a graça de viverem como sinal
da aliança de amor entre o Cristo-Esposo e a Igreja-Esposa. Nascida do
matrimônio, a família vai crescendo pela fecundidade do amor humano, consagrado
nas águas do Batismo de cada novo membro que nasce; e vai alimentando-se não
somente da comida e da bebida da mesa de cada dia, fruto bendito do suor e do
trabalho, mas, sobretudo, do pão e do vinho, Corpo e Sangue do Senhor, dado e
recebido na Eucaristia. Estejamos atentos a este fato importantíssimo! A
família não é uma realidade simplesmente humana, sociológica! A família é
sagrada: querida por Deus, amada por Deus, criada por Deus, sustentada por
Deus! Quem destrói a família peca gravemente contra Deus! E mais ainda: a
família como Deus a pensou, repitamos para que não haja dúvida, é composta
nuclearmente por um esposo, uma esposa e os filhos! Os cristãos não poderão
nunca pensar em outros modelos de convivência como sendo uma família nos moldes
desejados por Deus! Os cristãos nunca aceitarão a maldita ideologia de gênero
que, em nome de direitos inexistentes, pretende subverter o que o Senhor Deus
pensou para a humanidade e inscreveu no corpo e na psicologia dos seres
humanos! Homem e mulher imagem de Deus, unidos no amor que tudo crê, tudo
suporta, tudo espera, que é fiel, que é perene, abertos à vida, gerando e
educando filhos para a Igreja e para o mundo. Este é o plano de Deus, este é o
compromisso dos cristãos, esta é a lei inscrita na nossa natureza humana, no
nosso coração, quando não subvertido por ideologias artificiais e ateias!
Atentos, irmãos: os cristãos devem sempre respeitar as pessoas e suas opções de
vida, mas jamais devem chamar de certo ao que Deus chama de errado! Isto nunca,
sob pretexto algum!
Esta
família como Deus sonhou, se é cristã, é a primeira imagem da Igreja, é a primeira
comunidade de cristãos! Pensemos bem na sublimidade de tal mistério: o pai, a
mãe e os filhos, todos batizados em Cristo Jesus , são uma pequena Igreja, a Igreja
doméstica! A esta comunidade familiar, São Paulo dirige, na liturgia de hoje,
palavras comoventes, conselhos e exortações insuperáveis. Pensando na nossa
família, escutemos: “Vós sois amados de
Deus, sois Seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia,
bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e
perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Sobretudo,
amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de
Cristo reine em vossos corações. E sede agradecidos! Que a palavra de Cristo
habite em vós! Tudo que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do
Senhor Jesus Cristo. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como
convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com
elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais. Pais, não intimideis vossos
filhos, para que eles não desanimem”. Vede, irmãos, o que é uma família
cristã: uma pequena comunidade de irmãos no Senhor, um pequeno sinal do Reino
de Deus, uma outra família de Nazaré! A família cristã é o primeiro lugar de
evangelização, de experiência de amor ao Senhor e aos outros, é o primeiro
lugar de oração comunitária e de santificação, é o primeiro ambiente no qual se
aprende o valor do trabalho, do esforço, da partilha, da renúncia, da piedade!
A família é santa, a família é sagrada, o lar é um santuário!
Mas,
hoje, o mundo tem como propósito sério, sistemático, persistente, inteligente e
eficaz destruir a família. Os meios de comunicação invadiram nossas casas, com
ideias, imagens e palavras eivadas de paganismo e anticristianismo. Querem nos
fazer acreditar que a família é algo meramente humano, que pode ser definido a
nosso bel prazer! Querem que se chame de matrim6onio a uma união civil de
pessoas do mesmo sexo, querem que se aceite como normal o divórcio, o
adultério, a convivência sem o sacramento do matrimônio. Desejam que os
cristãos achem normal a existência de ex-maridos, ex-esposas, ex-noras,
ex-sogras, ex-genros, ex-sogros... Ex, ex, ex... Ex-cristão, é o que o mundo de
hoje é! Ex-famílias é o que esses ajuntamentos de desajuntados são! Repito: as
pessoas merecem todo o nosso respeito, a história de cada pessoa deve ser
sempre respeitada; mas jamais um cristão deve esquecer o sonho de Deus, o
preceito de Deus, a Lei de Deus! O projeto de Deus para a família humana não
poderá nunca ser negado, relativizado, desvalorizado por um crente de verdade!
Os
cristãos devemos respeitar os que pensam diferente de nós. É normal: o mundo
não conhece o Evangelho, não conhece a Deus nem a luz do Seu Cristo. Tantos e
tantos vivem à luz de sua própria escuridão e enxergam a vida com sua própria
cegueira. Mas, nós, nós somos cristãos! Nós vimos a Luz que brilhou em Belém,
nós vimos o Menino com José e Sua Mãe, nós conhecemos o plano de Deus para o
amor humano e para a família!
Caríssimos,
lutemos por nossas famílias! Jovens, preparai-vos com responsabilidade para uma
vida de família! Que a família não nasça das gravidezes precoces, das relações
pecaminosas fora do casamento! Que a família não seja enfraquecida pelo
materialismo que enche a casa de bens e a esvazia de amor, de convivência e de
diálogo. Que os pais não deleguem a estranhos a educação humana e religiosa de
seus filhos! Pais cristãos, que vossos filhos aprendam convosco a rezar e a
viver! Estejamos bem conscientes: não há esperança para o mundo quando se
destrói a família; não há futuro para a Igreja se perde a noção da sacralidade
de nossos lares! É na família que se aprende a rezar, a amar, a dialogar,
perdoar e conviver. É com o leite materno e o abraço paterno que devemos
aprender a santa fé católica que o Senhor nos concedeu.
Voltemos
nosso olhar e nosso coração para a família de Nazaré: pobrezinha, sujeita a
conflitos e crises, feita de lágrimas e alegrias, de convivência e esperanças.
Família de Nazaré, tão igual a nossa, tão diferente da nossa! Santo Carpinteiro
José, velai pelos esposos: que sejam fortes e suaves, que sejam responsáveis e
fiéis, que sejam piedosos e cheios de doçura paterna, que sejam presentes ao
lar e à educação de seus filhos. Santíssima Virgem Maria, olhai para as mães: que
sejam defensoras da vida, que nunca percam de vista a dignidade imensa da
maternidade! Que nem o trabalho nem o sucesso profissional as façam perder de
vista a prioridade e santidade de sua vocação materna e a necessidade de
aquecer o lar e os filhos com seu amor e sua presença. Senhor Jesus, Menino
nascido para ser nossa paz, velai pelos filhos, velai pelas crianças e não
permitais que a vida humana seja assassinada pelo aborto e pelas experiências
sacrílegas com embriões humanos! Que os filhos cresçam como Tu cresceste: no
calor de um pai e de uma mãe, no aconchego de um lar, na piedade da oração
familiar e da simplicidade das lutas de cada dia! E que possamos louvar-Te
eternamente, um dia, com José e Maria de Nazaré. Amém.
O quanto melhor estaríamos se mais bispos, sacerdotes e outras autoridades eclesiásticas seguissem o mesmo exemplo que V. Ex.ª Revma!
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