Quinta-feira da II semana da Quaresma
Meditação XIII: Ser rico para Deus e para os outros
Reze o Salmo 119/118,97-104
Como lectio divina, releia o capítulo 4 de Tobias. Vale a pena!
1. Agora, vamos meditar sobre os vv. 14-17. Releia estes preciosos conselhos: a retidão e justiça em relação aos que dependem de nós economicamente, nunca os explorando, nunca atrasando o seu salário, a delicadeza e respeito no trato com os demais, a caridade para com os vivos, pelas esmolas, e para com os mortos, pela oração por eles (cf. 2Mc 12,43-45; 1Cor 15,29). Todos estes conselhos revelam como já no Antigo Testamento era impossível a fidelidade ao Senhor Deus sem a retidão e o amor no trato com o próximo. Sobre isto, leia Lv 19,1s.9-18.32-37. Nosso Senhor Jesus Cristo retoma este espírito e o alarga: no novo Testamento, o próximo já não é somente aquele que pertence ao Povo santo, mas todo aquele que está ao nosso lado e necessita da nossa ajuda. Basta recordar a parábola do bom samaritano, um “herege” que socorre um judeu! Leia os seguintes textos, que ecoam muito bem os conselhos de Tobit ao seu filho: Rm 12,14-21; 13,1-10; 1Tm 6,17-19; Hb 13,1-6.
2. O cristão deve sempre examinar-se com seriedade quanto ao modo como leva adiante sua vida econômica, sua relação com o dinheiro e o seu respeito pelos direitos dos demais. Não é possível ser cristão como se o dinheiro não existisse e usar o dinheiro como se não se tivesse fé em Cristo! A nossa fé, o nosso amor e compromisso em relação ao Senhor Jesus devem iluminar e regular nossa atitude em relação ao dinheiro! Aqui, não se trata de abraçar alguma ideologia, mas de advertir para aquelas realidades sobre as quais as Escrituras Santas e o próprio Cristo nosso Deus nos advertem seriamente. Eis algumas delas:
(a) Os bens deste mundo, sejam materiais ou não, são ambíguos e perigosos, porque, pela nossa fraqueza, tendem a tomar o lugar de Deus no nosso coração, tornando-se absolutos, verdadeiros ídolos! Por isso Jesus nosso Senhor chama qualquer bem ou talento que tenhamos de “dinheiro iníquo”, porque tende a escravizar o nosso coração. Nós devemos utilizar nossos bens e talentos para saber fazer o bem, conquistando amigos que darão um bom testemunho diante do Pai que está nos Céus! Leia Ef 5,5; Lc 16,9-15; At 5,1-11.
(b) Muitos dos grandes do mundo são de tal modo escravizados por esses bens materiais ou não (dinheiro, propriedades, sucesso, fama, poder etc), que se tornam soberbos, autossuficientes, insensíveis, opressores e ímpios, julgando-se verdadeiros ídolos, de modo ridículo e enganador. Leia Tg 4,13 – 5,5; Lc 6,24-26.
(c) Quem se enche de bens deste mundo e a eles se apega, impede que Deus e o Seu Reino bendito e eterno encontrem espaço no seu coração e na sua vida. Ora, não entrará no Reino eternamente quem não permitir que o Reino entre em si neste mundo. Leia Mt 6,19-21.24-34.
(d) O único modo de vencer esta tremenda tentação e este real perigo para quem possui bens, materiais ou não, (1) é a oração contínua, que nos coloca diante de Deus e nos faz perceber que somos nada e passamos, (2) uma vida austera, sem excessos de diversões e gastos desnecessários, (3) o cuidado real e constante em destinar seus talentos e bens não só para si, mas também para a edificação e promoção dos demais. Pense, por exemplo, num empresário que procura investir seu dinheiro, gerando empregos e tratando com respeito e justiça seus empregados; imagine alguém que tenha um grande talento e faça sucesso e use isto para promover outras pessoas de todos os modos que puder; considere um político que use o poder que adquiriu para abrir portas a quem dele precise e promover políticas que sustentem e promovam os mais frágeis e pobres da sociedade... Leia Mt 25,14-30; Eclo 3,30/33 – 4,10/11
3. Agora, pensando em todos estes elementos e exortações da santa Palavra de Deus, faça um exame de consciência sobre o uso dos bens e talentos que o Senhor Deus lhe concedeu. Como você os vive e utiliza? Você é rico somente para si ou o é também para Deus e os outros? (cf. Lc 12,21.33s)
4. Leia Is 1,2-4. 21-28; 3,16-24. Reze novamente o Sl 112/111
Dai nós Senhor um coração reto na caridade. Muitas das vezes me pergunto se estou de fato tendo caridade com meu irmão. Me ajude ó Senhor!
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