sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

As Antífonas Ó - Ó Chave de Davi

Ó Chave de Davi,

e Cetro da Casa de Israel,

que abris e ninguém fecha,

fechais e ninguém abre:

vinde e libertai da prisão o cativo

assentado nas trevas e à sombra da morte!


Este título dado ao Cristo que vem é inspirado em Is 22,22s, e refere-se, primeiramente, a Eliaquim, guardião da Casa de Davi: "Porei sobre os seus ombros a chave da Casa de Davi: quando ele abrir, ninguém fechará; quando ele fechar, ninguém abrirá. Cravá-lo-ei como uma cavilha em lugar firme: ele virá a ser um trono de glória para a casa de seu pai".

Jesus nosso Senhor é o verdadeiro Messias, descendente de Davi por excelência, honra da Casa de Davi. Com Ele, o trono da descendência real de Davi estará garantido para sempre, conforme a promessa do Senhor Deus (cf. 2Sm 7). Seu Reino é eterno, sem fim, Seu poder jamais passará, será firme como uma "cavilha em lugar firme".
A imagem de abrir e fechar são termos para indicar o poder de absolver e condenar, realçando a missão de juiz que o Rei-Messias possui: Seu juízo sobre nós e sobre a humana história é definitivo, verdadeiro e sem apelação, pois que é Ele o Senhor da história e a Ele o Pai concedeu todo o poder de julgar. Por isso a súplica final: que Ele nos absolva e nos liberte, a nós, pecadores cativos, sentados à sombra da morte!

A antífona também O chama "Cetro da Casa de Israel". Esta expressão corresponde à realeza do Messias filho de Davi e encontra-se já na antiga profecia que o velho Jacó fez sobre seu filho Judá, do qual surgiu a tribo que deu origem a Casa de Davi: "O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de comando de entre seus pés, até que o tributo lhe seja trazido e que lhe obedeçam os povos" (Gn 49,10). Neste texto impressionante já aparece claro que o Reinado trazido pelo Messias, da tribo de Judá, vai estender-se a todos os povos.

Há um outro texto, ainda mais impressionante, no qual a antífona se inspira. Trata-se do oráculo que Balaão, feiticeiro pagão, pronunciou sobre Israel no século XII aC: "Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem de visão penetrante, oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, daquele que conhece a ciência do Altíssimo. Ele vê aquilo que o Altíssimo faz ver, alcança a resposta divina e os seus olhos se abrem. Eu o vejo - mas não agora, eu o contemplo - mas não de perto: Um Astro procedente de Jacó se torna chefe, um Cetro se levanta, procedente de Israel". (Nm 24,15-17). Esse Cetro que se levanta e domina os povos diz respeito à Casa de Davi, da qual o Messias é a personificação e plenitude! Impressiona como desde as origens o Santo Messias foi preparado! E a antífona reflete esta realidade... Como não recordar as insistentes palavras do Senhor Deus na profecia do Segundo Isaías? “Quem proclamou isto desde os tempos antigos? Quem o anunciou desde há muito tempo? Não fui Eu, o Senhor? Não há outro deus fora de Mim, Deus justo e salvador não existe, a não ser Eu” (Is 45,21). “Sim, Eu sou Deus e não há quem seja igual a Mim. Desde o princípio anunciei o futuro, desde a antiguidade, aquilo que ainda não acontecera. Eu digo: o Meu projeto será realizado, cumprirei aquilo que Me apraz! Eu o disse, Eu o executarei; eu o delineei, Eu o cumprirei. Dai-Me ouvidos, homens de coração empedernido, que estais longe da justiça! A Minha Justiça, Eu a trouxe para perto, ela não está longe; a Minha Salvação não há de tardar!” (Is 46,9-13)



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