Ex
34,4b-6.8-9
Dn 3
2Cor
13,11-13
Jo
3,16-18
Após
termos celebrado o Natal do Senhor, quando contemplamos o amor do Pai, que
enviou Seu Filho ao mundo na potência do Espírito, que tornou fecundo o seio
virginal de Maria Mãe de Deus; após a celebração do santo tempo pascal, quando
fizemos memorial da paixão, morte, sepultura e ressurreição do Senhor, que por
nós ofereceu-Se ao Pai num Espírito eterno; após concluirmos a Santa Páscoa com
a celebração do dom do Espírito em Pentecostes, neste Domingo a Igreja nos faz
proclamar a glória da Trindade Santa, o Deus uno e trino que é amor e deu-Se a
nós e nos salvou por amor! Na Liturgia, no correr do ano, é o Mistério e a
história do nosso Deus conosco que celebramos, contemplamos e experimentamos na
nossa vida!
Mas,
o que nos revela essa história de Deus, do Pai que nos enviou o Filho na força
do Espírito Santo? Revela-nos que o Deus uno e único, o Santo Deus de Israel é,
ao mesmo tempo e de modo misterioso e impenetrável, uma eterna e perfeita
Comunidade de amor!
Ele
é um só! Ele é comunidade de amor! Absolutamente Um e absolutamente comunidade!
Eis
o Mistério que nem mesmo no céu, no face a face do o Deus Triuno, poderemos
esquadrinhar!
Não
é a toa que, na primeira leitura de hoje o Senhor Se revela Se escondendo na
noite e na nuvem: “Ainda era noite... e o
Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés”. Eis! Nosso Deus Se faz
próximo, desce até nós por amor, mas não podemos compreendê-Lo, domá-Lo,
domesticá-Lo! Ele Se revela como amor puro e generoso: Seu Nome é Amor e
Misericórdia: “Senhor, Senhor! Deus
misericordiosos e clemente, paciente, rico em bondade e fiel...”, mas para
experimentá-Lo, para caminhar com Ele, e preciso a atitude de Moisés: “Ele curvou-se até o chão, prostrado por
terra... E disse: ‘Senhor, acolhe-nos como propriedade Tua’”.
Nosso
Deus nos ama, nosso Deus faz-Se próximo, mas jamais será nosso parceiro, nosso
amiguinho, nosso coleguinha, que pode por nós ser subornado e com o qual
podemos negociar! Não! Ele é Deus! O Seu Nome é Eternidade, o Seu Nome é
Infinitude, o Seu Nome é Amor! Ele é Deus!
E,
no entanto, Ele quis caminhar conosco, veio a nós e revelou-Se no Mistério da
Sua intimidade. Que coisa: um Deus que nos procura e quer nos unir a Ele! Como
dizia Santa Teresa: “Juntais aquela que não é com a Plenitude acabada: sem
acabar, acabais; sem ter que amar, amais, e engrandeceis nosso nada!” Ele,
gratuitamente, deu-Se a nós, para nos salvar, fazendo-nos viver com Ele,
participando da Sua vida: por isso o Pai entregou ao mundo o Seu Filho amado:
para viver conosco, sonhar conosco, sofrer e morrer conosco e, assim, dar-nos
Sua vitória e Seu céu: “Deus, o Pai, amou
tanto o mundo, que entregou o Seu Filho unigênito, para que não morra quem Nele
crer, mas tenha a Vida eterna. Pois Deus não enviou o Seu Filho para condenar o
mundo, mas que o mundo seja salvo por Ele”.
No
Filho único, Jesus, o Pai mostrou o Seu rosto, o Pai mostrou Sua bondade, o Pai
mostrou o Seu amor. Jesus mesmo disse: “Quem
Me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma só coisa! (Jo 14,9s).
Mas,
não bastava para Deus viver no nosso meio, entre nós! Ele quis viver em nós,
dentro de nós, sendo mais íntimo de nós que nós mesmos! Por isso, o Filho
Jesus, Deus entre nós, Deus conosco, após Sua morte e ressurreição, deu-nos o
Seu Espírito Santo, que Ele mesmo recebera do Pai: “Porque sois filhos, Deus, o Pai, enviou aos vossos corações o Espírito
do Seu Filho, que clama: Abbá, Pai! (Gl 4,6).
Deus
foi grande para conosco! Foi bom demais! Não só nos revelou coisas, mas
revelou-Se a Si mesmo. Ele, no mais íntimo de Si, sem deixar de ser um só, é
Pai, eterno Amante, é Filho, eterno Amado, é Espírito, eterno Amor! E não
somente revelou-Se a nós como é, mas deu-Se a nós: o Pai, pelo Filho, no
Espírito deu-nos a própria Vida divina! Deus veio a nós, quis fazer história na
nossa história, quis viver a nossa vida para nos elevar à vida dele, vida
feliz, vida plena, vida eterna!
É
nessa fé que vivemos, é na Vida desse Deus uno e trino que fomos batizados.
Aquele amor eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito, é o amor que nos invade e
que devemos viver entre nós! A Trindade não é uma teoria para os doutores em
teologia. Ela é uma realidade concreta que deve invadir a nossa vida e a vida
da Igreja: “Amemo-nos uns aos outros,
pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor!” (1Jo 4,7-8).
Porque somos cristãos, nascidos nas águas batismais, em Nome da Trindade, nossa
vida deve ser vida e comunhão de amor: “a
graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo
estejam com todos vós!” Estas palavras de São Paulo revela o que nós somos,
o que devemos ser, o que devemos testemunhar diante do mundo: uma comunidade
que nasceu do amor, vive no ninho do Deus de amor e caminha para o Deus de
amor. Por isso o Apóstolo recomenda-nos: “Alegrai-vos,
cultivai a concórdia, vivei em paz, saudai-vos com o ósculo santo!”
Caríssimos,
crer e experimentar que Deus é uno e trino é viver no amor que nos faz uma só
coisa no Filho Jesus e nos conserva respeitosos das diferenças e diversidades
entre nós. Uma comunidade que não seja unida e respeitosa das diferenças de
dons, carismas, ministérios e sensibilidades, não é uma comunidade realmente
nascida da Trindade, que vive o Mistério da Trindade e caminha para a Trindade.
Nunca esqueçamos: vimos do Pai pelo Filho no Espírito; caminhamos, peregrinos,
para o Pai, pelo Filho no Espírito. A Trindade é nosso berço, nosso ninho e
nosso destino. Contemplá-La e adorá-La é viver o amor. Como dizia Santo
Agostinho: viste o amor, viste a Trindade. “Bendito
seja Deus Pai, bendito seja o Filho unigênito, bendito seja o Espírito Santo!
Deus foi misericordioso para conosco!” A Ele, Trindade santa, indivisa e
consubstancial, a glória pelos séculos. Amém.
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