Jr 20,10-13
Sl 68
Rm 5,12-15
Mt 10,26-33
O Evangelho que escutamos neste Domingo é parte do
capítulo décimo do Evangelho de São Mateus, que traz o Discurso Apostólico de
Jesus: aí, ele chama os Doze, previne Seus discípulos para as incompreensões e
perseguições que sofrerão, exorta-os a não terem medo de falar, afirma
claramente que Ele mesmo, Cristo, é causa de divisão e, finalmente, renova o
convite para segui-Lo. Então, estejamos atentos, pois o Senhor nos está falando
dos desafios próprios da missão de ser cristão, ontem como hoje!
Claramente, o Senhor nos previne sobre as dificuldades
e perseguições: “Não existe discípulo
superior ao mestre, nem servo superior ao Seu Senhor. Se chamaram Beelzebu ao
chefe da casa, quanto mais chamarão assim seus familiares” (Mt 10,24s).
Estamos vivendo hoje, neste início de terceiro milênio, a verdade dessas
palavras de Jesus!
Basta que recordemos as terríveis censuras à Igreja
por suas posições o campo da moral sexual e da bioética... Num mundo que não
aceita mais Deus e a religião – a não ser no âmbito da vida privada, sem
nenhuma importância para a sociedade -, anunciar o Cristo e Suas exigências
virou um crime insuportável para a sociedade neopagã! Quantos de nós, cristãos
temos medo de dizer claramente a verdade do Evangelho! Quantas vezes nosso
critério de ação é o politicamente correto e não mais a verdade de Cristo! Ai
de nós se buscarmos o aplauso do mundo, a compreensão do mundo, os critérios do
mundo!
Atentos, que a ordem que o Senhor nos dá é clara: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz
do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!”
A Igreja e cada cristão não podemos calar a novidade e
a vida que encontramos em Cristo, não podemos passar por alto as exigências do
amor ao Senhor!
E o sofrimento? E as incompreensões? Fazem parte do
anúncio do Evangelho!
São Paulo claramente afirmava aos Gálatas: “Se eu quisesse agradar agradar aos homens
não seria servo de Cristo” (1,10). Seria trair o nosso Senhor esconder,
mascarar as exigências do Evangelho em nome de um falso diálogo com o mundo, de
uma falsa misericórdia e de uma falsa compreensão do homem de hoje.
Somente Cristo liberta de verdade o ser humano – o
Cristo inteiro, pregado integralmente, com todas as consequências do Seu Evangelho!
Qualquer um que deseje fiel a Deus experimentará a
incompreensão e a solidão. Recordemos, na primeira leitura, a queixa do Profeta
Jeremias, as calúnias por ele sofridas. Ora, a Igreja não pode fugir desse
destino; o cristão – eu, você – não podemos fugir desse compromisso com Cristo!
Aliás, o século XX, há década e meia terminado, foi o
século que mais matou cristãos, que mais os perseguiu e exterminou; e o século
XXI vai caminhando na mesmo trilho. Só que os meios de comunicação e os
governos politicamente corretos mudam e disfarçam a expressão “perseguição
religiosa” com a mentira açucarada chamada “choque de culturas”. Não! É
perseguição por causa do Evangelho, perseguição por amor a Cristo, perseguição
que gera mártires! Também nós, estejamos prontos e nos acostumemos aos ataques
contra a Igreja, que visam desmoralizar o cristianismo: na imprensa, muitas
vezes, nas universidades, na opinião pública em geral...
Como responder a essa dolorosa realidade? Certamente,
com uma atitude de fé, colocando-se nas
mãos do Senhor, como Jesus colocou-Se nas mãos do Pai: “Ó Senhor, que provas o homem justo e vês os sentimentos do coração...
eu Te declarei a minha causa!” Não irá se sustentar na fé quem não cravar
os olhos e o coração no Senhor crucificado por nós, quem não estiver disposto a
participar do mistério de Sua Cruz!
As perseguições de hoje dão-nos a chance de
testemunhar nosso amor ao Senhor e escutar aquelas comoventes palavras Suas aos
discípulos: “Fostes vós que permanecestes
Comigo em todas as Minhas tentações” (Lc 22,31). O que não podemos,
caríssimos, é nos acovardar, negociar com um mundo que refuta Jesus: “Todo aquele que Me negar diante dos homens,
também Eu o negarei diante do Meu Pai que está nos céus!” Também não
podemos pagar o mal com o mal, violência com violência, calúnia com calúnia,
mentira com mentira! Não devemos nunca nos deixar vencer pelo mal: Cristo sofreu por vós, deixando-vos um
exemplo, a fim de que sigais Seus passos. Quando injuriado, não revidava; ao
sofrer, não ameaçava; antes, punha a Sua causa nas mãos Daquele que julga com
justiça” (1Pd 1,21.23). A Igreja – e nós somos Igreja – não deve se calar ante os inimigos do Evangelho! Com
paciência, firmeza, coragem e amor à verdade deve fazer ouvir sua voz, quer
agrada quer desagrade, quer aceitem quer não!
Mas – pode alguém perguntar -, por que essas
dificuldades? Por que a rejeição ao anúncio do Evangelho? Se o Evangelho é o
desejo do mais profundo do coração humano, por que motivo o homem o rejeitaria?
E, no entanto, ainda que dirigido a um mundo fechado
no seu pecado e na sua prepotência, o anúncio de Cristo é anúncio de uma
maravilhosa novidade para a humanidade: se
nos primeiros homens, iniciou-se uma corrente maldita, uma cadeia de
pecado, em Cristo, o novo Adão, iniciou-se a possibilidade de uma humanidade
nova: “A transgressão de um só levou a
multidão humana à morte, mas foi de modo bem superior que a graça de Deus, ou
seja, o dom gratuito concedido através de um só homem, Jesus Cristo, se
derramou em abundância sobre todos”.
Eis! Ainda que incompreendida, o anúncio que a Igreja
faz é de vida e salvação para toda a humanidade! O cristianismo não é negativo,
nunca dirá que o mundo está perdido, que as coisas não têm jeito! É verdade que
o mundo crucificou o Senhor Jesus – e nos crucifica com Ele; mas também é
verdade que o Senhor ressuscitou, venceu para a vida do mundo e estará sempre
presente conosco!
Caríssimos, vivamos com coerência, com coragem, com
amor a nossa fé! Não tenhamos medo, não desanimemos, não vivamos como os que
não conhecem a Cristo! Não nos fechemos em nós mesmos! De esperança em
esperança, vivamos e anunciemos o Senhor, certos de Sua presença e de seu amor.
Ele jamais nos deixará! A Ele a glória para sempre. Amém.
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